sexta-feira, 29 de outubro de 2004

SEPARADOS NO NASCIMENTO


O morimbundo Arafat atualmente está a cara do Abraham Simpson, pai do Homer. Não há alguém no momento que se pareça mais com o Vovô Simpson do que Yasser Afarat. Ouso dizer até que Arafat se parece mais com o Vovô Simpson do que o próprio Vovô Simpson, o que é uma estranha questão metalingüística. É como o miojo de quetechupe. O quetechupe é uma representação do tomate que ganhou vida própria. Não existe miojo de tomate, existe o miojo de quetechupe. E nisso há toda uma relação de signos, significantes e significados que demandaria toda minha existência culinário-bloguística para provar. "Praticamente um Roland Barthes jundiaiense, com requintes de Palmirinha", já diria a vizinha de Nelson Rodrigues, gorda, patusca e cheia de varizes.
Mas não é nada disso que eu queria dizer. Estou triste porque Yasser Arafat está com os pés e a cadeira de rodas na cova, enquanto aquele porcão castrado do Sharon ri à toa. De um jeito torpe, fica aqui registrada a minha indignação.
- Desce um Homer Flamajante em homenagem ao Arafat, Moe.

quarta-feira, 27 de outubro de 2004

FESTIVAL DE CINEMA EXÓTICO 2004: PREPARE SEU SORRISO BLASÉ

Assim como fiz no Associados em 2003, seleciono aqui os filmes que fazem o Espaço Unibanco lotar de fãs do Gerald Thomas com melancias penduradas no pescoço, durante a Mostra 2004:


CAMELOS TAMBÉM CHORAM (Alemanha, Byambasuren Davaa e Luigi Falorni) - No interior da Mongólia, uma fêmea de camelo dá a luz a um bebê camelo albino. Dada a cor do filhote, ela o rejeita. Tocada pela situação do recém-nascido, uma família de pastores nômades vai até a cidade mais próxima em busca de um músico que toque uma melodia capaz de fazer a mamãe camelo dar atenção ao filhote.

OLHOS DE VAMPA (Brasil, Walter Rogério) - Crimes aterrorizam o bairro de Pinheiros, em São Paulo. Mulheres são encontradas amarradas com fita isolante nos pulsos, uma mordida na nádega e um pêssego enfiado na boca. O suspeito é um homem chamado Vampa. Um investigador de polícia é atacado por ele e passa mal. Melhora na noite de lua cheia e se revela mais um vampa.

ARCANJO (Canadá, Guy Maddin) - No inverno de 1919, toda uma cidade no norte da Rússia sofre de amnésia. Um soldado chega na cidade e se apaixona por uma moradora local, que ele a confunde com sua amada morta. O clima dos habitantes estranhos do local o contagia, e ele só pensa em recuperar a amada morta, sua perna amputada e suas próprias raízes.

A MÚSICA MAIS TRISTE DO MUNDO (Canadá, Guy Maddin) - Mulher aristocrata do início dos anos 30 abre concurso pra saber qual é a música mais triste do mundo. Irmãos jazzistas da Broadway se candidatam. Chester, um deles, é casado com Narcissa, uma ninfomaníaca sonâmbula, que é sua musa inspiradora. Roderick, o outro irmão, acaba de voltar da guerra da Sérvia e está inconsolável. Mas a família guarda um segredo: o pai dos rapazes, Fyodor, foi responsável pelo acidente que fez Lady Port-Huntly, a financiadora do concurso, ter de amputar as duas pernas. Adaptado de um roteiro original do escritor Kazuo Ishiguro. Repeteco da Mostra passada porque o diretor é um dos homenageados desse ano.

JAGODA NO SUPERMERCADO (Sérvia, Alemanha, Itália) - Frustrada por causa de um encontro amoroso malsucedido, a atendente de supermercado Jagoda resolve descontar toda sua raiva numa velhinha que, tarde da noite, chega à loja em busca de morangos frescos para fazer um bolo de aniversário para seu neto.

ENCRUZILHADA (Polônia, Malgorzata Szumowska) - Amanhecer. Algumas mulheres cantam enquanto mantêm os olhos fixos na figura de Cristo pregada a uma cruz instalada à beira de uma estrada. Mais tarde, um camponês bêbado cai enquanto passa pelo crucifixo e, ao se levantar, olha para a imagem como se tivesse sido reprimido por Deus. Pouco depois, um carro luxuoso pára diante do artefato e dois homens descem do carro. Um deles urina na árvore em frente ao crucifixo. À tarde, um grupo de crianças, lideradas por um padre, diz ao olhar para o crucifixo: "Abençoado seja Deus", e o padre sorri satisfeito. Uma série de ações acontece no local até que dois homens substituem o Cristo do crucifixo por um outro muito mais colorido e sorridente.

A FACE OCULTA DA LUA (Canadá, Robert Lepage) - Trabalhando à noite como operador de telemarketing, durante o dia Philippe só tem pensamentos para sua tese de doutorado, que gira em torno da filosofia da cultura científica e das motivações narcisísticas da exploração espacial. Seu irmão mais novo, André, é gay e trabalha como meteorologista de TV numa emissora local. O filme discursa sobre a eterna preocupação em encontrar um sentido para o universo e descobrir qual o seu lugar dentro dele. O diretor é colaborador do Cirque du Soleil.

DELAMU (China/Japão, Tian Zhuangzhuan)- Documentário que relata a vida dos tropeiros de mulas do Tibete. As imagens captadas sob luz natural mostram tropas de mulas sobrecarregadas, equilibrando-se em caminhos estreitíssimos, pontes de madeira sacolejantes sobre abismos a grande altura.

COMPANHIA SILENCIOSA (Irã, Elham Hosseinzadeh) - Dias antes do confronto entre EUA e Iraque, um homem iraquiano cruza secretamente a fronteira entre Iraque e Irã numa pequena embarcação. Seu destino é uma aldeia onde pretende conseguir, com alguns amigos contrabandistas, um vestido de noiva emprestado.

CHUVA OUTRA VEZ (Irã, Ali Vazirian) - Javad vive em uma região extremamente chuvosa. O menino sonha em possuir um guarda-chuva, assim como todas as outras crianças de sua idade. Apesar da dificuldade, sua mãe tenta realizar seu sonho.

PRODUZINDO ADULTOS (Finlândia, Aleksi Salmenpëra) - Venla é psicóloga de uma clínica de fertilidade. Ela quer ter um filho, mas seu companheiro é estéril. Ela tenta a clínica de fertilidade onde trabalha, mas passa a sentir atração por uma amiga sua, enfermeira do local.

SUBCUTÂNEO (Brasil, Ricardo Costa) - Entre sonho e realidade, numa época de opressão, um lugar subterrâneo carregado de lembranças silenciosas e algumas situações subcutâneas, onde as palavras não são mais necessárias.

NICELAND (Dinamarca, Fridrik Thor Fridriksson) - Jed e Chloe são dois jovens deficientes mentais apaixonados. Certo dia, Jed mata acidentalmente a outra grande paixão de Chloe, seu gato. Abalada, ela se fecha num silêncio sepulcral e perde a vontade de viver. Levado a acreditar que um misterioso negociante de ferro-velho chamado Max tem a resposta, Jed entra cautelosamente no excêntrico mundo deste homem solitário.

MAL DOS TRÓPICOS (Tailândia, Apichatpong Weerasethakul) - História de um casal de homossexuais e sua misteriosa relação com a selva do nordeste da Tailândia, um lugar quente e úmido onde todos os acontecimentos são regidos com regras próprias. O tempo é mágico e o amor é feliz e sem complicações para o soldado Keng e o jovem Tong. Mas esta harmonia é rompida porque algum tipo de besta selvagem está trucidando as vacas da região.

terça-feira, 26 de outubro de 2004

ANIMAIS HIPÓCRITAS

Quando pequeno, eu gostava de bichos. Passei boa parte da infância brincando com os cachorros, os gatos e as galinhas que haviam no pomar do fundo das casas da vizinhança. Na estante de casa há até hoje uma enciclopédia amarela de cinco volumes intitulada Os Bichos, aliás, pelo qual o atual estado deplorável assumo inteira responsabilidade.
Eu também tinha o hábito de assistir dois programas na TV: América Selvagem (canto a musiquinha até hoje) e o Mundo Animal. E foi neste último que passei a conhecer uma espécime rara de toupeira chamada musaranho. Trata-se de um bicho diminuto, cujos maiores exemplares não ultrapassam os dez centímetros. O musaranho é, enfim, uma toupeirinha. E como se não bastasse ter nascido toupeira, é completamente cego. Exagero: quase completamente cego, pois eventualmente enxerga vultos.
Mas há outra característica que faz do musaranho um bicho tão peculiar ao ponto de me fazer lembrar dele tantos anos depois: sua personalidade arredia. Musaranho que é musaranho não vive em sociedade e só aparece de tempos em tempos, para acasalar. Cada exemplar dessa espécie demarca seu território e não permite que nenhum outro musaranho entre no dele, o que acontece com muitos outros animais. E quando isso acontece, tem-se um duelo que difere o musaranho das outras espécies de bichos arredios. Além de inteligência, o fator músculo também não é recorrente no meio musarânico, o que faz com que esses bichos não se digladiem pelo território. Os adversários simplesmente param em frente um do outro e espicham os corpos na tentativa de parecer maior do que realmente são, mostrando os muques que não existem. São horas a fio de grunhidos, caretas e bíceps inexistentes até que um dos dois se convença que é menor que o outro é vá embora. Patético, ainda mais se considerarmos que os musaranhos são cegos. Ponha-se no lugar de um: você mostra os muques para seu adversário que você acha que está na sua frente, mas que pode ser um ramo mais grosso de tiririca, pois você só é capaz de enxergar um vulto.
Acho que o que vale ressaltar aqui é o caráter hipócrita dos musaranhos. Eles se mostram, disfarçam a pequenez, grunhem e tentam se impor causando medo no adversário. Mas no fundo, eles sabem que não passam de toupeiras cegas.




domingo, 24 de outubro de 2004

Esse não será um post engraçadinho. Aconteceu em um final de novembro como esse, em um clima ameno como esse, mas com chuvas esparsas ao longo daquela noite. Era uma festa da igreja do meu bairro, uma quermesse mesmo, dessas de se arrecadar fundos pras creches no Natal. Ela sabia do meu interesse. Todos ali sabiam. Mas naquele momento eu já não esperava mais nada.


Todos nós sentados em volta de uma mesa, sonhando com cerveja mas tomando refrigerante, aquele aglomerado de moleques de bermudas largas e bonés, com espinhas e pêlos ralos espalhados pela cara. É quando um vem me avisar. "Vai lá falar com ela. Ela quer falar com você". Aquele um metro e oitenta e cinco saiu desequilibrado para onde ela estava, sem ter idéia do que dizer. Ele a achava tão bonita que ficava intimidado na frente dela. Mas sem qualquer embaraço, ela pegou o grandalhão pela mão e ambos abandonaram o pátio da igreja.

- Onde vamos?

- Não sei, não tenho idéia - respondi - Acho que ali na porta do despachante.

- Ali, em frente da casa da Gislaine? Nem pensar. A mãe dela fica no jardim sentada com o marido depois da novela. Se ela vê a gente, vai contar pra minha mãe.
E então rodamos pelo quarteirão. Era simples assim. Não precisávamos falar mais nada, já nos conhecíamos há meses. Nada era difícil aos 14 anos. A chuva voltou, e improvisamos um refúgio na porta do Jundianel, uma loja de rolamentos atrás da igreja. Havia um degrau, ficamos nivelados em altura. Silêncio. Ela realmente era linda. Com uma blusa vermelha colada ao corpo e uma calça preta que realçava suas formas. Eu, com uma camisa de manga comprida e um bermudão que denunciava minha idade. Passei-lhe o braço pela cintura.

- Você nunca fez isso, mas eu já.

Assenti com a cabeça. Não conseguia parar de olhar para ela. Ela, dez vezes mais mulher do que eu homem. Bentinho e Capitu. Clichê sim, não tenho culpa. Passei-lhe o outro braço pela cintura, ela respondeu com o dela no meu pescoço.

- Você gosta mesmo de mim, não é? Me deixa envergonhada me olhando desse jeito.

Depois só me lembro de fechar os olhos e sentir o cheiro dela e da chuva. Ao fundo, a rádio Dummont que vinha do auto-falante da igreja tocava as músicas da época que eu gravava em fitas cassete. Mas aquele primeiro contato não me remeteu a tudo aquilo que eu via no cinema. Era estranho. A única coisa diferente que senti foi o gosto da saliva dela.

- Me beija de novo que você acostuma. Aí sim fica bom.

Ela tinha razão. Ela só podia ter razão. Eu gostava tanto dessa moça que ela era ali, pra mim, a própria razão em pessoa. E como eu adorava a rádio Dummont. Free as a Bird, ao fundo, foi o que de melhor alguém poderia ouvir naquele momento. Também me lembro de Sounds Like a Melody. Ambas faziam parte da minha coleção de cassetes. As outras muitas músicas não ficaram na memória. E foram quase três horas assim, feito um filhote que sai da toca e que vai tateando tudo até se acostumar com o que a vida tem de bom.

Eu sonhei com isso essa noite. Faz nove anos, eu já não me lembrava mais. Eu seria uma pessoa pior se não tivesse vivido certas coisas, como essa. O mundo foi estreito para Alexandre; um desvão no telhado é o infinito para duas andorinhas.

sexta-feira, 15 de outubro de 2004

VIVES STARDUST

Cogitei a hipótese de fazer um testamento durante essa semana. Essa foi a única gripe que me obrigou a tomar remédios nos últimos cinco anos, com certeza (tirando o pitoresco incidente com o joelho). Ontem, dez da noite, passei na farmácia e pedi pro cidadão encher a mesa com tudo que houvesse pra baixar a febre, acabar com dor de garganta, infecção e todas essas frescurites. Trouxe uma sacola cheia pra casa. Sou um adepto do ultracapitalismo, gosto de resultados rápidos e eficientes, e por isso tomei tudo de uma vez em doses cavalares, bem maiores que as recomendadas. Na pior das hipóteses, eu ia ficar doidão. Escrever o projeto experimental doidão é legal: ele fica muito mais experimental. 

Mas eu não contava - e nunca conto - com os efeitos colaterais. Passei o dia urinando numa tonalidade fosforescente de laranja. Em outras palavras, fui no dia 14 de outubro de 2004 mais misógeno do que David Bowie tentou ser em 1970 (tirando a parte do homossexualismo, que é só com ele). Os canos da CETESB nunca mais serão os mesmos depois de hoje.

terça-feira, 12 de outubro de 2004

O CÉU É O LIMITE

Vou abandonar o jornalismo após o TCC. É. Estou escrevendo o roteiro de um filme. Pensei em me dedicar à literatura, mas essa não dá lucro e ninguém mais lê. Eis o enredo: 

Nos dias atuais, um rapaz vindo do interior mora na rua Pirineus, centro de São Paulo. Trabalha numa repartição pública que nem ele mesmo sabe ao certo qual é sua função. Leva uma vida absolutamente monótona. Certo dia, ao chegar em seu prédio após o expediente, recebe uma carta do governo dos Estados Unidos o convocando para lutar na Guerra do Vietnã. Fica desesperado. Vai pedir conselho aos vizinhos, pois ele nunca saiu do país e não tem idéia do que é lutar numa guerra. Um deles o aconselha a alugar filmes sobre a Guerra do Vietnã, e é o que ele faz. A trama toda se desenvolve com ele assistindo os filmes e, nos intervalos, indo nos bares da região contar sua história e pedir conselhos. Simultaneamente, ele vai até o consulado americano para pedir um visto de entrada nos States, porque, segundo a carta, é de lá que o destroyer em que ele servirá vai sair. Mas o cônsul não vai com a cara dele e dificulta as coisas. 

Todos dão conselhos: uns tentam fazer com que ele fuja e não vá lá, uma cafetina dá um santinho protetor pra ele pendurar no pescoço, um bêbado durão dá dicas de como pegar vietnamitas mais jeitosinhas. Em dado momento da trama, o personagem, curioso de como é lutar numa guerra, visita um veterano da Guerra de 32, que sofre de Alzheimer e não fala coisa com coisa. O fundamental é que ninguém diga durante o filme que a guerra do Vietnã já não existe mais, deixando o espectador desconfortável e xingando o roteirista. Estou pensando em Jean Paul Belmondo como o ator principal. 

Sou um gênio incompreendido. 99,9% de incompreendido, 0,01% de gênio. Mas minha mãe gostou, que é o que importa. Sorry, Hollywood.

quinta-feira, 7 de outubro de 2004

TODA ESTUPIDEZ SERÁ CASTIGADA

Religião é um assunto desagradável. Cada um tem a sua e eu só discuto se alguém quiser muito discutir. Não há nada mais chato que um sujeito agnóstico querendo fazer a cabeça de alguém que não quer ter sua cabeça feita. O mesmo vale para futebol, cinema, literatura e outros mais. Você vai enrolar, enrolar e dificilmente chegará a conclusões esclarecedoras. 

Mas qualquer nego que repita a frase "política, cada um tem a sua preferência e não me encha o saco" merece ter a cabeça enfiada na privada para que puxemos a descarga sucessivas vezes. Não, caro estróina. Se você for anglicano xamanista e torcer para o Bandeirante de Birigüi, nada disso vai me afetar (só vou te zuar um pouquinho). Mas se você votar no Maluf, na Dra. Havanir (que só deveria sair de casa devidamente encoleirada) ou nos Agnaldos Timóteos da vida, sua estupidez vai me afetar sim, porque, se eleitos, eu também arcarei com as conseqüências da tua burrice. Ou você pensa que eu teria votado no Collor em 89? 

Logo, é imprescindível que todo ser humano apto para votar discuta política nas eleições. E é ainda mais importante que você, ser esclarecido, estimule os seres desfavorecidos de senso de ridículo a votarem com o mínimo de parcimônia. Sabe aquele seu vizinho que não gosta do Lula porque ele só tem até a quarta série? E aquela sua tia-avó de 84 anos que vota no Eymael porque ele manda pra ela um cartão desejando Feliz Natal todo final de ano? Então, esses são os alvos. 
O primeiro passo é desestruturar o preconceito. O Lula é um cara que, apesar dos mil defeitos que hoje tem, é o cara que mais conhece o país e seus problemas. Disparado. Você ter se decepcionado com a política econômica do governo dele, mas nunca dá pra dizer que ele é burro. Isso Lula não é. Nunca vi um burro liderar a maior greve da história brasileira, o primeiro partido político de fato do país, etc. 

Tenho um amigo que abomina o Maluf porque ele é turco. Respondo que ele tem que abominar o Maluf porque ele é cria da Ditadura, inventor da Paulipetro e teve uma administração em São Paulo absolutamente cleptomaníaca. Uma simples questão de causa e conseqüência. Se ele é turco ou boliviano, pouco me importa. 

Ainda postarei, antes do final do mês, do porquê eu votaria na Marta em São Paulo. Porque eu tenho argumentos e irei usá-los e topo discutir com o seu Civita ou com o gari da Avenida Angélica, e não importo de quebrar o pau por causa disso.

terça-feira, 5 de outubro de 2004

TE CUIDA, MATUSALÉM

É impossível deixar de ler Maldição e Glória, de Carlos Maranhão, a biografia de Marcos Rey. Comecei ontem e já alcancei as última páginas. Não costumo ler rápido. Diminuí o ritmo e releio trechos, porque não quero que acabe. 

Mas esqueçamos o biografado e sua vida cinematográfica (que eu desconhecia por completo). Esqueçamos o biógrafo e o ritmo de texto contagiante. Esqueçamos a história incrível que o livro conta sobre o personagem e que ele escondeu de todo mundo enquanto esteve vivo. Eu quero me concentrar em um só detalhe. 

Em Maldição e Glória você fica sabendo que a hanseníase era um doença assustadora ainda nos anos 40 (pensava eu que em 1900 ela já era uma doença menor). Você também fica sabendo que havia seis campos de concentração (chamados de asilos-colônia) para leprosos no estado de São Paulo até o final dos anos 40. Em todo o Brasil, eram 16 mil internos que foram tirados de suas famílias debaixo de porrada e levados para lá, sem a menor perspectiva de saída. Você acaba conhecendo também uma mulher chamada Conceição da Costa Neves, uma das primeiras mulheres parlamentares brasileiras e ativista da Cruz Vermelha, que encampou a luta contra os asilos-colônia. Em maio de 1945, Conceição obteve autorização para visitá-los junto de uma comitiva composta por assessores, jornalistas e que tais. O autor conta em detalhes diálogos, quebra-paus entre ela e as autoridades responsáveis pelas internações e depoimentos impressionantes de doentes. Você fica com a pulga atrás da orelha e se pergunta como o autor chegou a detalhes tão fortes e exatos de diálogos e depoimentos. 

Um asterisco esclarece. Tudo está documentado na Assembléia Legislativa de São Paulo. Na comitiva que acompanhou Conceição aos campos, havia um taquígrafo. O nome dele é Erasmo de Freitas Nuzzi

sábado, 2 de outubro de 2004

TEM COISAS QUE SÓ A PHILCO FAZ POR VOCÊ

- Alô, por favor o Jorge? 

- Falando. 

- Jorge, aqui é Fernando, da Cásper Líbero, tudo bem? 

- Quem é vivo sempre aparece! 

- Jorge, eu queria dizer que terminei a parte do meu TCC em que te entrevistei... 

- Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! 

- ... e que também gostaria de entrevistá-lo para a nova parte que estou fazendo. Posso visitá-lo nesse final de semana? Em que horário? 

- A morte domina o cangaço... 

- Quatro da tarde do domingo, pode ser? 

- Bom sonhos até domingo. 

(fim da ligação)