É estranho mas, quando doente - e, por consegüinte, entupido de remédios - urino em uma cor mais psicodélica que todo o David Bowie em 1972. E, falando em urina, queria falar sobre o Arnaldo Jabor.
Houve um tempo em que todas as colunas do Arnaldo Jabor no Estadão continham alguma pitada de sexo. Era uma ejaculaçãozinha aqui, um gozo ali, um prazer carnal encrustado nalguma frase sobre... o Congresso Nacional. Nada contra sexo, muito pelo contrário, ainda mais quando este vem nas páginas do Estadão - fico imaginando o Doutor Ruy a abrir o Caderno 2 e enrubecer por tamanha ousadia em seu próprio jornal. Na verdade o sexo ali é a parte boa, a parte ruim é que o ato vem acompanhado do Arnaldo Jabor.
Não sei se fui claro. Veja bem, há certas partes (o livro todo, na verdade) de Amor ao Natural, do Carlos Drummond, em que o leitor é tomado de um estupor hormonal sem par nestas matas. A Pfeizer poderia pintá-lo de azul e vendê-lo na forma de pílulas. Agora, quando você abre o jornal numa terça-feira pela manhã e dá de cara com o Krust do Jornal Nacional com arroubos de Lord Byron, a construção imagética tende a ser a pior possível.
Por exemplo: minha mente é varrida com a imagem de Arnaldo Jabor prestando uma homenagem a Deusa Onã em um banheiro minúsculo, fétido. Ele abaixa os suspensórios, afrouxa a gravata borboleta (imagino todo sujeito por quem nutro algum desprezo sempre de gravatas borboletas e suspensórios, como um Nhonho), bota pra fora sua parafernália sexual e trata de descabelar o palhaço. Uma gota de suor escorre-lhe pela testa. Suas axilas encharcam. E, perto do ato final, com o olhar sintilante, ele diz, sonhando: "Me beija, FHC".
Falei no Arnaldo Jabor mas era da Veja que queria falar - e que me perdoe o fino leitor, pois este é um post todo voltado para a escatologia. A edição desta semana da revista mais significativa do mundo desde que Joseph McCarthy deixou de emitir boletins com sua opinião tripudia sobre a morte de Che Guevara - eu poderia colocar o link para a reportagem aqui, mas não vou dar alguns cliques de lambuja para a revista. A reportagem toda já soa absurda - como é praxe na Veja, aliás - mas desta vez os editores e repórteres desceram ao esgoto. A revista conta que Che Guevara, diferente da imagem que passava, foi preso abatido e maltrapilho, tentou negociar sua vida com os algozes e - o filé mignon do texto - tripudia sobre o comportamento dele quando preso e torturado, subentendendo-o como covarde.
Veja bem, não sou do time que compra camisas com a cara do Che Guevara no shopping. Mas a bile correu solta. Fosse Che Guevara ou Adolf Hitler, é de uma imoralidade tacanha debochar de quem é vítima de tortura. Imagine se um estudante da Fefelete (desses com a camisa do Che Guevara, cabelo comprido e com um O Capital debaixo do braço) pegasse um editor da Veja e o pendurasse num pau-de-arara - imagino que muitos deles sonham em fazer isso. Então está lá o Eurípedes Alcântara de cabeça para baixo e bunda ao léu. Imagine também que o cabeludo da Fefelete cola um eletrodo no pipi do diretor de redação diretamente na bateria da Veraneio, que está ligada do lado de fora. Como será que o Vejudo reagiria? Opções: 1) Gritaria, tal qual um William Wallace da ultra-direta: "Perco o pinto para entrar na História!", ou 2) Imploraria chorando por sua vida, dizendo que faria qualquer coisa para pararem com aquilo.
Sim, é claro que existe uma diferença transcendental entre Che Guevara e Eurípedes Alcântara - o primeiro é, concorde ou não com ele, o símbolo de uma geração e de uma luta. O segundo é um cidadão comum que dirige uma publicação tão ruim que, imagino, até os cachorros dos assinantes evitam buscá-la no quintal no sábado à tarde. Mas é exatamente aí que eu queria chegar: sob tortura, não existem ídolos, não existem heróis. Mesmo que se delate até a própria mãe, ninguém é capaz mesurar a dor de quem é torturado.
Todo mundo sabe que o bom senso não é praxe na Veja. A revista hoje é referência menos por seu jornalismo que por seus descaminhos ideológicos. Mas a questão já está mais para a psiquiatria que para a ideologia.
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Há 5 semanas
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