Qualquer coisa que eu vá dizer sobre o Big Brother vai cair na mesmice que você já conhece. Independente de assistir ou não, você já sabe que o programa é fútil, bobo e levemente retardado. Posto o intróito, contextualizemos, para chegar na pitada filosofal só no final, tal qual uma redação de colegial - rimou tudo, que péssimo.
Estava eu no meu plantão de domingo à noite pronto para sair, tomar uma cerveja e depois dormir. Mas antes havia um paredão em minha vida, que é um troço importante também no BBB, não só em regimes ditatoriais. No tal paredão, um dos participantes do programa é eliminado. Parece que o tal paredão era ainda mais importante, já que era o último. Pois bem, liguei na Globo, joguei os pés sobre a mesa e acendi um cigarro existencial - eu que não fumo só acendo cigarros existenciais.
Não sejamos hipócritas. Não vou dizer que o programa é ruim porque é fútil, não transmite cultura, os participantes são limítrofes ou coisas do tipo. Se fosse fútil, mas daquelas futilidades exorbitantes e escancaradas, ms que fosse divertido, eu assistiria numa boa.
Acontece que o lance é de uma chatice de missa em latim às seis da manhã. São todas as reclamaçõezinhas e futriquinhas que existem em uma república de faculdade ou em casa de família grande. A diferença é que é uma rapaziada bombada e/ou siliconada cantando u-uhu- ai ai ai ai ai ai. E tinha-se lá duas loiras cansativas e um rapaz com nome em diminutivo que, após duas ou três frases jogadas ao vento, concluí ser um pulha. Agora não lembro, mas se o nome dele não for Rafinha, certamente é Jaiminho, ou algo no diminutivo condizente com sua pulhice. Resumindo: é mais emocionante a vida num aquário, tipo o Nemo naquele consultório do dentista chato, do que o BBB.
Porém, o que me chocou foi ler no Terra que uma das loiras foi eliminada naquela noite num pleito de aproximadamente 42 milhões de votos - eu disse 42 milhões de votos - em 24 horas.
Contextualizemos mais uma vez. Segundo o Seade, a população do Estado de São Paulo tem mais de 41 milhões de habitantes. É como se você que é paulista, toda sua vizinhança, seu primo de Araçatuba e toda a vizinhança dele ligassem pro Doutor Roberto para tirar uma das loiras da casa. Se você tem complexo de inferioridade e prefere comparações internacionais, a Espanha tem pouco mais que isso de habitantes; a Argentina, pouco menos.
Sim, eu sei que se pode votar quantas vezes quiser, e que tem gente que passa o dia todo fazendo isso. Supomos então que o número de pessoas, os "usuários únicos", seja a metade disso. Mesmo assim temos 20 milhões de pessoas, ou toda uma Minas Gerais, participando ativamente da degola loirística.
Agora me dê licença que eu abri uma Therezópolis, o que me deixa profundamente emotivo e filosófico.
Fico de pé sobre a cadeira para escrever estas linhas, as quais digito furiosamente, como se gritasse: cadê a polícia que não faz nada? É pra isso que os dinossauros foram extintos, que aprendemos a tocar fogo, que Moisés organizou a primeira maratona aquática da História rumo ao Egito, que livramos a Europa dos bárbaros, que destronamos o czar, que salvamos os judeus? Para que 20 milhões de pessoas ficassem mandando SMS para degolar loiras? Foi pra chegar a isso que Karl Marx tirou o megafone do Engels e gritou pra rapaziada: "Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão"? Foi pra chegar a isso que Jean Paul Sartre, um sujeito que acreditava no ser humano, pegou um pandeiro na aula-magna da Sorbonne e batucou filosoficamente "O que que vou fazer com essa tal liberdade"?
Vou dormir triste e desolado com a experiência dessa vida. É por isso que eu bebo. Ou, como diria outro poeta que entendia a alma humana: "Aí eu me afogo num copo de cerveja".
Bí Quyết Để Trúng Jackpot Nhận Thưởng Khủng Tại Sodo66
-
Khám phá bí quyết để trúng jackpot giành chiến thắng lớn trong trò chơi
slot luôn là đề tài “nóng bỏng tay” trong cộng đồng người chơi tại Sodo66.
Đây khôn...
Há 5 semanas
Nenhum comentário:
Postar um comentário