Toda semana recebo centenas de cartas de fãs querendo saber mais sobre o autor de SorryPeriferia. Pois sacio a avidez mestiça dos leitores a meu respeito relatando aqui um trecho do meu livro F. Vives: vi, vim e esqueci, que está sendo lançado pela Editora Ibotirama (R$4.50 + um ovo grátis, se vier com acompanhamento de feijão). Aguardem a festa de lançamento. O Diogo Mainardi já está preparando resenha a respeito.
"Nasci na província de Omsk, antiga União Soviética, com o nome de Fernanditri Kalinichenko Vivensky. Cresci num reformatório da Juventude do Partido Comunista em Moscou, onde era obrigado a ajudar velhinhas a atravessar a rua enquanto cantava a Internacional Comunista. Um belo dia troquei tudo e fiz a velhinha dar com a cara no poste enquanto eu cantava In the Navy, do Village People, o que me obrigou a fugir porque a KGB ficou no meu encalço por anti-patriotismo. Fui preso no meu aniversário de 15 anos - tomei umas vodkas a mais na Birosca do Vadin, perto da Praça Vermelha, e quebrei tudo (o Vadin, a quem devia fiado, chegou a me visitar na cadeia pra cobrar a grana, o feladaputa).
Passei quase dez anos na prisão de Magadan-Kolyma, na Sibéria, onde fazia trabalhos forçados como quebrar pedras, soldar bigornas e fazer bolinhos de chuva para o Marechal Maricowsky, uma tremenda bichona que passava a mão na nossa bunda enquanto trabalhávamos. Um dia fiquei irritado com a patolada e meti-lhe a picareta nas partes pudentas, para delírio dos outros presos. Aproveitando a empolgação do momento, organizamos um motim. Quebramos tudo, mas o Coronel Ubiratanov entrou com os tanques e abriu fogo na rapaziada. Como as armas que ele utilizou datavam da Revolução de 1917, tamanha a dificuldade financeira pela qual já passava a URSS nessa época, ele acabou matando apenas o Stalin, nosso cão vira-lata que capturava umas ratazanas gordas escondidas que nos serviam de mistura nos almoços de domingo. O episódio ficou conhecido como "O massacre das 111 pulgas da Gulag Siberiana", já que elas foram as principais vítimas com a morte do cachorro. Mesmo assim, a rebelião me fez ídolo entre os detentos.
Retido, me jogaram para a solitária, onde passei o tempo todo apenas na companhia do livro Marimbondos de Fogo, coletânea de poemas escrita pelo então presidente brasileiro José Sarney. Este livro salvou minha vida na prisão. Primeiro, pelo conteúdo fascinante, onde aprendi a viver melhor e a encarar uma ferroada de marimbondo pelo viés poético. Segundo, e principalmente, porque comi o livro em um momento de desilusão estomacal - confesso que quase vomitei ao chegar na página 9. Quando um belo dia abriram a porta da solitária me oferecendo uma Coca-Cola - um tal de um muro não sei onde havia caído - eu já estava na terceira mordida da capa, a parte que restara do livro.
Livre e apaixonado pela obra que havia digerido literal e metaforicamente, resolvi abandonar minha terra natal e tentar vida nova no Brasil. Cheguei através de um porão de um navio cargueiro, sendo recepcionados pelos estivadores do porto de Santos. Eu olhava para eles e repetia as palavras "José Sarney! José Sarney!" sem parar. Eles logo deduziram que 1) Eu não falava patavinas de português; 2) Provavelmente eu era uma anta. Tais conclusões levaram os estivadores a me indicar para tentar a sorte no jornalismo.
Acabei entrando na profissão por vias indiretas. Comecei fazendo um teste para ser o modelo de abertura do programa do Fantástico. Eu saía da água e gritava: "É-FAN-TÁS-TI-CÔ!", mas a minha branquelíssima barriga de cerveja não caiu bem aos olhos do diretor, donde chamaram a Isadora Ribeiro para fazer tal cena que, registra-se, ficou bem melhor. Após uns bicos de figurante em Doris para Maiores (eu era um gringo asmático em uma esquete que se passava na praia do Leblon) e Malhação (professor de educação física odiado pelos protagonistas e que implicava com o Mocotó), consegui um frila para a Revista Veja no qual forjei um estudo da Universidade de Vladivostok, no qual dizia não haver mais pobres no Brasil desde a implatação do Plano Real. Quase fui premiado pelo texto.
Atualmente me dedico à literatura, área em que escrevi as obras Abelhas de Porre, Formigas Mamadas e Joaninhas Travadonas, todas coletâneas de poemas inspiradas livremente na obra Marimbondos de Fogo, de meu mestre José Sarney. Ganhei o prêmio de Plágio do Ano da Academia Amapaense de Letras em 1998 e a certeza de que tudo valeu a pena."
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Há 2 semanas
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