domingo, 5 de outubro de 2008

UMA SOLUÇÃO ECOLOGICAMENTE RADICAL

Tive um pesadelo de inspiração Shyamalaniana esta tarde. Talvez o pão de berinjela do almoço não tenha caído bem.

Primeiro, cabe contextualizar: neste sonho, São Paulo era uma cidade de túneis. Havia uma quantidade enorme deles, a grande maioria dos quais passando sob rios e correntes subterrâneas de água limpa.

Coisas estranhas começaram a ocorrer. Lembro de pagar o túnel Ayrton Senna para ir trabalhar de madrugada num dia chuvoso – no sonho, eu trabalhava de madrugada. Ao entrar no túnel, gotas sinistras de água caíam sobre o carro. Diminuí a velocidade. As gotas ficaram maiores, mais freqüentes e levemente avermelhadas. Foi como se começasse a chover dentro do túnel, que passa sob o lago do Ibirapuera. Ao fazer a primeira curva dele, o horror: vários cadáveres enfileirados de cabeça para baixo pendiam do teto. Com o susto, tentei desviar acelerando, mas eles estavam por toda a parte. Suas mãos batiam no vidro da frente do carro, deixando rastros de sangue maiores ainda no pára-brisa. Alguns cadáveres acabavam tendo os pés desprendidos do teto do túnel e caíam na via. Eu passava por cima, aterrorizado. Cheguei no trabalho ofegante e com o carro amassado, com manchas de sangue terríveis e um dedo enroscado na placa da frente.

Tal fato sinistro passou a se repetir em todas as madrugadas chuvosas por todos os túneis de São Paulo que, reitero, era uma cidade de túneis. No trabalho, todos comentavam assustados, pois havia acontecido com outros (em Miami, espécie de matriz da empresa, as pessoas diziam que tal fato era desculpa para que não trabalhássemos). Quando começava a chover, o rádio fazia alertas: “evite os túneis, pois fenômenos os sobrenaturais estão ocorrendo. Pessoas desaparecem e, quando chove, seus corpos reaparecem nas vias dos túneis, vindos dos lençóis freáticos acima deles”, dizia Milton Jung, na CBN. Quando as nuvens se formavam, as ruas ficavam desertas.

Depois de uma série de acontecimentos dos quais tenho vagas lembranças – dentre os quais, repetir o encontro com os cadáveres no túnel, mas na companhia de uma Kombi velha cheia de moleques com paus em mãos batendo nos cadáveres -, a polícia passou a investigar os rios e lençóis freáticos da cidade. Eles estavam infestados de corpos. O mesmo ocorria no lago do Ibirapuera, o que explica os cadávares aparecem no túnel Ayrton Senna.

Descobriu-se depois que havia uma milícia ecológica radical que resolveu combater as invasões domiciliares em áreas de mananciais – ou seja, à beira dos rios, lagos e represas – matando os moradores e jogando seus cadáveres na própria água. Um policial me pediu encarecidamente que eu fosse atrás de milícias para combatê-las, no que respondi que estava saindo de férias para a Bahia (o que é verdade) e que não tinha condições psicológicas nenhumas de lidar com um problema deste tamanho.

Acordei com a imagem da Patrícia Pillar na TV. Já eram nove da noite. Diga não ao pão de berinjela.

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