segunda-feira, 27 de março de 2006

HISTÓRIAS QUE AS NOSSAS BABÁS NÃO CONTAVAM II

Curitiba, centro distante da capital Buenos Aires. Quase fronteira com o Panamá. Crise no principal clube de futebol local. Personagens: o clube, um técnico alemão em início de carreira (que foi brilhante jogador no início dos anos 90), a esposa deste e uma repórter da maior emissora de TV do país.

O dito principal clube local contrata o tal técnico alemão para dirigir o time na temporada, acreditando fazer uma excepcional jogada de marketing, levando o nome do clube às manchetes dos jornais europeus.

A esposa do técnico mora na Europa Oriental, portanto, em um decadente país comunista. Ao vir para a selva latino-americana, ele pediu autorização para a esposa, que autoriza, mas fica por lá.

O técnico alemão passa a receber um salário em torno de 400 mil dólares, mora na suíte do principal hotel da cidade e tem ainda uma Volkswagen Toureg ao seu dispor, com chofer - eu adoro dizer chofer em vez de motorista - e tudo mais.

O técnico alemão é casado pela terceira vez. A sua atual esposa, essa uma que mora no decadente país comunista da Europa Oriental, é mãe de um de seus muitos filhos. Mas ela é também modelo, ou, se preferir, artista, casada com um sujeito do mundo do futebol, ou seja, outro artista. Logo, o casamento é cheio de espalhafatos, e prevê uma multa assustadora caso o técnico traia a esposa. Ele praticamente teria que dar metade de tudo que já ganhou a ela.

O técnico alemão concede uma entrevista a uma apetitosa repórter local da principal emissora do país.

A apetitosa repórter da principal emissora do país vê o alemão, 1,85 de altura, quarentão de olhos azuis e porte atlético, e tem pensamentos indecentes. O alemão observa as carnes da apetitosa repórter e tem os mesmos pensamentos.

O técnico alemão e a apetitosa praticam o coito na suíte do mais caro hotel da cidade.

Um fotógrafo de uma revista de futebol brasileira vê o técnico alemão saindo do hotel com uma mulher e pensa ser a esposa dele. Tira a foto de ambos, e a revista publica a foto como sendo "Sr. e Sra. Técnico Alemão".

A foto chega a um tablóide alemão e, conseqüentemente, ronda a Europa, até ao país comunista e dacadente do leste europeu em que mora a verdadeira Sra. Técnico Alemão.

A Sra. Técnico Alemão decide se divorciar.

Tentando salvar o casamento e a sua conta bancária, o técnico alemão deixa Curitiba rumo ao leste europeu, abandonando seu emprego, sua suíte, sua Toureg com chofer e sua amante jornalista.

O principal clube local perde o técnico, o campeonato que estava disputando, a grande jogada de marketing e ganha a chacota dos clubes rivais da cidade. Também vira chacota em um blogue estúpido chamado Sorry Periferia, através de um post chamado Histórias que nossas babás não contavam II.

O principal clube local contrata um novo técnico, um pernambucano chamado Givanildo Rapadura, que tem o salário muito menor e é muito mais feio que o técnico alemão. Diz-se que este detalhe é para afastar as repórteres sedentes por algo mais que o furo jornalístico.

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Vende-se Toureg 2006.
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Ela tá dançando e o pimpolho tá de olho (cuidado com a cabeça do pimpolho)
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Personagem de Engraçadinha: Seus amores e seus pecados: Eu dou no couro, Peixoto! Eu dou no couro!

HISTÓRIAS QUE AS NOSSAS BABÁS NÃO CONTAVAM I


Brasil, África. Estamos em Buenos Aires, a capital. Crise no alto escalão do governo federal. Envolvidos: o ministro que tem a chave da caixa forte do tesouro, seu ex-assessor e amigo dos tempos de interior, e uma dessas moças da noite que cheiram a álcool e fumam sem parar.
Sucedeu-se que o ministro freqüentava exatamente uma dessas casas que cheiram a álcool e onde as pessoas fumam sem parar, e que, quando você entra, as moças do recinto sentam no teu colo e prometem abaixar o decote caso você pague um whisky 12 meses a elas.

Uma dessas moças, a que foi citada no primeiro parágrafo, era tão competente em suas atribuições que o ministro - que na época ainda não era ministro - resolveu tê-la como "frila fixa". A cada vez que ele freqüentava reuniões com lobistas, a dita cuja ganhava uma dose de whisky 12 meses e dava uma abaixadinha no decote só pra ele. Ocorriam outras coisas mais, mas agora não vem ao caso.

O tempo passou e o ministro se tornou, enfim, ministro. Mudou-se para a capital e a dita cuja teve que procurar outro para lhe pagar whiskys vagabundos. É então que entra em cena o ex-assessor do agora ministro, que se apaixona irremediavelmente pela dita cuja. Primeiro, faz dela sua "frila fixa", para depois efetivá-la até que a morte os separe.

A paixão é tanta que o ex-assessor pega raiva do ministro. "Esse safado punha a mão no decote da minha mulher!" Sem contar que o ministro, ao mudar para a capital, esqueceu da existência daquele que um dia foi o seu assessor, e que muitos podres sabe dele.

Por essa e por outras questões financeiras ainda não bem explicadas que a caixa forte do país deve mudar de mãos a qualquer momento.

sexta-feira, 24 de março de 2006

É COMO UM ESPIRRO, SÓ QUE MELHOR

A grande tara do japonês é a adolescente vestida de colegial. Não precisa ser adolescente, em verdade. Bastam as vestimentas. Uma Hebe Camargo de lacinho no cabelo, pasta debaixo do braço, mini-saia e meias até os joelhos transformam todo a famigerada sisudez de um japa em vigoroso impulso sexual.

Um filme pornô clássico não cativa um japonês. Não adianta uma loira com busto enorme e cinturinha fina não ter troco para dar ao entregador de pizza - partindo daí o mote para que ela dê o troco em outra moeda. O japonês pode até sentir prazer vendo o batom vermelho da boca da atriz arrancando o zíper da calça do moço do delivery, mas o japa típico, aquele que trabalha dez horas por dia de terno e gravata e toma sopa com palitinho, não vai se descontrolar por causa disso. A saia, a pasta debaixo do braço e a maria-chiquinha é que enchem suas veias e provocam os mais baixos instintos.

Nove ou dez horas de vôo separam não só o Japão dos Estados Unidos, mas também um outro nível de recalque. Sexo é pecado, ereção é blasfêmia, tira essa mão daí, menino!, ouve o molecão do Oregon o dia inteiro. Não deseje sua vizinha, não deseje sua colega, simplesmente não deseje. É feio. Então, o ponto de convergência entre seu cérebro, sua mão e sua parafernália sexual é acionado por qualquer coisa: uma calça levemente apertada, uma sugestão de decote, uma piada maliciosa. Daí aqueles filmes pornôs bizarros obterem tanto sucesso, mesmo que a qualidade de rigorosamente tudo na produção seja de tirar o apetite sexual de um coelho em lua-de-mel.

Aliás, uma definição de fime pornô vagabundo: é regulamentado como produção erótica de péssima qualidade todo e qualquer filme cujo ator coloque a mão na cintura na hora do ato e comece a se balançar freneticamente, fazendo caretas lamentáveis de suposto prazer.
Onde eu queria chegar com isso: Geraldo Alckmin é o tipo do sujeito que não nos permite imaginá-lo tendo uma reles ereção. Mas ele tem, óbvio. E são pessoas desse tipo que, na hora H, pedem para chupar o dedão ou exigem que a parceira seja espancada. Ele tem a marca do recalque da Opus Dei.

Tenho a impressão de que atitudes políticas e atitudes sexuais não ficam tão distantes assim. Como diria Regina Duarte há quatro anos: eu tenho medo.

quinta-feira, 23 de março de 2006

MATEM O GOOGLE E CHAMEM O WEBMASTER

Juro que ia escrever algo da mais absoluta relevância neste post, mas perdi a inspiração depois que dei um google em meu nome completo e, na última ocorrência, encontrei o link para o site Minha fimose, minha vida - o Filme.

O anti-clímax foi inevitável, a catatonia me domina. Agora só se fala bem de FV em terrenos baldios, na presença única e discretíssima de uma cabra vadia (copyright N.R.). O post que ia escrever fica pra quando me recuperar do trauma.

Besouro, quando cai de costas, não se levanta nunca mais.

segunda-feira, 13 de março de 2006

A NAÇÃO QUE ACABOU EM DÍZIMA PERIÓDICA

Marechal Tito, um iugoslavo.

Slobodan Milosevic morreu e a pergunta que não quer calar é: foi com a mão ou impedido? Vão-se os slobodans, ficam os kosovos, após quase uma década de quando Mônica Lewinsky foi pega com a boca no Bill Clinton, que teve que inventar algo genial para disfarçar a mancha no vestido da estagiária. Como invadir a Iugoslávia, por exemplo. E agora, com Milosevic encontrado em cima do telhado, o mundo volta a se questionar: o que é a Iugoslávia além de um país que a cada cinco anos se divide em dízimas periódicas cada vez menores? Sérvios mataram bósnios com a ajuda de croatas, que ajudaram os nazistas na Segunda Guerra, mas que perderam para os sérvios com a ajuda dos comunistas. Um tal Marechal Tito passou a vida tentando juntar os caquinhos, mas aí veio o orangotango do Slobodan a jogar cadáveres de muçulmanos em valas comuns vingando rixas que datam a partir de 1300. E lá se foi mais um país para a lixeira da História.

E hoje, para sanar as diferenças, bota-se uma fronteira na esquina por razões irracionais. Fiquemos longe dos sérvios porque eles são carnificidas, e também dos croatas porque ajudaram os nazistas, e também dos bósnios porque são feios. Tem também os kosovares que são pobres, e os albaneses que só sabem criar ovelhas. Então, onde ficava a padaria do Zulic agora fica a divisa de nosso povo, independente desde semana passada e reconhecido pelo sobrinho do Bora Milutinovic, composto por nós, o vizinho da direita e o bigodudo da banca de jornal ali da frente. Temos ascendência eslava mas com um pé na cozinha da Albânia, e brigamos com os mouros, os curdos, os surdos, os mudos, os barenitas e os sodomitas. Não gostamos de ninguém, somos maus, dedamos um, dedamos geral.

Tudo isso incentivado pelo Slobodan, que foi preso, sim, mas que vinha sendo julgado com o patrocínio de chefes-de-estado da linha Tony Blair, que não conseguem tomar qualquer atitude política sem antes consultar os lobistas das empresas que o colocaram no poder em seus países, que precisam saber se vão ter algum lucro na situação.

Moral da História: se Big Ben tivesse dado certo, não estaria ocorrendo até hoje em alguma galáxia por aí. Volta Big Ben. Vem acabar com o mal que você começou.

sexta-feira, 10 de março de 2006

THE BIBLE IS A LOCOMIA


SALMO 23: 1: O Senhor é o meu pastor, nada me faltará. Porque Deus está comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
Ui.

quinta-feira, 9 de março de 2006

DECIFRA-ME, MAS NÃO ME DEVORE

Não sou nada
Nunca serei nada
Não posso querer ser nada

A parte isso, minha unha está encravada.

(não foi Álvaro de Campos)

quarta-feira, 1 de março de 2006

E NA QUARTA-FEIRA SEMPRE DESCE O PANO

Todo final de carnaval tem um quê espiritual. Bêbados se desentendem com suas garrafas e caem nas sarjetas, que se desentendem com as calçadas, que não chegam a um acordo com as poças dos diversos líquidos que por elas pairam. O Almeidinha que passou cinco dias imitando Nero incendiar Roma se vê obrigado a voltar para seu mundo tatibitati, onde a mulher e a sogra novamente o confudirão com a cômoda antiga da sala. Putas invariavelmente voltam para casa cansadas e chorando pelas vielas vazias. É batata: puta que é puta volta para casa chorando na manhã da quarta-feira de cinzas.

Entendo essas putas porque gosto de carnaval. São 360 dias por ano batendo o maldito ponto do submundo do cais da vida. E onde é que ela vai ser uma normal, dançando com outras mulheres com decotes maiores que o seu, com as coxas para fora mais que as suas, sem que sejam todas chamadas de putas? Na avenida, no bloco, no salão. Lá ela não é puta, é mulher, e pode se atrair e se atracar com um homem e não esperar a gorjeta, mas sim imaginar que ali pode estar o rapagão com quem ela vai juntar os trapos e, enfim, deixar de esperar o trem que o Pedro Pedreiro do Chico passou a vida a esperar também.

Carnaval é coisa de pobre, e, lamento informar, eu gosto de pobre. Gosto de carnaval não só dos porres e das mulheres peladas, mas porque ali no fundo existe essa capacidade de nos permitir ser algo que não somos, mas que gostaríamos um dia poder ser. Mas Chico Buarque (de novo) explicou isso melhor que qualquer no longínquo ano de 1965, em sua primeira composição, Sonho de um Carnaval. Eu deixo pra ele, porque, no fundo, dessas coisas da vida eu não entendo nada:

No carnaval, esperança
Que gente longe viva na lembrança
Que gente triste possa entrar na dança
Que gente grande saiba ser criança