A melhor definição de Geraldo Alckmin veio até agora do vice de Heloísa Helena, César Benjamim. Quando a ele perguntaram se o PSOL teria problemas para mostrar um programa político em um minuto e quinze segundos na TV, Benjamim saiu-se com esta: "Problema mesmo tem o PSDB, que tem dez minutos para falar do Alckmin".
Conversando às três da manhã na Augusta com o amigo homossexual Maurício Sudorese, entre uma péssima trouxinha de presunto e queijo do BH e outra, falávamos que Alckmin é um personagem que não chega aos pés de José Serra, muito mais profundo dentro do contexto tucano. Acontece que Serra é bem menos personagem que Lula, então imagine que a defesagem do Picolé de Chuchu para Lula é a mesma que separa Churchill do Tony Blair - e não estou comparando Lula com Churchill, por obséquio.
Mas a falta de carisma do presidenciável tucano, como diria Mino Carta, é de conhecimento até do mundo mineral. Então falemos de assuntos mais delicados.
Primeiro, o governo Lula submergiu em corrupção, isso é fato. Mas nada que não ocorresse nos anos anteriores de realeza tucana. Houve o mensalão petista, falha obtusa que causou comoção quase sexual no PSDB e no PFL. Só que os tucanos se esquecem que, para a reeleição do Efe Agá ser aprovada, em 1997, uma baciada de deputados e senadores receberam bufunfa governamental por baixo do pano, na ordem das 200 mil pilas por cabeça.
Pouca coisa na história recente do Brasil - talvez nada - tenha sido tão corrupta como o primeiro governo tucano, de 95 a 98. As privatizações, por exemplo. Se quer privatizar uma empresa, que sejam as sucateadas que não dão lucro. Mas a gestão peessedebista vendia as que davam lucro e, pior, reformavam as sucateadas para vendê-las a grupos de empresários que, na maioria das vezes, tinham ligações excessivamente tênues com a cúpula governista. Em outras palavras: você investe dinheiro em uma empresa e depois a vende aos amigos, quando na verdade você deveria vender as empresas para que os novos donos fizessem os investimentos necessários, formando um novo e deturpado conceito de privatização pelo PSDB.
Alckmin gosta de repetir que o Brasil precisa de um banho de ética e competência administrativa, um troço assim. Mas não parece lá muito ético embargar 69 pedidos de CPI pela bancada governista na Assembléia Legislativa de São Paulo durante sua gestão. Tampouco me parece administrativamente competente obrigar alunos da rede estadual a passarem de ano - um aluno repetente custa caro ao Estado -, assim como não foi muito feliz a gestão do Secretário de Segurança Saulo de Castro Abreu, que tomou um olé do PCC neste período.
Além de tudo, vale lembrar que, pior que um tucano, só um tucano membro da Opus Dei, como Alckmin. Aliás, as reuniões da Opus Dei de Pindamonhangaba devem ser qualquer coisa de alucinógenas.
Certa vez ouvi Geraldo, como gosta de ser chamado, dizer que falta a Lula sensibilidade administrativa. Talvez seja verdade. Mas para o tucano, que não tem carisma e não tem moral, é mais que isso: falta sensibilidade humana. Coisa que montar em jegue no Nordeste jamais vai resolver.