
Ah, o romantismo das cidades do interior. Jundiaí transpira ares bucólicos, Jundiaí transpira nostalgia, Jundiaí... foi evacuada na última segunda-feira porque a gurizada do PCC explodiu umas bombas na praça da Igreja Matriz e fez a galera correr pra casa na maior vula, com a mão na cabeça pro chapéu não cair. Pomar, amor, cantar. Mas essa foi uma observação impertinente de um oposicionista sentimental que não nota as casas entre laranjeiras e as mulheres entre bananeiras ou, no caso, de parreiras, já que Jundiaí supostamente é a terra da uva.
Mas declaro que está de lado meu amargor e relato aqui as peculiaridades jundiaienses para você, ignóbil, que acha que Jundiaí é aquela coisa toda que se viu em Terra Nostra, com o Mateo e a Giuliana eternamente em prática copulativa sob complacentes pezinhos de uva.
Primeiro, na primeira entrada da cidade, o quartel sauda os que chegam com uma estrepitante mensagem no muro que dá para a Anhangüera: ABRAÇADO AO CANHÃO MORRE O ARTILHEIRO. O curioso é que a gente sempre lembra disso no carnaval, quando nos referíamos uns aos outros como "artilheiros", mas tal fato não vem ao caso agora.
Na entrada principal, na avenida de mesmo nome da cidade, outra placa, dessa vez de autoria da prefeitura: Bem-vindo à Jundiaí, Terra da Uva: Circuito das Frutas. Enfim, de uma singeleza homo-erótica ímpar, da qual não compactuo nem faço parte, mas respeito, porque o mundo moderno é isso aí e o São Paulo Futebol Clube é campeão do mundo, coisa e tal.
Agora, o que nem os jundiaienses sabiam é que Jundiaí não só é a Terra da Uva e do Trabalho (como está escrito nos ônibus urbanos), mas também a terra dos assentos sanitários. Sim, vasos. Privada, meu. Porque juntei os pauzinhos e constatei hoje que a grande maioria das fábricas de privada ficam em Jundiaí. Tive esse estalo como se uma jaca caísse na cabeça de Newton, e perguntei ao meu pai sobre a sui generis quantidade de fábricas de tronos, da qual obtive a seguinte resposta:
- É... Jundiaí tem fábrica de privada pra caralho...
A título de informação - sempre quis usar essa expressão pedante -, a Astra, a Deca e a Ideal Standard - ou seja, três das quatro principais marcas de vasos, bidês e outros artigos glúteos - têm sede em Jundiaí. A quarta marca, a Celite - que recentemente foi comprada pela Roca, conglomerado espanhol gigante do ramo de privadas - não tem sede, mas sim um importante estoque na cidade onde nasceram Marcelo Augusto, Cida Marques e o primeiro eliminado da história do Big Brother Brasil.
Como se pode ver, Jundiaí é a meca das privadas. Não fale mal da cidade que mais trata seus glúteos com carinho. Aliás, tá aí um slogan pra botar na entrada da cidade. Fica aí a sugestão.
Eta vida besta, meu Deus.
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