terça-feira, 21 de novembro de 2006

CINCO FILMES NACIONAIS

Chico Diaz, o Wellington Kannibal de Amarelo Manga

5 - CIDADE DE DEUS (Fernando Meirelles, 2002) - Nada como ir ao Espaço Unibanco e descobrir que os pobres existem. Gonçalves Dias escreveu que nossos bosques têm mais vida e nossas vidas mais amores porque não viu as cáries do Zé Pequeno. Moral para o tucano dos Jardins: "Não nasça preto. Se nascer, não nasça pobre. Se nascer preto e pobre, não diga que me conhece". Todo o resto você já sabe porque já assistiu. Destaque para a trilha que ressuscita Cartola com Preciso me encontrar.



4 - O PAGADOR DE PROMESSAS (Anselmo Duarte, 1962) - A sociedade do espetáculo através da notícia, ou tudo aquilo que o Guy Debord gostaria de dizer se não fosse tão chato. Além disso, apresenta três morais: 1) Não seja católico, 2) Não dê entrevistas e: 3) Nasça rico e compre uma F-1000 ao invés de um burro. Destaque para a riqueza de detalhes que se enlaçam ao enredo principal e que em muito contribuem ao final apoteótico.



3 - AMARELO MANGA (Claudio Assis, 2003) - O ser humano é estômago e sexo. E talvez Nietzsche tivesse razão, embora ele não fosse bom de garfo nem comesse ninguém, paradoxo que possivelmente explica a inviabilidade de tudo que está entre o Genesis e o Apocalipse. Matheus Nachtergaele, Chico Diaz e Jonas Bloch causam pesadelos existenciais; Dira Paes, sonhos eróticos.



2 - QUASE DOIS IRMÃOS (Lúcia Murat, 2005) - O Brasil que ia dar certo e que não deu. 506 anos de História em menos de duas horas. Um petardo na cabeça que causa um coma moral por semanas, meses. Deveria ser obrigatório nas escolas. Tão triste quanto saber que Caco Ciocler, depois deste papel, fez Olga e outros lamentáveis papéis sofríveis em novelas do Manoel Carlos. Destaque para a trilha composta por Naná Vasconcelos.



1 - O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS (Cao Hamburguer, 2006) - Já virou clichê dizer isso, mas é verdade: o mais argentino dos filmes brasileiros. O mundo de uma criança pode e costuma ser rico, o que só efetivamente vem à tona no cinema se ilustrado também de forma rica. Ao mesmo tempo, mostra o Brasil que deu certo (as pessoas) e o Brasil que não deu certo (as pessoas que mandam no país). Como fio da meada, o futebol. Um filme que felizmente gruda em quem o assiste.

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