Reza o mais adorável dos jargões futebolísticos que o futebol é o microcosmo da vida. Nada contra os outros esportes - mentira, eu tenho tudo contra muitos, a começar do tênis -, mas talvez nenhum outro campo da vida nos mostre de forma tão humana e imprevisível o que só a própria imprevisibilidade dos seres humanos consegue espelhar.
Veja, por exemplo, o caso do Curíntias. Rebaixado à Série B no ano passado, o mais vexaminoso de sua história, agora contrariou até o mais babeta dos corintianos fanáticos e provavelmente vai ser campeão da Copa do Brasil com um time que está longe de ser bom. Em que outro esporte isso poderia ocorrer? Nenhum, digo, sem medo de errar.
Vou assumir aqui - mas não conta para ninguém - que no fundo tenho simpatia profunda por esta saga corintiana, embora seja um palmeirense clássico de segunda geração. Não chego a torcer para o Curíntias ser campeão, mas acho admirável. Tem como não se identificar com alguém que come a farinha do aipim que o diabo amassou e consegue dar uma volta por cima dessas? É como assistir ao Rocky sem se comover com o personagem de Stallone, o pé rapado que treina piadas na frente do espelho pra tentar conquistar a atendente da loja de ração pra cachorro por quem ele é apaixonado. E que, sem mais nem menos, tem na sua frente a grande chance da vida, uma chance gigantesca, monumental.
Alguém vai dizer que comparo o futebol ao cinema e não ao mundo das pessoas reais. Discordo, e explico: o que seria da história de Rocky Balboa se não fosse tão humana? Rocky é comoventemente pé rapado. Uma das muitas graças do cinema está em extravasar tudo aquilo que é presente na nossa vida, mas que a gente não vê no todo, só aos pedaços. O bom filme é aquele que pega todos esses pedaços de vida e mostra o quão profunda e tão bela a da gente um dia poderá ser, se a gente fizer algo de bom com ela. Quantas metáforas de vida existem em Rocky Balboa?
O futebol é diferente do cinema porque não traduz estes sentimentos, apenas os replica em menor escala nos estádios, nos vestiários e nas arquibancadas até dentro das quatro linhas (aliás, "dentro das quatro linhas" é um baita clichê de mesa redonda). O cinema empacota tudo e mostra como pode ser belo, ou único, ou assustador, dependendo do gênero. O futebol não muda nem empacota nada da vida real, mostra tudo do jeito que é, só que diferente.
Na próxima quarta-feira, o Curíntias pode ser campeão, e seria um comoventíssimo campeão. No entanto, enfrenta o Sport Club do Recife, pela 55ª vez desacreditado dentro desta competição, e que contra tudo e contra todos chegou até a final. E se o Sport for o clube a levantar a taça, o futebol só vai confirmar tudo isso que acabei de escrever, só que de maneira ainda mais convincente.
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Há 5 semanas
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