Há um conto do Jorge Luís Borges (isso é nome de funcionário público, não de contista) chamado A aproximação a Almostasín, do Ficções, de que já comentei por aqui. E logo chego com um adendo: a nova versão da Companhia das Letras exclui este conto do livro e o coloca em outro que não sei qual é. A edição de Globo do início dos anos 70, aparentemente com uma tradução chinfrim, contém o A aproximação a Almostasín. Foi essa que li há dois anos.
Este é um conto típico do Borges: aquela arrogância duplicada (primeiro, era argentino; segundo, era o Borges) vai suando pelas páginas ao relatar descobertas fantásticas de seus personagens sobre a História e a Filosofia. No fundo acho que ele só queria que o leitor se surpreendesse com o quanto ele próprio era genial, o que inevitavelmente acaba acontecendo.
Talvez (provavelmente?) não era intenção do autor, mas neste conto vi algo de uma beleza assustadora. O personagem principal está no fiofó da humanidade, onde tudo é horrível, todas as pessoas são tristes e carregam todas as chagas da humanidade (acho que o Borges conheceu o Parque São Jorge). No entanto, ele vê uma claridade em um dos homens do local - um jeito de olhar, uma expressão facial, um silêncio que não eram originários daquela pessoa. Provavelmente este um viu em outra pessoa, que pegou de outra pessoa e por aí vai. O personagem conclui que existe alguém que origina toda essa claridade, e então se impõe como meta de vida buscar, através da claridade que existe em cada um, este alguém que seja superior a tudo.
Na minha visão bem particular e que, creio, não teria o aval do Borges (reza a lenda que o bom da literatura é você tirar proveito da leitura da maneira que melhor lhe convir), a moral da história é tentar enxergar a tal claridade que o personagem apregoa nas pessoas ao redor. No fundo, é isso que fica. Às vezes a gente perde isso, mas sempre recupera no fim. Por diversos motivos, nem sempre dá, e quando não dá o jeito é deixar de esquentar a cabeça e chutar a bola pra frente, mas é daquelas crenças definitivas.
2007 foi daqueles anos psicologicamente bissextos, com o mundo caindo em quase todas as editorias da vida. Ele termino com o teclado da galhofa e as teclas da melancolia, mal sabendo o que esperar do conúbio de 2008 - e Machado de Assis deve estar dando coices frenéticos em seu caixão após eu vilipendiar essa frase. Resta acabar o ano bebendo junto dos amigos e cantando a música do Vinícius e do Carlinhos Lira que tenho como mantra nessas horas, a Marcha da quarta-feira de cinzas, e esperar pelos tempos melhores que estão no porvir.
Marcha da quarta-feira de cinzas, Vinícius e Toquinho é quem cantam:
Acabou nosso carnaval, ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações saudades e cinzas foi o que restou
Pelas ruas o que se vê é uma gente que nem se vê
Que nem se sorri e se beija e se abraça
E sai caminhando, dançando e cantando cantigas de amor
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir, voltou a esperança
É o povo que dança, contente da vida feliz a cantar
Porque são tão tantas coisas azuis
Há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar que a gente nem sabe
Quem me dera viver pra ver e brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais, que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz.
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Há 5 semanas
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