
Recebi uma carta acalourada na redação de SorryPeriferia. A remetente é a leitora e fã Henriqueta Corazza, que disse o seguinte:
Voluptuoso Vives,
tenho tido sonhos eróticos com sua pessoa. Admiro-te incondicionalmente. Imagino todos os dias essas tuas mãos, com essa tez semi-albina, a acariciar minha pele; sonho com o calor compartilhado por nossos corpos, um doce frenesí ao imaginar o contato de tua barriga de cerveja junto da minha. Muito poderia dizer sobre a tua beleza, a tua sapiência, a tua virilidade. Mas o que mais lhe admiro é, sem dúvida, a tua insofismável modéstia.
Baseado em tudo isso, pergunto-lhe: anistiar ou não anistiar José Dirceu?
Daquela te cobiça,
Henriquetinha C.
OBS: Em anexo, uma foto com meu robe de chambre favorito. Deleite-se.
Respondo para a simpaticíssima correspondência.
Cara Henriqueta, o negócio é o seguinte: independente de gostar ou não do ex-Sr. Richfield do Planalto, tem-se um quadro jurídico peculiar. O ex-deputado e ex-gordo Roberto Jefferson foi cassado por falta de decoro que, neste caso, significou acusar a existência de um esquema denominado Mensalão sem ter conseguido prová-lo.
José Dirceu, por sua vez, teve o mandato cassado por comandar o tal esquema do Mensalão que, veja bem, não foi provado que existiu, tanto que o ex-gordo e ex-deputado foi cassado por acusação sem provas.
Aqui vale um adendo: pouca gente, tanto da direita quanto da esquerda, acredita que o tal Mensalão não tenha existido. Só que, sem provas, ninguém brinca de mocinho ou bandido. Então dá-se o seguinte: se Dirceu nunca organizou Mensalão algum, foi condenado injustamente e fim de papo. Mas se Dirceu tem culpa no cartório, tornou-se um mártir por conta da cassação injusta, tal qual um Saddam Hussein.
A conclusão é que a cassação de José Dirceu foi uma aberração jurídica, possivelmente o maior absurdo da história do Congresso Nacional na Nova República, depois, é claro, do escândalo de compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, há dez anos.
Independente de gostar ou não de Dirceu - tenho uma relação dúbia quanto a isso - o fato é que a anistia é necessária, já que a cassação foi, de longe, injusta. Me pego no direito de citar Kierkegaard para encerrar a questão: "Batuque na cozinha sinhá não quer, por causa do batuque eu queimei meu pé".
Sem mais,
Vives.
OBS: Cara Henriqueta: este decote primoroso formado pelas linhas do robe de chambre me causaram um estupor hormonal sem par nestas matas. Tens a minha simpatia que, como se diz, é quase amor.
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