
Alguém já leu algum livro de Fernando Henrique Cardoso? Aposto uma falangeta do meu dedinho que todos os que leram FH assim fizeram porque obrigados, com a exceção da Dona Ruth e da Miriam Leitão. A primeira é aquela que há quarenta e poucos anos esquenta a janta do dito cujo; a segunda é só uma intelectual de churrascaria apaixonada pelo FH.
No entanto, é salutar - eu sempre quis usar a palavra "salutar" - que todos os meios de comunicação clamem o Fernando Henrique como um pensador do Brasil contemporâneo, um intelectual a frente de seu tempo, um Caio Prado de lábios grandes, etc. Para a imprensa, FH é o Mister M da sociologia do Brasil. Para o Brasil, FH é só o ídolo da Miriam Leitão, a intelectual de churrascaria apaixonada pelo FH.
Com a São Paulo Fashion Week a coisa também vai por aí. Eu poderia fazer demagogia barata aqui - adoro uma demagogia barata bem safada - e mandar perguntar ao pipoqueiro da esquina o que ele achou da essência futebolesca do desfile da Rosa Chá. Mas isso não o farei, pois até a demagogia barata tem limites. No entanto, a cobertura da SPFW na mídia ocupa inenarráveis minutos de TV que ocupam a cabeça do espectador com absolutamente nada que faça sentido. "Mulheres cadavéricas desfilam com roupas coloridas da grife tal", narra o speaker. E acabou.
Na qualidade de hebdomadário atual, SorryPeriferia não se furta a dar sua versão sobre o que é o São Paulo Fashion Week, em simpáticos tópicos:
- É tudo mentira essa história de que a moda dá lucro. Quem lucra com a semana da moda são os traficantes. Todo mundo é cheirador nessa fanfarronice. Os estilistas cheiram, as modelos cheiram, os jornalistas cheiram. Se tivesse gandula no desfile, até os gandulas cheirariam. A overdose é cool.
- Roupa mirabolantes podem até dar status, mas, como disse acima, não dá lucro. Aposto uma falangeta e dois metacarpos da minha mão que esse negócio é uma voluptuosíssima lavagem de dinheiro. Eu, diretor comercial fodão de uma grande empresa têxtil, injeto uma grana pra essa bichona organizar um desfile com o nome da empresa enquanto alguns milhões de dólares entram no país por baixo do pano. E ainda dou um tapa na peruca de umas modelos cheiradonas.
- Nada contra as bichonas, mas tudo contra as bichonas rancorosas (leia-se estilistas). Dizem que as modelos são magras daquele jeito porque as roupas têm que ficar penduradas como se estivessem em cabides. Só que roupa não é feita pra ficar no armário. Parece raiva de mulher bonita mesmo. "Eu, estilista famoso, não posso ser o mulherão que queria. Logo, só trabalho com mulheres horríveis". Frustração pessoal transpassada ao profissional. Então, quanto mais feio, mais bonito: a mais gordinha das passarelas pode ter as pernas quebradas ao meio após o desfile e utilizadas como garfo pra catar sushi. Fosse eu mercador de modelos, iria até a Somália revelar talentos. Mas temo que as somalis não aceitem pagamento em cocaína.
- O interesse do público na SPFW em si quase inexiste. As pessoas querem saber quem é que o Ronaldinho foi catar e nas fofocas do Henri Castelli, não na estamparia do Caio Gobbi. Ao menos para a TV aberta e para as revistas (Em TV a cabo, site e jornal cabe espaço ao público específico), acreditar no contrário é má fé ou mau jornalismo.
A minha parte da Fashion Week eu quero em pinga.
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