
Naomi Campbell, ao que parece, na abertura do programa Paiva Netto
Imagine a situação: um cineasta estúpido de terra estranha vem ao Brasil para fazer um filme sobre o futebol. Vamos dar um nome a este cineasta estúpido. Que tal Johnny Corizza? Perfeito. Johnny Corizza, cineasta do Arkansas e anta em potencial.
Pois bem, Johnny Corizza quer um personagem principal. Procura aqui, fuça ali, chafurda nas favelas até que chega a uma brilhante conclusão: a estrela do filme sobre futebol vai ser o Tony Meola. Lembra do Tony Meola? Goleiro da seleção norte-americana nas copas de 94, 98 e 2002. O companheiro Meola é o que José Simão chamaria de um rinoceronte de sunga. Grande e detentor de queixos suínos, Meola era atleta de futebol americano e, na época de Copa do Mundo, integrava-se ao time dos States. Uma lenda trash da pelota americana como destaque de uma produção cinematográfica sobre o futebol no país do próprio futebol.
Câmera corta. Agora estamos no mundo da moda. Flashes, glamour, cocaína. Um pepeisson estúpido de terra estranha vem ao Brasil para uma campanha publicitária de roupas chiques para o público feminino, a TNG. Vamos dar um nome a este pepeisson estúpido. Que tal Gaylord Corizza? Perfeito. Gaylord Corizza, publicitário do Arkansas e toupeira utópica.
Gaylord Corizza está no país dos decotes. É verão. As coxas carnudas oscilam frente aos olhos dos homens no metrô. No metrô, onde o ar é vidro ardendo e labaredas torram a língua de quem disser: eu quero aquelas coxas, eu quero aqueles decotes. É o país onde as mulheres feias arrumam um jeito de realçar suas virtudes, por menores que sejam. Um umbigo de fora, uma calça de cano baixo, uma boca. Boca de mina amanteigada quente.
Corizza procura aqui, fuça ali, chafurda nas favelas até que chega a uma brilhante conclusão: a estrela do filme publicitário da TNG em um país de belas mulheres vai ser a Naomi Campbell. E é a anoréxica Naomi Campbell que está em mil e um outdoors da TNG espalhados por São Paulo, como se fosse ela um paradigma de beleza, sobretudo em um país que prefere as sinuosidades corporais à tábua de passar roupa.
A srta. Campbell é praticamente um fio de macarrão. Achocolatado, já que ela é negra. Tantas negras lindíssimas por aqui, com mais curvas que a estrada de Santos (*copyright Domingos Fraga), e eles vão buscar um jaburu inglês que aparentemente fugiu da Somália no último trem Nilo acima. Na província onde nasci, quando tinha 16, 17 anos, cantávamos um baiãozinho para cada tribufu naomicampbellesco que passava pela frente. Um amigo nosso tinha ouvido a cantiga num ritual de macumba, eternizadas por nós para peruas e mulheres com a estética subdesenvolvida:
Portão de ferro,
cadeado de madeira
No portão do cemitério
Encontrei o Exu-Caveira
O pepeisson que fez essa propaganda não gosta de mulher. Drumond me daria razão. Viva o decote nacional.
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