
A lábia do senador Cristovam Buarque (PDT) não é de se jogar fora, o que não quer dizer que ele consiga sair de seu mísero ponto nas pesquisas. Aliás, a pontuação dele nos ibopes da vida parece ser diretamente proporcional a sua capacidade de argumentação: Cristovam começou a campanha com 2% e, depois de dois meses de disse-me-disse no rádio, na TV e em todo lugar, caiu para um ponto. Pra quem só tem um projeto para a presidência - o de educação - tal pontuação não é rasa e não é funda, é apenas a parte que parece lhe caber deste latifúndio eleitoral.
Cristovam tem um projeto de educação que, de fato, provavelmente ninguém tenha similar no país. Lembro que tomei contato com os projetos educacionais dele em uma entrevista que deu para a Revista Bundas lá se vão seis, sete anos. Eu, moleque de 18, 19 anos prestes a prestar vestibular e que vinha de uma escola pública que me obrigou a passar de ano, achei aquele careca de Brasília políticamente maneirão - porque fisicamente ele não faz o meu tipo, como todos os outros homens, aliás. O problema é que, com o passar do tempo, minhas sinapses se ocuparam de outras coisas que o projeto educacional de um senador do Distrito Federal, de modo que não me lembro dos argumentos que achei sensacional à época. Tinha algo a ver com a padronização do ensino no âmbito federal: Cristovam dizia que, se um banco estatal como o Banco do Brasil pode ter o mesmo atendimento em São Paulo e no Piauí, uma escola também poderia.
O problema de Cristovam Buarque surge em todas as outras áreas: ele não tem projeto pra mais nada. Perguntaram para ele certa vez sobre suas intenções para melhorar o turismo no nordeste do país, e ele: "Precisamos elevar o nível educacional dos guias turísticos para atender os turistas melhor". Talvez algum desejo reprimido por alguma professora do ginásio explique a tara do pedetista - mas que fique claro, seria bom se outros políticos tivessem tal tara.
A política econômica dos sonhos de Cristovam Buarque é de tirar a fome de um etíope: ele já disse mais de uma vez que ama de paixão o Pedro Malan, ex-ministro da Economia de FH e office-boy dos grandes bancos, chegando a declarar, nos tempos de presidência tucana, que, se eleito em 2002, Lula deveria manter a equipe econômica anterior - aquela uma que atolou o Brasil numa baita crise de populismo cambial às vésperas das eleições de 98, paralisando o país por quatro ou cinco anos.
Logo, apesar de conseguir certa fama de bonzinho, Cristovam Buarque não é exatamente flor passível de uma fungadinha. E a insistência monotemática na educação e a pouca atenção destinada a ele pelos adversários me faz lembrar daquela música do Queen, Bohemina Rapsody, cuja uma passagem dá título a este post. Any way the wind blows.
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