segunda-feira, 17 de outubro de 2005

VENCE NA VIDA QUE DIZ SIM

- Mas ele vai adorar o novo Tang sabor laranja...

Para tudo na vida há uma primeira vez, reza o lugar-comum. E mais significativo que perder a virgindade certamente foi o dia em que o editor deste hebdomadário virtual experimentou o seu primeiro Halls Preto.

Tinha 14 anos e uma parca penugem na cara que anos depois se transformaria em barba. Mas naquela época era só uma penugem mesmo. O rapazote em questão freqüentava a escola no período vespertino, o que significa que ele dormia em todas as aulas exceto nas de História. Motivo: a lasciva Professora Vera era capaz de transformar uma explicação sobre a morte do Bispo Sardinha em um fenômeno absolutamente sensual. O umbigo dela falava por si.

Mas não era disso que eu queria falar. Um belo dia o rapazote em questão chega na escola e encontra seu amigo Marcel encostado na parede, com um pacotinho preto nos dedos. Não sei se era lançamento do produto, ou se simplesmente ninguém com 14 anos comprava Halls Preto - crianças preferem balas Kids -, mas o fato é que era uma novidade naquele grupo de caras espinhudas. Como ninguém bebia, o Halls Preto era praticamente alucinógeno. Era a coisa mais forte que alguém de 14 anos poderia colocar na boca depois de bife de fígado com gengibre.
- Quer um Halls Preto? É gostoso. Levinho...

O rapaz em questão lembra-se de ter colocado a mercadoria na boca e de quase entrar em combustão espontânea logo a seguir. Seguindo os conselhos do amigo, bebeu água com a finalidade de "acabar com o mal estar" provocado pela bala. O idiota bebeu.

Dez minutos depois, recuperado da convulsão ocasionada pela mistura água/Halls Preto, o rapazote em questão acordou namorando a idéia de sacanear as pessoas utilizando-se de um pacotinho de Halls Preto. Imediatamente seguiu até a padoca e comprou um. Finalidade: encostar na porta de sua classe e oferecer a mercadoria para todo mundo, feito traficante de jardim de infância.

A primeira vítima chamava-se Midori, uma japonesa de aproximadamente 1,23 de altura e uns 12 quilos.

- Oi, Midori. Quer um Halls Preto? Gostoso. Levinho...

A moça mordeu a isca feito um bode comendo orquídeas premiadas. Mas o rapazote em questão era um cavalheiro. Ao ver a moça estrebuchar, like a bridge over troubled water, I´d lay her down:

- Bebe água que passa! Rápido!

Foram tantas as vítimas quanto perdurou o pacotinho do Halls Preto. Não tenho certeza, mas talvez tenha sido a primeira vez que me chamaram de filhodaputa nesta vida.

Nenhum comentário: