quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O ANO DA BOLÍVIA NO BRASIL

Provavelmente a última vez em que a Bolívia esteve tanto em voga na mídia quanto nesta quarta-feira foi quando o General Lino Oviedo se suicidou no Palácio da La Moneda em 11 de setembro de 1973 - aniversário hoje! -, e é claro que eu comecei este post com uma saladização histórica latino-america, só pelo prazer da bazófia. Mas veja só: no fim da última noite, todos os portais de internet davam manchetes bolivianas. Havia mais a palavra "Bolívia" no capa do UOL desta quarta que tucano apunhalando o Alckmin nas costas nestas eleições paulistanas.

Primeiro, o presidente Evo Morales tá saindo na mão com a rapeize de Santa Cruz de la Sierra. Parece que os mano lá das quebrada de Santa Cruz explodiram um botijão de gás na fronteira com a Argentina em retaliação. Depois, o mesmo Morales - que, registra-se, usa a peruca do Zacarias - expulsou o embaixador americano porque esse aí, a cada declaração de Evo contra os mano de Santa Cruz, ficava botando pilha na treta utilizando-se de frases como "Ô loooooooco... vão deixar esse indião aí zoar os cara desse jeito? Vai lá e depõe o cara, mano...".

Como se não bastasse, no fim da noite, a seleção boliviana de futebol, composta por 11 sósias do Evo Morales, veio ao Brasil e empatou com a antipática seleção do Dunga com um jogador a menos num estádio vazio - é a primeira vez que vi a seleção jogando em estádio vazio.

E digo mais: a Bolívia só não venceu os anões de Dunga porque os meias de ligação são de La Paz e se recusaram a passar a bola para os atacantes, que são de Santa Cruz. Ficaram de fazer um referendo para definir o esquema tático durante a partida, mas o jogo acabou antes da votação.

Falando em futebol, parece que a política está para os bolivianos assim como o ludopédio está para os brasileiros. Passando Corumbá, até as lhamas cospem umas nas outras por conta de referendos, constituições, autonomias e outros assuntos que nos deixariam impetuosamente babando na gravata.

Então tem-se um quadro paradoxalmente convergente:

Os bolivianos discutem tanto a política que estão sempre brigando e nunca chegam a lugar nenhum.

Os brasileiros falam tão pouco de política que ninguém está aí para nada e, conseqüentemente, estamos sempre na merda.

Acontece que o Brasil é maior e sempre tem uma camada pré-sal (a palavra da moda) para tirar do bolso do colete, o que faz de nós mais ricos do que eles. Então os bolivianos acabam migrando para cá e cada vez mais ocupam os prédios e escolas do centro de São Paulo (o que é bom, porque ninguém mais faz isso).

Outro dia encontrei um na Alameda Eduardo Prado usando um poncho típico. Rapaz, sem qualquer ironia, eu achei o máximo.

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