
São quatro e dois da manhã e há pouco eu lia em minha cama quando um pernilongo matreiro resolveu dar uma bitoquinha na minha orelha. Tentei dar uma porrada nele, mas os pernilongos constumam ser mais ágeis que os Vives, donde conclui-se que ele se afastou de mim como se estivesse rindo da minha incapacidade de vitimá-lo. Aí pensei que os budistas recriminariam minha atitude de tentar matar o desagradável inseto, uma vez que, na crença deles, quando uma pessoa morre, ela pode se transformar em qualquer bicho. Quem me garante que aquele pernilongo não é um ancestral meu averiguando de que maneira eu estaria honrando o sangue da família?
Foi aí que tive o estalo, tal qual uma jaca caindo na cabeça de Newton, e passei a querer matar freneticamente o pernilongo, assim como qualquer outro bicho que surgisse em minha frente. Vejam só, se aquele mosquito sacripanta for a encarnação de uma pessoa, nada melhor que matá-lo de novo para que ele tenha melhor sorte na próxima vez, podendo reencarnar desta feita na pele de um ganso, uma capivara e, talvez com sorte, em um porco ou chipanzé, todos estes bichos mais nobres que um pedacinho de carne chamado pernilongo.
Portanto, não sei se isso significa um novo horizonte para o budismo, mas caso ser uma espécie singular de dalai lama pós-moderno der dinheiro, me inclua dentro desta. Mas já vou logo dizendo que não me venham com esse papo de vegetarianismo, que, sem um coelho assado ao molho de cebola de vez em quando, ninguém segura esse rojão.
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