Smile é uma música que todos deviam parar o que estão fazendo pra ouvir. É aquele tipo que mete respeito. Talvez seja apenas bonita, mas eu tinha uma versão sobre ela que deixou Smile meio como um mito: Charles Chaplin compôs quando teve uma briga com o governo americano, que o acusou de comunista e tirou tudo o que ele tinha. Então, com uma mão na frente e outra atrás, pobre, desolado, sentou e escreveu:
Smile, tho' your heart is aching,
Smile, even tho' it's breaking
When there are clouds in the sky,
You'll get by
If you smile
Through your fear and sorrow
Smile - and maybe tomorrow
You'll see the sun come shining through
For you.
Um libelo anti-fossa, pra ecoar pra eternidade.
Mas segundo intermináveis discussões filosóficas com Petria Bolaños via Messenger na madrugada, Smile foi composta quando a primeira namorada dele morreu. Uma versão ainda mais marcante. Pra acabar com a dúvida, dei um Google (não sei do que seria do jornalismo sem o Google). Sobrancelha esquerda levantada: Chaplin compôs Smile como Modern Times, sem letra, pro filme de mesmo nome. Em 1954, uma dupla criou a letra e a deu pro Nat King Cole cantar (antes disso, João de Barro, o Braguinha, compôs em português uma versão que é de chorar). Foi-se o mito.
Desculpa, mas eu mantenho meu mito. Me toca aquela veia do fundo, que só se toca de vez em quando, em tempos difíceis. Música é isso. Eu gosto de música em que, se não for profunda em si, o cantor ou a cantora a conduzem de tal forma que você não tem alternativa a não ser encher os olhos. Por exemplo: Roy Orbison cantando Crying e In Dreams. Joe Cocker em You are so Beautiful. Walk after you, Foo Fighters. Elis Regina, em Como Nossos Pais. Essa é clássica. Um compositor medíocre, o Belchior, faz uma música boa, e a cantora faz dela tão vibrante que te faz querer espantar os demônios pelas janelas toda vez em que a escuta.
Quando as duas coisas se juntam, bate aquela certeza de que você é uma pessoa de sorte por existir e poder dar ouvidos àquela canção. Ian Curtis do Joy Division em Atmosphere. John Lennon em Stand by Me. Pictures of You, The Cure. Disparada, Jair Rodrigues. Calix Bento, Pena Branca e Xavantinho. Beth Carvalho em Andança.
Enfim, eu passaria a noite descrevendo meus três anos de Kazaa.
Fica pra próxima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário