terça-feira, 29 de abril de 2008

DA EVOLUÇÃO SOCIAL E O PROCESSO DE DINOSSAURIZAÇÃO HUMANA

Capítulo 1 - Música: Apesar dos fãs do Psy Trance, amanhã há de ser outro dia

Confesso que música eletrônica me irrita. Ela em si não é exatamente o problema, em verdade. Convenhamos: os adeptos da música eletrônica é que são muito chatos. Nem todos, é claro, mas parte considerável. Houve um tempo em que eu era free-lancer e tive que entrevistar meia dúzia de DJ´s do Skol Beats. Rapaz, eu sofri. Lembro do nome de um só deles, o mais inteligente (e mais mascarado) de todos: DJ Mark. Gostei dele porque foi o único a dizer: "A gente tem que ouvir muita Joyce e Elis Regina antes de tentar fazer algo decente na música eletrônica". Verdade ou não, ele ouvia Joyce e Elis Regina. Dos outros, só lembro da sucessão de piercings espalhados pelo rosto.

Um deles, um careca branquelo que também era famosinho, antes da entrevista (ou foi depois?) me perguntou que tipo de música eletrônica eu curtia. Respondi, ingenuamente: "Ah, eu gosto de MPB. Gosto de rock também". E o careca magricelo ergueu a sobrancelha com um sorrisinho de canto de boca, destilando uma ironia torpe, como se eu tivesse enfiado o dedo no mingau dele. Enfim, um babeta.

No fundo, ao entrevistar aquele povo do Skol Beats, tudo o que eu queria perguntar e que não tive coragem é: aquela musiquinha do Alex Kid, que vinha na memória do Master System 3, era um psy trance ou um drum'n'bass?

Mas, ok, eu mudei. Não, não virei um entusiasta da batistaca, longe disso, mas há certas circunstâncias que música eletrônica faz muito sentido. Quando bêbado e pilhado com alguma coisa, ela é uma ótima válvula de escape. Ela pode ser legal, e que bom que tem gente que gosta muito disso. O problema é quando tem gente que *só* gosta disso, fenômeno que acontece em quase todos os outros gêneros musicais, cada um à sua maneira.

Porém, vamos nos ater a esse povo, que é o foco deste post. Aos entusiastas do putz-putz-putz que não conseguem enxergar vida musical além disso e que adoram rotular o gosto musical alheio, utilizo uma canção do grande Nelson Ned para soltar um alerta: "E tudo passaaaaaaaaa, e tudo passarááááááááááá!!!!".

Um dia o Skol Beats pode virar Skol from UK, e os emos então dominariam o mundo musical. Seria quando esses chatolas xiitas da música eletrônica, em seu afã de estarem na moda, teriam duas opções: converterem-se em neo-emos (ou eletro-emos), não menos chatolas que os próprios emos, ou se suicidar mastigando um ecstasy junto com leite de magnésia. E eu vou morrer de rir, que esse dia há de vir, antes do que você pensa.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

DA EVOLUÇÃO SOCIAL E O PROCESSO DE DINOSSAURIZAÇÃO HUMANA



Não deveria, mas vou começar um post com a palavra “eu”. Vamos lá:

Eu sou o clichê da classe média alta.

(pausa silenciosa para acender um cigarro existencial. Olhar rútilo, viro-me para a câmera e começo, entre baforadas, a falar)

Tenho 27 anos. Sou branco, empregado, onívoro e heterossexual. Bebo, porém não fumo nem uso drogas. Não tenho arte corporal, uso roupas convencionais e meu corte de cabelo é o mais simples possível. Fui criado ouvindo rock e MPB, entre The Who e Chico Buarque. Um dia me disseram que eu deveria ver menos televisão e ler mais livros, o que acreditei piamente, e até hoje acredito. E, por mais incrível que isso pudesse parecer até há dez anos, hoje dizem que eu sou um completo dinossauro no mundo em que vivo.

(jogo o cigarro existencial longe. Sobe som, começa o filme)

* Charge de Calvin & Haroldo

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Então falar mal de colegas não posso.

Essa solidariedade nem foi na Igreja que eu aprendi, foi na rua, com o Cantiliano, o Maitá.

Falam muito em espírito de cantina, corporativismo, e tal, mas acho que todo homem tem direito, sim, a uma rua do mundo onde possa caminhar sem um juiz a cada esquina, e se desabotoar um pouco das vãs expectativas a seu respeito, e se sentir querido mesmo por quem sabe de sua miséria.

Uma rua onde, acossado, ele possa bater pique como nas brincadeiras da infância.

Essa rua pode ser alguém.

Agora Deus vai te pegar lá fora, Carlos Moraes.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

NESSE BALANÇO VOCÊ BAILA COMIGO

Se tem duas coisas que eu gosto nessa vida é de frieira e de terremoto no prédio onde trabalho.

De terremoto no prédio onde trabalho mais.

sábado, 19 de abril de 2008

UM ATESTADO DE SUPREMA BABETICE

Toda vez que falam da Itália eu já logo penso no Pepino di Capri. É um processo mental. Pois foi justamente o Pepino di Capri que me veio à mente quando conversava com o amigo e ovelha Leandro Beguoci . Para quem não conhece, Beguoci é o nosso homem no Vaticano. Tem o Bento XVI no MSN e tudo mais. Há um ano foi para Roma falar com o Papa, comprar sapatos e acabou voltando cheio de CD´s da Laura Pausini. Adora falar sobre a Itália.

Eu também gosto de falar sobre a península. Quando pequeno, eu achava a Itália o máximo. Primeiro, aprendi a gostar de futebol assistindo ao Campeonato Italiano (cito de cabeça a escalação da Internazionale campeã da Uefa em 1990-91: Zenga, Bergomi, Ferri, Paganin e Brehme; Battistini, Berti, Bianchi e Matthäus; Klinsmann e Serena). Segundo, minha mãe ouvia Pavarotti, Emilio Pericoli e Gigliola Cinquetti enquanto fazia macarrão no domingo. Logo, para o caçula dos D´Angelo Vives, tudo que vinha da Itália era enorme, estupendo, monumental.

Bem, tudo mudou quando Renato Russo gravou um CD em italiano. Ao mesmo tempo, nos primórdios da TV a cabo no Brasil, eu assistia à RAI e ficava espantado com a programação xumbrega: programas de auditório eram transmitidos o dia todo com uma sucessão de loiras a la Hebe Camargo, de maquiagem carregadíssima, a apresentar enquanto gritavam futilidades. Daí para o desdém não precisou muito, e eis me aqui tentando debochar copiosamente dos italianos.

É por isso que entendo quando Beguoci diz que a Itália é a São Paulo que não deu certo. Tem a balbúrdia paulistana, mas elege pela terceira vez o Silvio Santos local como primeiro-ministro. Berlusconi, o magnata da mídia da península, tem até o Silvio no nome. Eu acrescento: Berlusco é um mistão de Silvio Santos, Paulo Maluf e Sargento Pincel, aquele dos Trapalhões.

Reza a lenda que errar é humano, mas errar duas vezes é burrice. A terceira, então, é de uma babetice monumental. Agora, eu classificaria como inclassificável um país que elege pela terceira vez uma toupeira utópica que usa o discurso reacionário mais simplório e retrógrado possível: a ameaça comunista.

Pois bem, acreditar que os comunistas são um problema hoje na Europa é como acreditar no tutu-marambá. Diariamente, na campanha eleitoral, Silvio Berlusconi bombardeava seu adversário, Walter Veltroni, com todo aquele arsenal de afirmações dos tempos da Guerra Fria: Veltroni representa os comunistas infiltrados na sociedade italiana, Veltroni sonha com a volta da União Soviética, Veltroni é do mal. E, na realidade, Veltroni é só um tiozinho, um coitado sem carisma que está tão à esquerda na Itália quanto um PMDB da vida o está no Brasil. E foi este discurso chinfrim que fez com que 46% dos italianos votassem na direita nas eleições parlamentares, o que tornou o menino Berlusco premiê pela terceira vez.

Portanto, tem-se o seguinte cenário: a economia italiana está a caminho do beleléu, o desemprego aumenta, a população decresce, tem medo de estrangeiros, acredita em ameaça comunista e ouve Eros Ramazzotti. O que fazer?

Bem, sou um sujeito criado nas esquerdas de botequim. A esquerda remete a Karl Marx, tio-avô da Patrícia Marx. Ele sempre dizia que, ao diagnosticar um problema social, é necessário apontar uma solução. Eis a minha: a anexação da Itália pelo Brasil, o que apelidei carinhosamente de a anschluss tupiniquim.

Veja bem, a Itália seria para o Brasil o que o Suriname é para a Holanda. Além disso, ganharíamos fronteiras com a Áustria e a Suíça, fatalmente vizinhos muito mais elegantes que o Paraguai e a Bolívia, por exemplo. Em troca, os italianos receberiam de lambuja cinco títulos mundiais no futebol e uma facilidade impressionante ao vir ao Brasil para praticar turismo sexual, que é uma das poucas coisas que cativam os europeus aqui na América Selvagem.

Não é a melhor saída para os italianos, mas ao menos é uma saída. Porque, no ritmo atual, a Itália segue entalada na gôndola que leva o país rapidamente ao buraco da decadência, com Pepino de Capri acenando, ao longe, Ciao Amore, Ciao Amore, Ciao.

Em homenagem aos italianos, anuncio uma substituição em SorryPeriferia: sai a fotinho da Monica Lewinsky e seus lábios gulosos aí do lado, entra o Menino Berlusco, nosso ícone neo-renascentista.

terça-feira, 15 de abril de 2008

PORCALOCA

Posto aqui um micro-conto clássico de humor nonsense. Chama-se Porcaloca, do escritor humorístico italiano Claudio Manzoni, notório por seu humor negro e eventualmente sem sentido. Pouco sei sobre o Manzoni, mas é provavelmente o sujeito que eu vou mais estudar no futuro próximo.

Dois motivos me levam a colocá-lo aqui: primeiro, eu fuçava na estante quando me deparei com Os 100 melhores contos de humor da literatura universal, um dos meus livros de cabeceira e que sempre consulto (eu já havia postado Porcaloca no News Associados, lá se vão cinco anos). Segundo, trata-se de uma singela homenagem a esse povo malemolente que habita a Península Itálica, que acaba de eleger pela terceira vez a neo-toupeira Silvio Berlusconi como mandatário supremo da república. Escrevo sobre a eleição italiana no próximo post, sempre que o tempo e o vento permitirem.

Enquanto isso, com vocês, Porcaloca:

- Desculpe, foi o senhor que telefonou para que eu viesse amputar a sua perna?
- Eu? O que é isso?
- Mas o senhor se chama Dante del Torro, não é? Faz meia-hora, um fulano me telefonou para que viesse alguém que cortasse uma perna.
- Eu não telefonei. Deve ser outro Dante del Torro.
- Não, não...o endereço que me deram foi este. E neste endereço só há um Dante del Torro, que é o senhor. Um parente seu deve ter telefonado.
- Impossível. Hortênsia, por acaso você telefonou para que viessem cortar minha perna?
- Eu, não. Telefonei para o mercadinho pedindo que mandassem marmelada.
- Aí está, viu? Se o senhor tiver um doce de marmelada...
- Como posso ter um doce de marmelada? Eu trouxe uma serra, pois quem me telefonou me pediu que trouxesse a serra, uma vez que na casa não existia uma.
- Engana-se. Eu tenho uma serra.
- Mas é evidente que a serra não serve para cortar uma perna.
- Como não? É igual a sua.
- Mas se é igual a minha, por que me levaram ao incômodo de trazer outra serra?
- Ó Dante, deixa de discussão, homem de Deus. Deixa logo cortar essa maldita perna, mande-o embora e acabe logo com isso.
- Desculpa, Hortênsia, mas por que haverei eu de mandar cortar a minha perna quando não fui eu que telefonei? Tenho ou não tenho razão?
- O senhor tem razão. Mas o que é que eu faço agora? Alguém telefona, eu compro uma serra nova, gasto meu dinheiro, venho até aqui e acabo perdendo o meu dia a troco de nada. O senhor também deve me compreender...
- Bem, com boa vontade sempre pode se encontrar uma maneira de se chegar a um acordo. Tampouco ele, coitado, tem culpa. Escuta, Dante, você devia de algum modo concordar com ele. Por que não deixa que ele ampute um dedo seu?
- Epa! Pára lá, minha senhora! Um dedo não é suficiente!
- Antes isso que nada. Compreenda: é apenas para agradá-lo, porque eu poderia mandá-lo embora de mãos abanando, mesmo porque não fui eu quem o chamou.
- Bem, nesse caso, dois dedos.
- Ou um ou nada.
- Está bem, como quiser. Mas nesse caso, precisa que seja um polegar.
- Vá lá, vá lá...Que seja o polegar, já que me coloca nessa posição, está bem? E que seja esta a última vez, ouviu? Da próxima vez me telefone de volta para confirmar a chamada...Se o senhor não fosse um cara tão simpático...Pode...Ai!...poc...ahhh...vá aos poucos, isso, aos pouquinhos...Uuuuh!


* Os 100 melhores contos da literatura universal: organizado por Flávio Moreira da Costa. Editora Ediouro.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

GLAMOUR É PARA POUCOS. SORRY, PERIFERIA

Onze horas da noite. Você chega em casa com uma fome de oito etíopes. Você é solteiro e fez compras, a geladeira está abastecida com coisas interessantíssimas. Vamos cozinhar.

Ferve-se água numa panela. Pega-se o espaguete da Barilla, o mais fininho porque é o mais gostoso, e põe pra ferver. Jogue sal e azeite.

Em outra panela, você ferve o molho de tomate, aquele um caro que tem tomates descascados.

Acenda outra boca do fogão e jogue azeite numa frigideira. Frite almôndegas com todo cuidado possível, para que não se desmanchem, por aproximandamente sete minutos. Quando prontas, coloque-as no papel-chupão para que fiquem sequinhas.

De novo ao espaguete. Bata-o no escorredor e volte à panela, agora untada com azeite (já falei que adoro azeite?). Mexa bem e jogue o molho com os tomates pelados e as almôndegas. Você acha o molho shoyo embaixo da pia, desloque-o rapidamente sobre a panela só para subir aquele aroma. Jogue os champignons que você acaba de achar na geladeira. Misture tudo muito bem e coloque no prato, tomando o cuidado de colocar uma folha de agrião como enfeite. Agora é só se servir e bom apetite.


Rapaz, ficou uma bosta.

terça-feira, 8 de abril de 2008

A FÁBULA DA PLANTAÇÃO DE OVOS FRITOS


Flagrante da chegada de Padre Hernandez Vives na América Central (Óleo de Rugendas)

Foi no tempo da Inquisição. Ele era um homem bom e desceu da caravela fazendo o sinal da cruz, beijando o chão do novo mundo e xingando o maldito serviço de bordo, que passou os 45 dias da viagem servindo pão com picles para a rapaziada. Chamava-se Hernandez Vives, era da Companhia das Índias Ocidentais de Leão e Castela e, como já foi dito, era um homem bom. Tratou de colocar em prática sua bondade assim que chegou em terras guatemaltecas: abençoou os indígenas dóceis, fez amor com as indígenas meigas e mandou queimar quem duvidou que sua bondade fosse tão boa assim. Além disso, proibiu o picles por toda a América Espanhola.

Antes de entrar nos impressionantes fatos ocorridos neste cenário tropical, convém refrescar as sinapses do ilustre leitor com o contexto histórico. Guatemala, à época, era divida entre dois povos: os guatemos, índios guerreadores e arredios, e os malas, pacatos que eram vítimas de bullying dos primeiros. A guerra entre ambos se dava há muitas gerações: os malas ganhavam todas as competições de matemática existentes no continente. Em retaliação, os guatemos formavam catapultas de bolinhas de papel gigantes e destruíam as aldeias rivais. Foi em meio a esta guerra descabida que o Padre Hernandez Vives desceu em Guatemala e avistou um cenário de fome desoladora.

Certa manhã, depois de acordar e fazer suas abluções matinais, Padre Vives rezava quando foi tomado por um flash, um esboço de raio cósmico, uma espécie de luz divina. Foi tudo muito rápido. Logo a seguir, como se guardasse consigo esta idéia há tempos, saiu ele a procura de um ovo. Sim, um simples ovo. Ninguém entendeu bulhufas. Na cestinha em forma de galináceo em cima da geladeira não encontrou nada. No quintal, após chacoalhar insistentemente três galinhas, finalmente o padre castelhano conseguiu tirar delas um suado ovo. Cavou um espaço em meio às bromélias no jardinzinho e lá plantou o dito cujo. Todos os dias, ao acordar a ao pôr-do-sol, Padre Hernandez Vives religiosamente regava o seu xodó.

Duas semanas depois, para surpresa de todos que riam de sua excentricidade, uma reluzente planta tomava forma no quintal. E, no despertar da primavera, as folhas da tal planta se encorparam e deram vazão a um esplendoroso ovo frito. Ao ver tamanha benção, tanto os guatemos quanto os malas deixaram de adorar o deus sol e a deusa lua para adorar o deus ovo frito e seu legítimo representante na Terra, Padre Hernandez Vives.

Plantar ovos se transformou na grande coqueluche da época. Ao ver os povos outrora inimigos unificados contra a fome, Padre Vives se reuniu com os líderes tribais e declarou a frase que até hoje consta no hino nacional da Guatemala:

- Onde houver a clara, que eu leve a gema (em espanhol: Donde estará el blanco del huevo que ei de tomar la yema), declarando unificado o país.

Mas nem tudo era festa na Guatemala. Uma parcela considerável da população não gostou nada da plantação de ovos fritos: os galináceos. Outrora adoradas e bem mantidas, as galinhas passaram a migrar sem trabalho para as periferias. Mais que isso: todo sábado era uma carnificina, uma vez que muitas donas de casa matavam esses bichos para a galinhada em família no domingo.

As insatisfeitas aves trataram de mexer os pauzinhos para um contra-ataque na mídia local. O líder do motim foi um dono de granja que já havia sido muito influente no passado: o Senador Dom Álvaro Diaz.

Aproveitando-se de seus contatos na imprensa guatemalteca, Dom Álvaro Diaz divulgou um suposto dossiê onde se dizia que Padre Hernandez Vives sabia dos perigos do colesterol na dieta baseada em ovos fritos, mas que não os divulgava, e que isso era parte de um plano maior de aniquilação da população guatemalteca.

Em meio a esta nova tensão, para a sorte das galinhas e do senador, um surto de salmonela assustou o país. E, por fim, um grupo de vegetarianos vegans resolveu protestar contra o consumo do ovo. Atiraram exemplares da iguaria em Padre Hernandez durante uma festa de gala e distribuíram gemadas com ovos de soja para os transeuntes que passavam na frente da casa do castelhano. Virou moda.

A revolta política e gastronomicamente correta gerou uma tensão fortíssima no país, culminando na expulsão de Padre Hernandez Vives do território. Forte, corajoso e modesto, Vives não aceitou as condições e por lá permaneceu, até ser executado com uma melancia na cabeça por vegans enquanto regava seus pezinhos de ovos fritos no quintal onde o primeiro deles foi plantado.

Hoje, tudo que remete a Padre Hermandez Vives é tabu na América Central. O único resquício desta história é a famosa galinhada a la Hernandez Vives (a base de ovos, alecrim e azeite), muito apreciada nos principais restaurantes de Champerico, Puerto Quetzal e outras cidades do litoral guatemalteco, facilmente encontrável por não mais que 8 reais.


Moral da Fábula: ao plantar ovos, procure fazê-los com ovinhos de codorna, compactos e muito mais nutritivos.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

RESPEITO É BOM E NINGUÉM GOSTA

Posso citar um exemplo definitivo de um sujeito que não é respeitado: eu.

Imagine o nobre leitor que tenho um sobrinho de dois anos que morre de medo de mim. Além de ter proporções pantagruélicas, tenho barba e não falo miguxês - ao invés do tradicional guti-guti, só o cumprimento com um "E aí, fera?", que é coisa de caras durões como eu. Pessoas grandes, barba e a ausência do miguxês são três coisas que causam medo em crianças.

Porém, o dito cujo do meu sobrinho perde a paúra em apenas uma ocasião: quando atola o dedo no nariz. Não sei se fui claro: ele se dirige a mim somente com o dedo limpando o salão. Quando alguém diz: "Cumprimente o seu tio", ele chucha com veemência o indicador na cavidade nasal e começa a gargalhar miseravelmente.

É claro que vou passar num sebo e comprar edições antigas da Mad pra ele.

Chupa, Sasha.