sábado, 11 de setembro de 2004

JÁ PODEIS DA PÁTRIA, FILHOS

Por causa de meu TCC, descobri que existiu no Brasil um alemão chamado Schultz-Wencke. Leiam de novo e repitam em voz alta o nome do figurão: Schultz-Wencke. Excluam o personagem e se atenham ao nome dele. Na hipótese de ter sido um nada em vida, resta-lhe o consolo de ter se chamado Schultz-Wencke. Quantas pessoas tem uma certidão de nascimento tão voluptuosa? 
A grande frustração da minha vida certamente é não me chamar Schultz-Wencke. Fosse militar, nosso personagem não poderia começar a carreira em uma patente que não fosse a de general. Dá pra imaginar um cabo chamado Schultz-Wencke? É claro que não. Fosse jornalista, qualquer coisa menor que diretor de redação lhe cairia mal, deixaria a redação triste, com o ar pesado de um ambiente de trabalho que não faz justiça a seus funcionários. E logo em seu primeiro dia, uma manifestação dos colegas de redação exigiria o posto máximo a ele: "Queremos ser comandados pelo camarada Schultz-Wencke". Camarada sim, porque um nome desses não permite tratar-se de uma redaçãozinha qualquer. Teria que ser a de um semanário marxista e panfletário, daqueles perseguidos pela Gestapo, incravado no porão de um pacato asilo na Munique dos anos 30. Algo como Die Revolutiken. E, adicionado a uma morte pomposa, tem-se o mito: "Schultz-Wencke, o símbolo da resistência, sobreviverá ao rolo compressor da História", nos diria o final de um filme qualquer, baseado em uma de suas seis biografias. 
Nada mal também para um político. Vitória na certa em qualquer eleição, de síndico de prédio a Primeiro-Ministro: "Em visita extraordinária, o chanceler Schultz-Wencke foi recebido pelas massas ao desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro", diria o speaker da Rádio Nacional. 
"Não, político não dá", já diria a vizinha de Nelson Rodrigues, gorda, patusca e cheia de varizes. Pois digo que o problema é que estão todos acostumados com o anti-glamour da política tupiniquim. Veja por exemplo a nossa prefeita que, para sustentar algum garbo, além de fazer botox se vê obrigada a manter o sobrenome do marido. Não fosse Suplicy, a chamaríamos todos de Marta Smith. Smith?!? Silva, em inglês. Silva é tão pobre que não deveria vir nem com letra maiúscula. Todo Silva é um silva e ponto final. De loira fatal para uma silva em apenas cinco letras. E aquele outro, o mordomo de filme de terror? Serra. Não um machado, não uma picareta: serra. Tá, picareta até que lhe cai bem, mas não vem ao caso agora. E tem mais uma, cujo segundo nome parece ser um adjetivo cabeludo: Luíza Erundina. Imagino um casal brigando, a mulher esbofeteia o marido, e ele, fora de si: 

- Fora de casa agora, sua.......sua.......erundina! 

Era isso o que eu queria dizer: o Brasil terá uma eleição limpa, honesta e diferenciada só no dia em que eu me chamar Schultz-Wencke.

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