Posto aqui um micro-conto clássico de humor nonsense. Chama-se Porcaloca, do escritor humorístico italiano Claudio Manzoni, notório por seu humor negro e eventualmente sem sentido. Pouco sei sobre o Manzoni, mas é provavelmente o sujeito que eu vou mais estudar no futuro próximo.
Dois motivos me levam a colocá-lo aqui: primeiro, eu fuçava na estante quando me deparei com Os 100 melhores contos de humor da literatura universal, um dos meus livros de cabeceira e que sempre consulto (eu já havia postado Porcaloca no News Associados, lá se vão cinco anos). Segundo, trata-se de uma singela homenagem a esse povo malemolente que habita a Península Itálica, que acaba de eleger pela terceira vez a neo-toupeira Silvio Berlusconi como mandatário supremo da república. Escrevo sobre a eleição italiana no próximo post, sempre que o tempo e o vento permitirem.
Enquanto isso, com vocês, Porcaloca:
- Desculpe, foi o senhor que telefonou para que eu viesse amputar a sua perna?
- Eu? O que é isso?
- Mas o senhor se chama Dante del Torro, não é? Faz meia-hora, um fulano me telefonou para que viesse alguém que cortasse uma perna.
- Eu não telefonei. Deve ser outro Dante del Torro.
- Não, não...o endereço que me deram foi este. E neste endereço só há um Dante del Torro, que é o senhor. Um parente seu deve ter telefonado.
- Impossível. Hortênsia, por acaso você telefonou para que viessem cortar minha perna?
- Eu, não. Telefonei para o mercadinho pedindo que mandassem marmelada.
- Aí está, viu? Se o senhor tiver um doce de marmelada...
- Como posso ter um doce de marmelada? Eu trouxe uma serra, pois quem me telefonou me pediu que trouxesse a serra, uma vez que na casa não existia uma.
- Engana-se. Eu tenho uma serra.
- Mas é evidente que a serra não serve para cortar uma perna.
- Como não? É igual a sua.
- Mas se é igual a minha, por que me levaram ao incômodo de trazer outra serra?
- Ó Dante, deixa de discussão, homem de Deus. Deixa logo cortar essa maldita perna, mande-o embora e acabe logo com isso.
- Desculpa, Hortênsia, mas por que haverei eu de mandar cortar a minha perna quando não fui eu que telefonei? Tenho ou não tenho razão?
- O senhor tem razão. Mas o que é que eu faço agora? Alguém telefona, eu compro uma serra nova, gasto meu dinheiro, venho até aqui e acabo perdendo o meu dia a troco de nada. O senhor também deve me compreender...
- Bem, com boa vontade sempre pode se encontrar uma maneira de se chegar a um acordo. Tampouco ele, coitado, tem culpa. Escuta, Dante, você devia de algum modo concordar com ele. Por que não deixa que ele ampute um dedo seu?
- Epa! Pára lá, minha senhora! Um dedo não é suficiente!
- Antes isso que nada. Compreenda: é apenas para agradá-lo, porque eu poderia mandá-lo embora de mãos abanando, mesmo porque não fui eu quem o chamou.
- Bem, nesse caso, dois dedos.
- Ou um ou nada.
- Está bem, como quiser. Mas nesse caso, precisa que seja um polegar.
- Vá lá, vá lá...Que seja o polegar, já que me coloca nessa posição, está bem? E que seja esta a última vez, ouviu? Da próxima vez me telefone de volta para confirmar a chamada...Se o senhor não fosse um cara tão simpático...Pode...Ai!...poc...ahhh...vá aos poucos, isso, aos pouquinhos...Uuuuh!
* Os 100 melhores contos da literatura universal: organizado por Flávio Moreira da Costa. Editora Ediouro.
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Há 5 semanas
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