Talvez o ilustre e futebolístico leitor não se lembre, mas houve um tempo em que torcer para a Seleção Brasileira era divertido. Eu ia dizer que não faz tanto tempo assim, mas talvez isso já seja mentira.
Lembro-me de quando eu era pequeno. Uma das primeiras e parcas lembranças da tenra infância que o menino Vives guarda consigo foi durante a Copa de 86. Tal qual um Caio Quero, eu não gostava de futebol - pudera, tinha só cinco anos - mas adorava aquela tal copa do mundo, especialmente quando o Brasil ganhava, porque o céu se enchia de balões. Era uma orgia de cores e formatos, e a meninada correndo nas ruas atrás dos que iam caindo. Aos olhos de um moleque assustado de cinco anos que acompanhava tudo da sacada de casa, era como se o mundo fosse uma coisa extraordinariamente bela. Para mim aos cinco anos, ao atravessar o portão de casa, as pessoas eram todas felizes e soltavam balões.
Durante minha infância e adolescência, um jogo do Brasil, mesmo que amistoso chinfrim, era um evento. Acompanhávamos a escalação, torcíamos para que os jogadores do nosso time fossem convocados e, no dia do jogo, comprávamos pipoca e nos juntávamos na frente da TV na casa de algum, faltando na escola, se necessário.
Hoje, relutei em deixar de torcer para o Brasil, mesmo quando exercer este ato de fé passou a ser algo brutalmente artificial. Mas a gente não pode lutar contra certas coisas, e o fato é que não tenho a menor identificação com esta e as últimas Seleções Brasileiras, esteja ela ganhando ou perdendo.
Para este que vos escreve, dois fatores são os grandes responsáveis por esta ausência de carisma da seleção que sempre foi a mais carismática de todas, a brasileira: a clara transformação do time em balcão de negócios, dos quais a torcida não se beneficia e muitas vezes é prejudicada, como os amistosos caça-níqueis que ocorrem longe do país e de madrugada, e a superexposição dos craques.
Sobre este último, nos próximos anos teremos a curiosa experiência de acompanhar a aposentadoria da primeira geração de craques superexpostos pela mídia e pela publicidade. Até outro dia, o craque fazia propaganda de pilha, no máximo. Hoje, os principais jogadores têm dois ou três contratos vitalícios com a Nike, a Nestlé, a Gillette, Hollywood, a CIA, etc. Quando isso ocorre, o craque é vendido pelos jornais e pelas propagandas como um representante de Deus, da mesma forma como nossas avós acreditavam nos milagres da Menina Izildinha ou do Padre de Tambaú. Aí vem um fracasso, como o nabo que foi a Copa de 2006 para nós, e eles todos então parecem ridículos, pois não corresponderam à expectativa.
Veja bem, é como as Facas Ginsu. A propaganda dizia que a mais babeta das Ginsu era capaz de cortar um prego. Mas se você comprar o kit e não conseguir com ela cortar um prego, vai achar que todas as facas Ginsu são ridículas, mesmo que elas cortem tomate muito bem. E nunca mais vai querer comprar Facas Ginsu. Ronaldinho Gaúcho é uma Faca Ginsu. Hoje está com depressão, porque não dá para segurar um tranco desses.
Junto disso, temos a saturação da imagem. Ninguém agüenta mais ouvir falar em Ronaldo Picanha, e olha que ele não joga faz tempo. Primeiro, estava gordo. Depois, jogou gordo e se contundiu novamente no joelho. Quando todos achavam que ele ia ficar longe da mídia por um tempo, Picanha é pego com umas superfêmeas num motel chamado Papillon, no Rio. E depois volta com a namorada, que o perdoa. E depois ele é visto com outra mulher. Quando ele se aposentar, vai fazer falta nos gramados, mas vai ter muita gente dando vivas por ter que agüentar menos o Ronaldo Picanha na mídia.
Diferente de mim e da maioria, o menino que hoje tem cinco anos, daqui a 20 vai olhar para trás e se lembrar de como a seleção brasileira era enigmaticamente chata e de como ainda haviam algumas pessoas estranhas que insistiam em torcer para ela. A lamentar.
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