Do enviado a Miami, sem gravata amarela
O cucaracha é, antes de tudo, um nababesco. Ao menos os cucarachas que desembarcam nesta grande Itanhaém dos novos ricos latinos que é Miami. Devo registrar que a maioria gosta de ostentar, mas não a maioria absoluta, o que é sempre um alento. Mas eu só quero falar da parte ruim, que é o que dá ibope nessa vida, conforme nos atestaria a Folha de S. Paulo.
A maneira mais comum de ostentação são os automóveis (digo automóveis e já vejo algum chato erguer o dedinho pra mim e dizer que só os velhos chamam carros de automóveis, no que respondo prontamente que gosto de esgotar os sinônimos). Repare: não é tão fácil mostrar pras pessoas que você está usando uma roupa espetacularmente cara. Só algumas dondocas com MBA em peruagem nas ruas de Miami conseguem tal feito com profissionalismo. Relógios, bolsas e correntinhas, menos ainda, e a melancia no pescoço só será chique no dia em que a cotação da melancia for relevante. Logo, sobram os carros (ainda mais porque os homens também ostentam muito).
Outro fator primordial para isso: as ruas de Miami são tranqüilas, as zonas residenciais são deliciosamente arborizadas e o clima é chamativo pra se ficar na rua. No entanto, como na maior parte dos States (dizem), não se encontra absolutamente ninguém nas vias em hora alguma do dia. Resolvi caminhar uma noite dessas. Luar enorme, sem vento, tudo perfeito. Na falta do que fazer, e abismado com a falta do povo nas ruas, resolvi contar quantas pessoas eu encontrava. Resultado: três horas de caminhada, 17 pessoas vistas em plena véspera de feriado, entre 7 e 10 da noite.
Além da febre consumista, ajuda muito o fato de que há pouquíssimas linhas de ônibus, e só há uma linha de trem que deve ser e metade do metrô do Rio de Janeiro, se tanto. Logo, toda família que tem, por exemplo, cinco adultos, tem cinco carros na garagem. Ninguém vai a pé na padoca da esquina. Ou vai de carro ou pede em domicílio.
Pois no país do carrocentrismo, o grande assunto da imprensa nos jornais e nas TV´s não é a eleição presidencial entre o Valdir McCain Espinoza e o Dadá Obama Maravilha, e sim o preço recorde da gasolina: entre 4 e 5 dólares o galão (tudo nos States é em galão, até o iogurte no mercado). Não se fala de outra coisa. Nos programas de debates, a tônica sempre é o que fazer para baixar o preço da gasolina ou desenvolver um outro tipo de motor que faça andar esses carros enormes e beberrões. Eu vi uns três programas que debatiam o assunto: em apenas um uma telespectadora sugeriu que se investisse e se incentivasse as pessoas a usarem o transporte coletivo. Quem respondeu a ela foi o secretário do companheiro Jorge WC Bush para essas coisas, um xicano chamado Carlos Gutierrez. A resposta foi de babar na gravata: “É, esta é mais uma boa sugestão popular, mas eu quero ressaltar que o que vai fazer diferença é o Congresso aprovar a extração de petróleo dentro de nosso país, o que deixaria a gasolina mais barata”. Ele dizia sobre um estado específico, mas eu esqueci qual é – este blog não exerce o jornalismo.
Enquanto isso, essa rapaziada segue nos braços de nababo a comprar essas caminhonetes gigantes, algumas com o dobro de tamanho das que vemos no Brasil. Hummer, aquele jipão desengonçado que era do Exército na Guerra do Golfo e que agora é carro civil, tem um em cada esquina. Isso me lembra uma charge do Ziraldo ou do Jaguar, na saudosa revista Bundas: um cara parava sua caminhonete gigantesca do lado de um menino, que pra ele dizia: “Po, moço, ainda acho que o velho truque do lenço dentro da calça surtiria o mesmo efeito, e ainda é muito mais barato...”
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Há 5 semanas
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