quinta-feira, 9 de junho de 2005

É contra mim que luto.

Não tenho outro inimigo.

O que penso, o que sinto,

o que digo, e o que faço,

é que pede castigo e desespera

a lança no

meu braço.


Absurda aliança de

criança e adulto,

o que sou é um insulto

ao que não sou; e combato esse vulto que

à traição me invadiu e me

ocupou.


Infeliz com loucura e sem loucura,

peço à vida outra vida,

outra aventura,

outro incerto destino.

Não me dou por vencido,

nem convencido.

E agrido em mim o homem e o menino.

Miguel Torga. É contra mim que luto.

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