
Você não sabe porque não leu, mas no fim dos anos 60 um sociólogo bielo-russo chamado Fernanditri Vivensky escreveu uma obra intitulada "O futuro da esquerda mundial na era de sua reprodutibilidade técnica: o importante é participar, ter charme e ser feliz", um livro racionalista, estóico e atual no que concerne à utopia resumida pela frase "Para que todos sejam um". Abre parênteses: frase enigmática essa. Possui três sentidos básicos: 1) É o lema do comunismo e do bem-estar social; 2) É o lema essencial do evangelho de São Lucas e; 3) É o lema da União Internacional dos Onanistas, a famigerada UNIONANI, que remete à mitológica briga dos cinco covardes contra um valentão abençoado pela deusa Onanis. Fecha parênteses.
Você não sabe porque não leu, mas a única obra deste ícone da esquerda anônima bielo-russa adiantava alguns fatos que já engatinhavam à época e que anos depois se transformariam em verdades factuais, comos o fato de que o socialismo, podre como estava, ruiria, que John Lennon um belo dia passaria numa padoca da Quinta Avenida e constataria que o sonho acabou, da mesma forma que adiantava que o ex-líder estudantil e atual cafetão político Lindberg Farias viria a se emocionar ao ver Edmundo contratado pelo anti-hiperbólico Nova Iguaçú Futebol Clube.
A questão essencial do legado de Vivensky é: por que a esquerda do século vinte e um cumpriria tão bem seu papel quanto um palhaço que, ao apresentar-se para a platéia circense, a faria chorar de tristeza? Mais que isso. Estudiosos da Academia de Sociologia Exótica de Minsk crêem que o cerne do pensamento vivênskico é: o que é ser de esquerda no século vinte e um?
Eis uma pergunta tão simples quanto complexa. Simples porque sabemos o que é ser de esquerda para essas pessoas nos dias atuais. Complexa porque a resposta é de terrível constatação, a ponto de deixar nossos queixos fazendo companhia ao umbigo. Ou, como diria aquele filósofo da novela Torre de Babel: "Jamanta explodiu o shops. Bum!"
Fernanditri Vivensky se referia a gente como Joschka Fisher, atual Ministro das Relações Exteriores da Alemanha. Alguém que passou maio de 1968 comendo feministas e explodindo volkswagens com coquetel molotov nas ruas de Stuttgart. Hoje ele controla o maior Partido Verde do mundo, o alemão, e se diferencia da direita de seu país da mesma forma que um joão-bobo se diferencia de sua imagem frente ao espelho. O Partido Verde poderia se chamar Partido Azul, Roxo ou Cor-de-burro-quando-foge que não faria tanta diferença assim. Stupiden Uber Alles, se um neologismo saxão é permitido.
Vivensky também poderia comentar sobre gente como o ex-premier francês Lionel Jospin, figura fundamental da esquerda do país mais categoricamente à esquerda do mundo. Alguém que apagou de sua biografia o fato de ter sido trotskista quando jovem, uma vez que isso pegava mal para um político moderno que abriu as portas de sua casa para a Caras francesa. Repare que pega mal ter sido trotskista quando todos os estudantes eram politizados. O que pega bem é pintar na Caras francesa quando o quoficiente moral dos estadistas mundo afora se nivela ao mesmo patamar de um dobermann bem treinadinho. Jogue a liberdade, a igualdade e a fraternidade ali no limbo para Jospin buscá-las, mas não espere que ele as traga de volta na boca com o rabo a abanar. O mais provável é que as enterre por lá mesmo, o que talvez explique o fato dos franceses gostarem tanto de cachorros.
O sociólogo bielo-russo também poderia se referir a um sapo barbudo metido a Luiz XVI chamado Luiz Inácio Lula da Silva, aquele que talvez cometeu o maior estelionato eleitoral da história brasileira, desde o pleito para síndico da Santa Maria, da Pinta e da Nina até a última disputa para a equipe de bombeiros do 5ºandar da Cásper Líbero. O homem que passou 30 anos pensando e repensando a mudança, o homem que prometeu 10 milhões de empregos, a erradicação da fome e uma corrida na reforma agrágria, tudo em quatro anos, ao dizer que a esperança, enfim, triunfiaria sobre o medo. Dois anos, um Romero Jucá, um Renan Calheiros e um Antônio Palocci depois, a esperança claramente ficou com medo e saiu chorando a dizer: "Assim eu não brinco mais".
Você não sabe porque não leu, mas Fernanditri Vivensky foi levado para a Gulag siberiana pelas autoridades soviéticas e de lá nunca mais dele se teve notícia. Seu livro "O futuro da esquerda mundial na era de sua reprodutibilidade técnica: o importante é participar, ter charme e ser feliz", que mistura Lênin, Paiva Netto e Mãe Dinah, foi recolhido das duas únicas livrarias de Minsk que o colocaram à venda todos os 16 exemplares produzidos. Eles ficaram nas praleteiras por apenas duas horas daqueles anos 60 até serem recolhidos pela KGB. Dizem que grande parte foi incinerada, mas que Ken Livingstone, o prefeito esquerdista de Londres, possui um deles, em sua cabeceira. Margareth Tchatcher, Carlos Menem e Pepeu Gomes teriam outros exemplares.
Os dois primeiros guardariam seus volumes em cofres ultra-secretos; Pepeu Gomes o teria usado para bolar baseado e, com a inspiração, composto o hit "Eu também quero beijar".
De fato, somente Livingstone, Tchatcher, Menem e Pepeu Gomes sabem qual é a derradeira conclusão de Vivensky: a esquerda não se reinventou, simplesmente virou a direita com vergonha, mas não perdeu de vista o "Para que todos sejam um". Apenas mudou o seu foco: o anseio pelo bem de todos ficou para trás. Mas a idéia do onanismo moral permanece mais vivo do que nunca.
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