
Um filme pornô clássico não cativa um japonês. Não adianta uma loira com busto enorme e cinturinha fina não ter troco para dar ao entregador de pizza - partindo daí o mote para que ela dê o troco em outra moeda. O japonês pode até sentir prazer vendo o batom vermelho da boca da atriz arrancando o zíper da calça do moço do delivery, mas o japa típico, aquele que trabalha dez horas por dia de terno e gravata e toma sopa com palitinho, não vai se descontrolar por causa disso. A saia, a pasta debaixo do braço e a maria-chiquinha é que enchem suas veias e provocam os mais baixos instintos.
Nove ou dez horas de vôo separam não só o Japão dos Estados Unidos, mas também um outro nível de recalque. Sexo é pecado, ereção é blasfêmia, tira essa mão daí, menino!, ouve o molecão do Oregon o dia inteiro. Não deseje sua vizinha, não deseje sua colega, simplesmente não deseje. É feio. Então, o ponto de convergência entre seu cérebro, sua mão e sua parafernália sexual é acionado por qualquer coisa: uma calça levemente apertada, uma sugestão de decote, uma piada maliciosa. Daí aqueles filmes pornôs bizarros obterem tanto sucesso, mesmo que a qualidade de rigorosamente tudo na produção seja de tirar o apetite sexual de um coelho em lua-de-mel.
Aliás, uma definição de fime pornô vagabundo: é regulamentado como produção erótica de péssima qualidade todo e qualquer filme cujo ator coloque a mão na cintura na hora do ato e comece a se balançar freneticamente, fazendo caretas lamentáveis de suposto prazer.
Onde eu queria chegar com isso: Geraldo Alckmin é o tipo do sujeito que não nos permite imaginá-lo tendo uma reles ereção. Mas ele tem, óbvio. E são pessoas desse tipo que, na hora H, pedem para chupar o dedão ou exigem que a parceira seja espancada. Ele tem a marca do recalque da Opus Dei.
Tenho a impressão de que atitudes políticas e atitudes sexuais não ficam tão distantes assim. Como diria Regina Duarte há quatro anos: eu tenho medo.
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