segunda-feira, 30 de junho de 2008

A DEBACLE PSICOLÓGICA DE CAIUS CUERUS

Sei que já comentei por aqui sobre o jornalista latino Caius Cuerus, mas já não me lembro de quando foi a última vez. Faz tempo. Recordo de quando ele era só um menino idealista do Cangaíba. Pregava o amor proletário e, na menor discussão política que aparecesse, tirava uma foice e um martelo do bolso, subia na mesa e cantava a Internacional em oito línguas eslavas, depois em espanhol com sotaque cubano e, por fim, acendia um charuto. Tinha pretensões de mudar o nome do Cangaíba, distrito onde nasceu, para Caiogrado.

Pois bem, me refiro a Caius Cuerus para dizer que fiquei meses sem ter sinal de vida dele. Desapareceu completamente. Quando seu nome vinha à tona em nosso grupo de amigos, as teias de aranha sopravam dentro de nossos ouvidos. Até que neste fim de semana, visitei por acaso a birosca Princesinha dos Jardins e o encontrei completamente alcoolizado, chamando Jesus de Genésio. Estava só. Bebia uma garrafa de Drehar. Postei-me em sua frente, e ele, ao me ver, apenas perguntava:

- Por quê? Por quê? Deve haver uma conciliação...

Foi então que compreendi o seu sumiço. Pausa para o suspense: Caius pediu para eu sentar, virou para o garçom e disse:

- Ô Camisa 10, faz o favor de descer mais um copo, que o companheiro aqui vai sorrir enquanto eu passo com minha dor.

Vou explicar o espiral de amargura caioquerano. Nosso amigo tem dois ídolos absolutos: Fidel Castro, comandante-em-chefe mexicano de Cuba (ou seria Jamaica?), e Caetano Veloso, cantor brega nordestino. Tem dias em que Caius acorda meio Fidel; em outros, caetana por aí. Eis porém que de repente que os seus ídolos saem na porrada na mídia. Desde que leu a notícia, Caius Cuerus bebe oito garrafas de Drehar por dia.

Veja bem, ilustre leitor, é mais que uma questão de idolatraria: é uma questão psicológica. De um lado, o superego repressor do jornalista Caius Cuerus. Do outro, seu id. Resta saber qual é qual e quem tem razão. Seria o lado fidélico de Caius Cuerus o seu Superego? A responsabilidade do comandante em implementar a revolução numa ilha paradisíaca é notória, e tem que ter muita doutrina e responsabilidade para conseguir consertar aqueles carrões americanos dos anos 50 que servem como táxi. Por outro lado, a revolução é libertadora, chega como um impulso, é como a Yoná Magalhães correndo rumo ao infinito no fim de Deus e o Diabo na Terra do Sol, uma coisa que vem do Id.

Porém, permita-se divagar caetanicamente: há algo mais policialesco, repressor e menino-brasileiro que desconstruir a Bossa Nova em versos tropicalistas? Superego é Caetano, a que será que se destina? Mas Caê também é Id. Quando Caius Cuerus desce a Baixa Augusta descalço e beija cinco emos no Ibotirama após cantar everybody knows that our cities were built to be destroyed, ele dá vazão ao seu lado sensível.

Estas são as dúvidas que angustiam meu ilustre amigo. Seu terapeuta behavourista está analisando o caso antes de dar um veredito. Seu mentor esotérico o aconselhou a acender uma vela preta ao Exu Babeta na esquina da Alameda Campinas.

Portanto, você que, como eu, é amigo de Caius Cuerus, não o reprima. Pague a ele uns pedaços de pizza na Bela Paulista para ele ficar Odara. E prometo voltar em breve para divulgar quem vai o apoio de Caius Cuerus, tão logo ele se decida.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

“É esse o sentido da segunda pergunta”, responde o general, sem tirar a mão da maçaneta da porta. “Ei-la: o que ganhamos com nosso orgulho e nossa presunção? O verdadeiro significado de nossa vida não terá sido a atração irresistível por uma mulher que morreu? É uma pergunta difícil, eu sei. De minha parte, não sei o que responder. Em minha vida experimentei tudo, vi tudo, a paz e a guerra, coisas miseráveis e grandiosas; vi um covarde como você e um presunçoso como eu; vi desencadearem-se lutas e restabelecerem-se compromissos. Mas quem sabe se, no fundo, o significado de nossa vida e de todas as nossas ações não tenha sido o laço que nos unia a alguém que nos magoou – o laço ou a paixão, chame-o como quiser. É esta a pergunta? Sim, é esta. Gostaria que você dissesse”, prossegue baixinho, como se receasse ter alguém às suas costas escutando suas palavras, “o que acha disso. Não acredita que o significado da vida é simplesmente a paixão que um dia invade nosso coração, nossa alma e nosso corpo e que, aconteça o que acontecer, continua a queimar eternamente, até a morte? E não acredita que não teremos vivido em vão, se um dia sentimos esta paixão? É aí que me pergunto: a paixão é de fato tão profunda, tão má, tão grandiosa, tão desumana? Será que realmente é desejar uma pessoa específica, ou é apenas o próprio desejo? Será que consiste em querer uma criatura bem definida, a mesma e misteriosa criatura que pode ser boa ou má – tanto faz -, pois não são suas ações nem suas qualidades que vão modificar a intensidade de nosso sentimento? Esta é a pergunta. Responda, se for capaz”, diz, levantando a voz.

“Por que você me pergunta?”, responde calmamente o hóspede. “Você sabe muito bem que é assim.”

E examinam-se longamente, com atenção.

O general respira com dificuldade. Abaixa a maçaneta. O vestíbulo espaçoso está riscado de sombras e luzes ondulantes. Descem os degraus em silêncio, os criados correm até eles levando-lhes lanternas, o capote e o chapéu de Konrad. Diante do portão, as rodas do carro rangem no cascalho. Konrad e o general despedem-se em silêncio, com um aperto de mão e uma profunda reverência.

As brasas, Sándor Márai.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A SELEÇÃO BRASILEIRA, O NABO E AS FACAS GINSU

Talvez o ilustre e futebolístico leitor não se lembre, mas houve um tempo em que torcer para a Seleção Brasileira era divertido. Eu ia dizer que não faz tanto tempo assim, mas talvez isso já seja mentira.

Lembro-me de quando eu era pequeno. Uma das primeiras e parcas lembranças da tenra infância que o menino Vives guarda consigo foi durante a Copa de 86. Tal qual um Caio Quero, eu não gostava de futebol - pudera, tinha só cinco anos - mas adorava aquela tal copa do mundo, especialmente quando o Brasil ganhava, porque o céu se enchia de balões. Era uma orgia de cores e formatos, e a meninada correndo nas ruas atrás dos que iam caindo. Aos olhos de um moleque assustado de cinco anos que acompanhava tudo da sacada de casa, era como se o mundo fosse uma coisa extraordinariamente bela. Para mim aos cinco anos, ao atravessar o portão de casa, as pessoas eram todas felizes e soltavam balões.

Durante minha infância e adolescência, um jogo do Brasil, mesmo que amistoso chinfrim, era um evento. Acompanhávamos a escalação, torcíamos para que os jogadores do nosso time fossem convocados e, no dia do jogo, comprávamos pipoca e nos juntávamos na frente da TV na casa de algum, faltando na escola, se necessário.

Hoje, relutei em deixar de torcer para o Brasil, mesmo quando exercer este ato de fé passou a ser algo brutalmente artificial. Mas a gente não pode lutar contra certas coisas, e o fato é que não tenho a menor identificação com esta e as últimas Seleções Brasileiras, esteja ela ganhando ou perdendo.

Para este que vos escreve, dois fatores são os grandes responsáveis por esta ausência de carisma da seleção que sempre foi a mais carismática de todas, a brasileira: a clara transformação do time em balcão de negócios, dos quais a torcida não se beneficia e muitas vezes é prejudicada, como os amistosos caça-níqueis que ocorrem longe do país e de madrugada, e a superexposição dos craques.

Sobre este último, nos próximos anos teremos a curiosa experiência de acompanhar a aposentadoria da primeira geração de craques superexpostos pela mídia e pela publicidade. Até outro dia, o craque fazia propaganda de pilha, no máximo. Hoje, os principais jogadores têm dois ou três contratos vitalícios com a Nike, a Nestlé, a Gillette, Hollywood, a CIA, etc. Quando isso ocorre, o craque é vendido pelos jornais e pelas propagandas como um representante de Deus, da mesma forma como nossas avós acreditavam nos milagres da Menina Izildinha ou do Padre de Tambaú. Aí vem um fracasso, como o nabo que foi a Copa de 2006 para nós, e eles todos então parecem ridículos, pois não corresponderam à expectativa.

Veja bem, é como as Facas Ginsu. A propaganda dizia que a mais babeta das Ginsu era capaz de cortar um prego. Mas se você comprar o kit e não conseguir com ela cortar um prego, vai achar que todas as facas Ginsu são ridículas, mesmo que elas cortem tomate muito bem. E nunca mais vai querer comprar Facas Ginsu. Ronaldinho Gaúcho é uma Faca Ginsu. Hoje está com depressão, porque não dá para segurar um tranco desses.

Junto disso, temos a saturação da imagem. Ninguém agüenta mais ouvir falar em Ronaldo Picanha, e olha que ele não joga faz tempo. Primeiro, estava gordo. Depois, jogou gordo e se contundiu novamente no joelho. Quando todos achavam que ele ia ficar longe da mídia por um tempo, Picanha é pego com umas superfêmeas num motel chamado Papillon, no Rio. E depois volta com a namorada, que o perdoa. E depois ele é visto com outra mulher. Quando ele se aposentar, vai fazer falta nos gramados, mas vai ter muita gente dando vivas por ter que agüentar menos o Ronaldo Picanha na mídia.

Diferente de mim e da maioria, o menino que hoje tem cinco anos, daqui a 20 vai olhar para trás e se lembrar de como a seleção brasileira era enigmaticamente chata e de como ainda haviam algumas pessoas estranhas que insistiam em torcer para ela. A lamentar.

terça-feira, 17 de junho de 2008

segunda-feira, 16 de junho de 2008

UM POST ABSOLUTAMENTE SEM SENTIDO

Sonhei que fui incumbido de voltar no tempo para a fazer a autópsia de Antônio Carlos Magalhães, uma vez que alguém tinha-me encomendado a biografia dele. Na autópsia, coisas importantes seriam descobertas. Tento recordar de como eu sabia que era importante comparecer à autópsia, se alguém me disse durante o sonho ou se eu investiguei isso durante todo o processo, mas, no fundo, acho mesmo que é daquelas informações com as quais a gente já entra no sonho. Sabe quando você joga Detetive ou Scotland Yard, tira uma carta e que lá diz uma informação importante? Então, deve ter sido por aí.

Mas, voltando ao sonho, de repente eu me peguei em Salvador às vésperas da morte dele (talvez ele tenha morrido em São Paulo, mas ninguém disse que este sonho é lógico). Quando ele enfim esticou as canelas, tentei entrar na sala de autópsia, mas fui impedido por um leão de chácara maior que eu. Lá dentro eu vi umas negras baianas vestidas como nos rituais de umbanda, eu disse que tinha papo com a rapaziada da umbanda, e me deixaram entrar.

Colado ao peito de ACM havia muitos papéis, os quais eu pude checar enquanto as mães de santo rezavam e cobriam o corpo dele com arruda. Nos papéis, muita mandinga pra manter o corpo fechado e alguns documentos sigilosos, acho que de contas no exterior. Quando fui roubar os papéis, tomei uma comida de uma das mães de santo, que disseram que o painho seria enterrado com tudo aquilo. Tive então que ir pra fora esperar o enterro, pra depois violar o túmulo e enfim pegar a papelada e escrever a biografia.

No velório, descobri que estava em Recife, não em Salvador, uma vez que os funcionários da empresa onde trabalho que moram em Pernambuco foram até lá para me cumprimentar.

Fui acordado por um telefonema do meu estagiário.

terça-feira, 10 de junho de 2008

SEMELHANÇAS


Senador Álvaro Dias e Agnaldo Rayol: testosterona à flor da pele

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Carlos Minc...


... e ET: Amazônia, minha casa, telefone.

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Dilmão Roussef...


... e Roz, do Monstros S/A: bonito mesmo é se impor.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

SOBRE O FUTEBOL, O CURÍNTIAS E A ESPÉCIE HUMANA

Reza o mais adorável dos jargões futebolísticos que o futebol é o microcosmo da vida. Nada contra os outros esportes - mentira, eu tenho tudo contra muitos, a começar do tênis -, mas talvez nenhum outro campo da vida nos mostre de forma tão humana e imprevisível o que só a própria imprevisibilidade dos seres humanos consegue espelhar.

Veja, por exemplo, o caso do Curíntias. Rebaixado à Série B no ano passado, o mais vexaminoso de sua história, agora contrariou até o mais babeta dos corintianos fanáticos e provavelmente vai ser campeão da Copa do Brasil com um time que está longe de ser bom. Em que outro esporte isso poderia ocorrer? Nenhum, digo, sem medo de errar.

Vou assumir aqui - mas não conta para ninguém - que no fundo tenho simpatia profunda por esta saga corintiana, embora seja um palmeirense clássico de segunda geração. Não chego a torcer para o Curíntias ser campeão, mas acho admirável. Tem como não se identificar com alguém que come a farinha do aipim que o diabo amassou e consegue dar uma volta por cima dessas? É como assistir ao Rocky sem se comover com o personagem de Stallone, o pé rapado que treina piadas na frente do espelho pra tentar conquistar a atendente da loja de ração pra cachorro por quem ele é apaixonado. E que, sem mais nem menos, tem na sua frente a grande chance da vida, uma chance gigantesca, monumental.

Alguém vai dizer que comparo o futebol ao cinema e não ao mundo das pessoas reais. Discordo, e explico: o que seria da história de Rocky Balboa se não fosse tão humana? Rocky é comoventemente pé rapado. Uma das muitas graças do cinema está em extravasar tudo aquilo que é presente na nossa vida, mas que a gente não vê no todo, só aos pedaços. O bom filme é aquele que pega todos esses pedaços de vida e mostra o quão profunda e tão bela a da gente um dia poderá ser, se a gente fizer algo de bom com ela. Quantas metáforas de vida existem em Rocky Balboa?

O futebol é diferente do cinema porque não traduz estes sentimentos, apenas os replica em menor escala nos estádios, nos vestiários e nas arquibancadas até dentro das quatro linhas (aliás, "dentro das quatro linhas" é um baita clichê de mesa redonda). O cinema empacota tudo e mostra como pode ser belo, ou único, ou assustador, dependendo do gênero. O futebol não muda nem empacota nada da vida real, mostra tudo do jeito que é, só que diferente.

Na próxima quarta-feira, o Curíntias pode ser campeão, e seria um comoventíssimo campeão. No entanto, enfrenta o Sport Club do Recife, pela 55ª vez desacreditado dentro desta competição, e que contra tudo e contra todos chegou até a final. E se o Sport for o clube a levantar a taça, o futebol só vai confirmar tudo isso que acabei de escrever, só que de maneira ainda mais convincente.

terça-feira, 3 de junho de 2008

BLAIRO MAGGI, O BLAIRO NOBRE DA GALINHA AZUL


Lula e seu amigo governador do Desmato Grosso

O Brasil vive um momento único na história. Falam de um potencial econômico enorme e que aos poucos se deslancha, da quantidade exorbitante de pobres da classe D que migram como pombos para a C, de pobres da classe C que migram como gaivotas para a B (perceba como a qualidade das aves vai subindo. Ao chegar à classe A, os pobres viram faisão), etc. Até aquelas entidades místicas chamadas agências de avaliação de risco, que dão as cartas na economia mundial, passaram a dizer que, aqui em Buenos Aires, agora tem-se oportunidades interessantes para as grandes empresas estrangeiras fazerem uma fezinha no bicho. Mas o fenômeno ao mesmo tempo assustador e fascinante é que caminhamos para o mundo desenvolvido simultaneamente em que não temos indício algum de que muitos dos problemas crônicos, sinais tradicionais do nosso terceiromundismo, estejam sendo corrigidos: violência extrapolante, educação precária, polícia e justiça viciadas, o coronelismo e outros detalhes deselegantes.

Se Lula fosse um calouro do Raul Gil, e eu um jurado que sentasse ao lado de Decio Pitinini e Elk Maravilha para avaliá-lo, ele ganharia uma nota cinco e meio, talvez seis. É uma nota pífia, de fato, mas certamente seria a nota mais alta que um governo brasileiro teria recebido, o que é um sinal claro de que há 508 anos que o Brasil navega em águas merdejantes. Lula então pegaria o microfone e falaria - rapaz, como ele adora falar isso - que "nunca na hiftória deffe paíf houve um governo tão bom quanto efte". E ganharia beijos da Elk e aplausos do Décio Pitinini.

Mas desta vez não estou aqui pra falar bem do Lula. Vou me ater ao que ele fez de errado. Lula seguiu a cartilha de jogar o jogo típíco da política nacional: esqueça o passado, junte-se aos seus inimigos, deixe-os roubar e governe o que der pra governar. Até entenderia que um pouco disso é necessário em nome da governabilidade, mas Lula o PT seguiram isso até a alma. Com o apoio de latifundiários, coronéis e bandidos regionais, ele consegue permanecer no poder e, como não seria diferente, é obrigado a fazer tantas concessões que acaba por não mudar nada das questões mais desesperadoras. Logo, Lula não deixa também de ser mais do mesmo.

Vejam, por exemplo, sua nova amizade com o governador Blairo Maggi, o Blairo nobre da Galinha Azul. Nascido no Rio Grande do Sul do Norte - vulgo Paraná - Blairo Maggi foi um dos muitos sulistas que migraram com a família para plantar coisas no Centro-Oeste. Hoje há quem diga que ele é o maior agricultor de soja de mundo. É o exemplo clássico do self made man, expressão que abomino, uma vez que exemplifica um vencedor como se ele se destacasse em meio de milhões de perdedores. Hoje governa o estado do Desmato Grosso.

Pois bem, Blairo Maggi foi eleito pelo Greenpeace como o maior responsável pelo desmatamento da Amazônia Legal, fato confirmado pelo Ministério do Meio Ambiente nesta segunda-feira. Maggi fala abertamente em continuar desmatando em nome do avanço econômico do estado que governa (e do crescimento de seu próprio negócio, a soja), uma vez que "os matogrossenses têm o mesmo direito de qualquer brasileiro de querer uma vida melhor", como se a "vida melhor" fosse acabar com a floresta, ficar rico vendendo madeira, plantando soja e transformando o Mato Grosso em um estado cheio da grana e completamente poluído.

Fosse um sujeito realmente inteligente e bem intencionado, o governador do Mato Grosso assumiria a vocação que seu estado tem, ao norte, em ser uma reserva florestal. É o diferencial, e não o problema da região. Já temos mil outras regiões no mundo dominadas pelo agronegócio. Deixar um espaço para a Amazônia Legal por ali talvez fizesse dos matogrossenses pioneiros em preservação mundial e, enfim, diferenciados e respeitados pelo restante do país - sim, porque o Mato Grosso, em boa parte do Brasil, é sinônimo de latifúndio, desmatamento e pistolismo (acabei de cunhar esta palavra) de aluguel.

Quando a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, peitou Maggi, este ligou para seu grande amigo Lula, que tomou as dores dele, mais uma vez em nome da governabilidade e todo aquele papo furado de sempre. Marina caiu, Maggi segue forte na queda de braço, de mãos dadas com o presidente.

Sinto saudades do Lula de 89. Houvesse um investment grade moral, Lula teria sido rebaixado.