sábado, 30 de setembro de 2006

DOSSIÊ GERALDO ALCKMIN: SEJA MODESTO QUANTO A SUA FALTA DE TALENTO

A melhor definição de Geraldo Alckmin veio até agora do vice de Heloísa Helena, César Benjamim. Quando a ele perguntaram se o PSOL teria problemas para mostrar um programa político em um minuto e quinze segundos na TV, Benjamim saiu-se com esta: "Problema mesmo tem o PSDB, que tem dez minutos para falar do Alckmin". 

Conversando às três da manhã na Augusta com o amigo homossexual Maurício Sudorese, entre uma péssima trouxinha de presunto e queijo do BH e outra, falávamos que Alckmin é um personagem que não chega aos pés de José Serra, muito mais profundo dentro do contexto tucano. Acontece que Serra é bem menos personagem que Lula, então imagine que a defesagem do Picolé de Chuchu para Lula é a mesma que separa Churchill do Tony Blair - e não estou comparando Lula com Churchill, por obséquio. 

Mas a falta de carisma do presidenciável tucano, como diria Mino Carta, é de conhecimento até do mundo mineral. Então falemos de assuntos mais delicados. 

Primeiro, o governo Lula submergiu em corrupção, isso é fato. Mas nada que não ocorresse nos anos anteriores de realeza tucana. Houve o mensalão petista, falha obtusa que causou comoção quase sexual no PSDB e no PFL. Só que os tucanos se esquecem que, para a reeleição do Efe Agá ser aprovada, em 1997, uma baciada de deputados e senadores receberam bufunfa governamental por baixo do pano, na ordem das 200 mil pilas por cabeça. 

Pouca coisa na história recente do Brasil - talvez nada - tenha sido tão corrupta como o primeiro governo tucano, de 95 a 98. As privatizações, por exemplo. Se quer privatizar uma empresa, que sejam as sucateadas que não dão lucro. Mas a gestão peessedebista vendia as que davam lucro e, pior, reformavam as sucateadas para vendê-las a grupos de empresários que, na maioria das vezes, tinham ligações excessivamente tênues com a cúpula governista. Em outras palavras: você investe dinheiro em uma empresa e depois a vende aos amigos, quando na verdade você deveria vender as empresas para que os novos donos fizessem os investimentos necessários, formando um novo e deturpado conceito de privatização pelo PSDB. 

Alckmin gosta de repetir que o Brasil precisa de um banho de ética e competência administrativa, um troço assim. Mas não parece lá muito ético embargar 69 pedidos de CPI pela bancada governista na Assembléia Legislativa de São Paulo durante sua gestão. Tampouco me parece administrativamente competente obrigar alunos da rede estadual a passarem de ano - um aluno repetente custa caro ao Estado -, assim como não foi muito feliz a gestão do Secretário de Segurança Saulo de Castro Abreu, que tomou um olé do PCC neste período. 

Além de tudo, vale lembrar que, pior que um tucano, só um tucano membro da Opus Dei, como Alckmin. Aliás, as reuniões da Opus Dei de Pindamonhangaba devem ser qualquer coisa de alucinógenas. 

Certa vez ouvi Geraldo, como gosta de ser chamado, dizer que falta a Lula sensibilidade administrativa. Talvez seja verdade. Mas para o tucano, que não tem carisma e não tem moral, é mais que isso: falta sensibilidade humana. Coisa que montar em jegue no Nordeste jamais vai resolver.

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

OSSIÊ CRISTOVAM BUARQUE: I´M JUST A POOR BOY, NOBODY LOVES ME

A lábia do senador Cristovam Buarque (PDT) não é de se jogar fora, o que não quer dizer que ele consiga sair de seu mísero ponto nas pesquisas. Aliás, a pontuação dele nos ibopes da vida parece ser diretamente proporcional a sua capacidade de argumentação: Cristovam começou a campanha com 2% e, depois de dois meses de disse-me-disse no rádio, na TV e em todo lugar, caiu para um ponto. Pra quem só tem um projeto para a presidência - o de educação - tal pontuação não é rasa e não é funda, é apenas a parte que parece lhe caber deste latifúndio eleitoral. 

Cristovam tem um projeto de educação que, de fato, provavelmente ninguém tenha similar no país. Lembro que tomei contato com os projetos educacionais dele em uma entrevista que deu para a Revista Bundas lá se vão seis, sete anos. Eu, moleque de 18, 19 anos prestes a prestar vestibular e que vinha de uma escola pública que me obrigou a passar de ano, achei aquele careca de Brasília políticamente maneirão - porque fisicamente ele não faz o meu tipo, como todos os outros homens, aliás. O problema é que, com o passar do tempo, minhas sinapses se ocuparam de outras coisas que o projeto educacional de um senador do Distrito Federal, de modo que não me lembro dos argumentos que achei sensacional à época. Tinha algo a ver com a padronização do ensino no âmbito federal: Cristovam dizia que, se um banco estatal como o Banco do Brasil pode ter o mesmo atendimento em São Paulo e no Piauí, uma escola também poderia. 

O problema de Cristovam Buarque surge em todas as outras áreas: ele não tem projeto pra mais nada. Perguntaram para ele certa vez sobre suas intenções para melhorar o turismo no nordeste do país, e ele: "Precisamos elevar o nível educacional dos guias turísticos para atender os turistas melhor". Talvez algum desejo reprimido por alguma professora do ginásio explique a tara do pedetista - mas que fique claro, seria bom se outros políticos tivessem tal tara. 

A política econômica dos sonhos de Cristovam Buarque é de tirar a fome de um etíope: ele já disse mais de uma vez que ama de paixão o Pedro Malan, ex-ministro da Economia de FH e office-boy dos grandes bancos, chegando a declarar, nos tempos de presidência tucana, que, se eleito em 2002, Lula deveria manter a equipe econômica anterior - aquela uma que atolou o Brasil numa baita crise de populismo cambial às vésperas das eleições de 98, paralisando o país por quatro ou cinco anos. 

Logo, apesar de conseguir certa fama de bonzinho, Cristovam Buarque não é exatamente flor passível de uma fungadinha. E a insistência monotemática na educação e a pouca atenção destinada a ele pelos adversários me faz lembrar daquela música do Queen, Bohemina Rapsody, cuja uma passagem dá título a este post. Any way the wind blows.

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

DOSSIÊ HELOÍSA HELENA: A HIPÓTESE DE, ESTANDO NO INFERNO, ABRAÇAR O CAPETA

Mistura de Garoto Enxaqueca com Beth a Feia, Heloísa Helena construiu a carreira política na base do corpo-a-corpo com as camadas mais marginalizadas da população, o que é bom, e na base de frases feitas, o que é ruim. Sempre se disse a favor do calote da dívida externa, da queda acentuada dos juros e da reforma agrária ampla, que são propostas da esquerda clássica, mas também adora uma conversinha de tiazona católica papa-missa, que não poucas vezes ultrapassa o limite do conservadorismo joãopaulosegúndico. Não pode ouvir falar em aborto, por exemplo, proposta básica das feministas que normalmente simpatizam com a esquerda. Quando candidata à prefeitura de Maceió em 1996, tentou processar a candidata rival, Kátia Born (PSB), por "conduta sexual inadequada" - reza a lenda que Kátia gosta que a chamem de Vantuir. Naturalmente, a processada foi a própria Heloísa Helena, que também tomou nabo no pleito - no bom sentido, é claro. 

Mino Carta define a candidata do PSOL como udenista. Faz sentido. Quando da cassação de José Dirceu no ano passado, um avalanche de discursos moralistas da oposição invadiu o Congresso, geralmente vindos do PSDB e do PFL. Mas entre estes estava a senadora HH. Não digo que Dirceu seja inocente, mas não havia meia prova contra ele para que fosse cassado, apenas a suspeita. Foi uma cassação política, caça às bruxas, um vexame republicano. O discurso de Helena pedindo a cabeça do petista foi digno de um Carlos Lacerda, de mera promoção política, quando um sujeito sensato votaria contra a cassação por falta de provas. 

Enfim, falta a Heloísa Helena profundidade e escrúpulos - eu ia dizer que falta estrógeno, mas isso seria maldade e portanto não vou fazer. A favor dela, é bom dizer que há gente boa no PSOL, e que o voto nela seria ao menos um sinal de protesto. Ou, como diz aquele sambão do Nelson Sargento: "Nosso amor é tão bonito, você finge que me ama, eu finjo que acredito".

DOSSIÊ SORRYPERIFERIA DE PRESIDENCIÁVEIS

                                        José Serra: "Meus assessores lêem SorryPeriferia" 

Há coisas realmente inesquecíveis em uma campanha eleitoral, e não é do rabo de cavalo do Osmar Lins "Peroba Neles" que estou falando. Veja, por exemplo, a sabatina que a Folha de S. Paulo - eleito o melhor jornal do mundo por uma convenção de marmotas com retardo mental do Vale do Jequitinhonha - realiza todo pleito (que palavra feia essa, pleito). O negócio tem lá o seu glamour, pois a tal sabatina nunca está solitária nas linhas do jornal - sempre conta com a companhia de ao menos um adjetivo pomposo como na expressão "a já tradicional sabatina de presidenciáveis", usada a torto e nunca a direito. 

Embora queira também dizer "debate", sabatina é uma palavra que costuma delegar algum poder a uma das partes envolvidas. Por exemplo: uma professora sabatina o aluno, o mestre o pupilo, o chefe os empregados. Mas a soberba folhuda é tão magnânima que o jornalão se dá ao luxo de sabatinar os candidatos à presidência da República, como se ela fosse, assim, porta-voz da sabedoria, senhora de todos os segredos do jornalismo, a Mister M da nação - a sabatina folhuda é nada mais que uma entrevista coletiva com o candidato realizada por jornalistas da casa. 

Como SorryPeriferia é um blog a serviço do Brasil, também ousa fazer coisa parecida com os quatro principais candidatos pleiteantes a sentar no trono do Planalto e na privada do Palácio do Alvorada. Não uma sabatina, já que o editor dele não é mãe de candidato, mas uma espécie de, aproveitando o gancho de momento, dossiê da candidatura de cada um. 

As Eleições 2006 prometiam ser as mais chatas desde que houve disputa pra eleger o síndico da primeira caverna coletiva de cro-magnons. Mas a tal compra do dossiê que não provou nem que José Serra é careca deu certa malemolência tropical à disputa, que andava em ritmo de Corcel 73 na Bandeirantes. 

Amanhã, neste espaço, um perfil de Heloísa Helena, a maior defensora de frascos e comprimidos da eleição. Nos dias seguintes, Cristovam, Alckmin e Lula, na ordem que me der na telha. 

SorryPeriferia: não dá para não ler. E você nem precisa da senha do UOL para isso.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

HOMEM É HOMEM, MENINO É MENINO, MACACO É MACACO E VIADO É VIADO

"(...) As afirmações de Freud escandalizavam cada vez mais o meio médico vienense e foram a razão por que vários de seus colegas abandonaram a Associação Internacional de Psicanálise. O principal motivo do escândalo era o modo desenvolto como Freud divulgava seu pensamento ainda mal acabado sobre o problema sexual das crianças, que ele afirmava serem sujeitas a desejo sexual e que o objeto desse desejo freqüentemente eram os próprios pais. Além do complexo de Édipo, em que o filho deseja sexualmente a mãe (na tragédia grega desse nome, Édipo se casa com sua mãe, sem o saber), Freud admitiu também o Complexo de Eletra, como a inveja que a menina tem do pênis do menino, e chamou a criança de um "perverso polimorfo". Distinguiu na sexualidade três fases pelas quais passa o seu desenvolvimento: as fases oral, anal, genital, que normalmente se sucedem nessa ordem, mas com casos de regressão e fixação. Sua reputação sofreu ainda mais quando publicou em "Fragmentos da análise de um caso de histeria", as perversões sexuais de uma jovem cliente, - na ficha médica "Dora" -, sem a sua permissão". 

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

SONHOS

SONHOS 

Isto deveria virar uma seção fixa deste hebdomadário virtual. 

1. Sonhei que andava por um pântano desconhecido quando uma mosca branca gigante, do tamanho da palma da minha mão, horrenda, passou a zumbizar em meu ouvido. Dei-lhe umas traulitadas nos cornos e uma voz ou algo do gênero veio me dizer que eu tinha acabado de matar o deus das moscas, e que isso acarretaria mudanças profundas. Fiquei assustado, achando que todos os mosquitos do mundo iriam tentar se vingar de mim, e uma sobrancelha se levantou em preocupação. Imagine, nunca mais uma noite de sono bem dormida, logo eu que durmo 12 horas e reclamo porque preciso de mais. O fato é que as moscas na verdade tinham uma semelhança profunda com o candomblé e outra religiões africanas: ao invés de tentar a vingança, elas passaram a me adorar como o novo deus delas. A esquete sonífera termina comigo andando rápido tentando me desvencilhar da horda de moscas que me seguiam pelo pântano, assim, como seu eu estivesse fedendo. Acordei com três picadas de pernilongo. 

2. Sonhei que estava trabalhando à noite, como sempre faço, quando recebo um telefonema da Polícia Federal me convidando para trabalhar com eles. Um amigo - não sei quem - tinha me indicado, assim, como se trabalhar para a PF fosse jornalismo, onde se indica seus amigos. O problema é que no dia seguinte bem cedo eu teria que embarcar para a cidade de São Paulo de Olivença, no Amazonas, fronteira com a Colômbia, para fiscalizar o tráfico de drogas e a pesca ilegal de tilápias - aposto o dedo mindinho do meu office-boy Felipe Mucosolvan Corizza que não há uma só tilápia em todo o Amazonas, até porque deve ser peixe de mar (eu sempre como tilápia na praia). O sonho termina com meus pais procurando itinerários de ônibus urbanos em São Paulo de Olivença para que eu conseguisse chegar até os locais de trabalho sem maiores dificuldades. 

Como diria Aristóteles: é sonhando merda que se aduba a mente.

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Teresa era uma bela menina de dezoito anos que bebia, cheirava e gastava muito de dinheiro, pois seus pais eram ricos. De farra, decidiu ter uma filha, que chamou de Maria. Logo cansou-se do bebê, passou-o para os pais e foi viajar pelo mundo. Sentindo-se indesejada, Maria passou a irritar os avós, embora ela mesma não visse nada demais no seu comportamento. Quando fez oito anos, os avós a mandaram para outra filha no Rio de Janeiro. Esta, professora, casada com um rico homem de negócios, ficou muito contente, pois era infértil. Logo, porém, Maria começou a trocar os pés pelas mãos, a dizer coisas na hora errada, a atrapalhar a vida do casal de meia-idade. Antes de remetê-la de volta aos avós, os pais-tios da menina levaram-na a uma psicanalista. Esta não demorou muito para descobrir que Maria era uma bela menina, absolutamente normal e que apenas se sentia rejeitada, pois nunca fora amada por ninguém. Maria adora ir à psicanalista, que a trata bem. Outro dia, jogaram um jogo de cartas infantil - Maria tem dez anos - e a médica permitiu que Maria ganhasse todas as partidas. Num determinado momento, disse à menina: 

- Mas você é uma craque mesmo, hein, Maria? 

A princípio, a garotinha espantou-se. Depois olhou profundamente nos olhos da psicanalista até convencer-se de que ela falava sério. Então deu um largo sorriso e exclamou: 

- Eu sou uma craque mesmo, não é verdade? - Alçou os braços e começou a dançar pelo consultório - Eu sou uma craque. 

Ao fim da sessão, deu um beijo na psicanalista e, com lágrimas correndo pela face, pediu: 

- Será que a senhora poderia dizer para a titia que eu sou uma craque? 

Imagino que as crianças que pedem esmolas à noite pelas ruas sofram mais do que Maria. Por outro lado, a dor é incomensurável. Quando dói na gente, dói mais que todas as dores do mundo. Qual será a circunferência da dor de uma menina rejeitada prestes a ser abandonada? 

A Milésima Segunda Noite, Fausto Wolff.

domingo, 3 de setembro de 2006

O MOVIMENTO ESTÁ PARADO

Se você acreditou naquela teoria do Super Homem que o alemão bigodudo dizia, lamento informar que o Super Homem nunca veio. Era um devaneio de um sujeito que queria comer a própria irmã. O mais próximo a que chegamos do Super Homem foi o Christopher Reeve, que já morreu. 

Um tal de Diógenes certo vez saiu andando com uma lanterna acesa em plena luz do dia. Disse ele que queria iluminar o primeiro Homem que surgisse em sua frente na Grécia Antiga. Homem na essência da palavra. Mas ele não viveu pra ver a luz elétrica nem o shopping Frei Caneca, então o sentido do que ele queria dizer ficou entalado no porão da História. 

A guerra purifica a raça humana, pois só os mais fortes sobrevivem. A teoria do Humanitismo. Se dois grupos humanos atravessam uma plantação de batatas suficiente apenas para um deles, os dois grupos deverão se degladiar. Ao vencedor, as batatas. 

Ao vencedor as cabritas. Uma espécie de cabra das montanhas que vive no fiofó do mundo tem muito mais machos que fêmeas. Como estão mais valorizadas, na época do acasalamento, as cabras sobem correndo as montanhas mais altas e perigosas. Os machos se desembestam atrás. Alguns cansam e desistem. Outros caem e morrem. Outros não suportam ao frio. Mas sempre tem um que consegue chegar ao topo, no meio da neve, com quase nada de suas forças. E lá a fêmea enfim cessa seus caprichos e copula com o que dele restou. Como é humana a cabra das montanhas. 

O homem não possui instinto social. O homem é o lobo do homem. O homem busca sempre a vingança. É o único meio d´ele conseguir a superioridade ante o rival. O maior sofrimento que o homem pode ter é ser desprezado. 

E agora, uma foto de um homem passando o protetos solar em um porco: