quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Eis quando você vira referência em futebol. Não que você saiba demais sobre o assunto mas simplesmente porque trabalha com ele o que significa que você só fala disso, respira isso e não tem outra utilidade na vida a não ser responder questões sobre futebol, óbvio. São 11 horas por dia em média lendo, escrevendo e editando sobre onze homens, uma bola e eventualmente um juiz ladrão. Aí, fora do expediente, muitos de seus amigos te procuram exclusivamente para falar de... futebol. Os seus familiares vêm falar com você sobre... futebol. Até os amigos dos seus pais te procuram para saber o paradeiro daquele maldito lateral-direito que jogava na Portuguesa no Campeonato Paulista de 1989 e que marcou aquele gol contra o XV de Jaú naquele jogo apitado pelo Dulcídio Wanderley Boschilla, não lembra? Como não? Você trabalha com isso, tem que saber, porra!

Aí você chega no bar com os amigos que você não vê há séculos e passa 90% do tempo respondendo sobre.... futebol. Ah, esse estapafúrdio costume de ser solícito. Eis quando você repara naquela moça que pouco fala com você levantando os olhos como se dissesse "Mas que cara chato esse, que só fala de futebol", enquanto outro sujeito com nariz de fuinha que você pouco viu na vida fica indignado porque não sabia que o Tcheco voltou para o Al Itthad da Arábia Saudita, você não sabia? Como não? Você trabalha com isso, tem que saber, porra!

Aí você se dá conta do quanto começa a se tornar uma pessoa desinteressante porque não é associado a nada além do maldito ludopédio que não entrou para a História como ludopédio e sim como futebol. E no domingo à noite, enfim, aquelas poucas horas de paz que você reserva exclusivamente para se trancar solitariamente numa sala de cinema por duas horas e sair mais leve com a cabeça em Plutão, ou então ler metade daquele livro que você pretendia ler em 10 dias e que não consegue terminar há um mês porque o que resta de você ao fim do dia não consegue fazê-lo. É quando você é cobrado por não estar em casa assistindo o Avallone com seu cabelo acaju narrar o Gol Ypioca da semana e todas as outras discussões sobre os intermináveis pênaltis que os juízes ladrões não deram, os zagueiros burros que marcam a bola em vez de marcar o adversário e o presidente do Atlético Paranaense que tomou outra suspensão porque é um boçal que só fala bosta assim como você que não está assistindo isso, como não, você trabalha com isso, tem que assistir, porra!

Vamos para o Lelis? Vamos ao La Buca? E o Caio Tulio, hein? Arlequinal! O brasileiro morre de fome gritando gol. Eu continuo sem fome apertando o foda-se.

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Fato: conheço pelo menos três jornalistas da Folha de S. Paulo que não cheiram cocaína. Deixem o jornal do Tavinho em paz, pô.

quinta-feira, 20 de outubro de 2005

O SOL NASCE PARA TOLDOS

Elegância mesmo é descobrir qual filme bizarro da Mostra 2005 combina com você. Como diria o antropólogo Januário de Oliveira: "É disso que o povo gosta, Adisson Coutinho!".

ARROZ DEMAIS - Li Honqq (China, 2005) De repente, durante uma brincadeira de esconde-esconde com sua mulher, Mao resolve abandonar sua casa. Muda-se para a casa de Xiao Ri, um conhecido. Os dois iniciam uma rotina de estranhos encontros amorosos e procuram formar uma espécie de família. Não há explicações lógicas para o estranho comportamento dos dois homens.

DESEQUILÍBRIO - Francisco Garcia (Brasil, 2004) Um equilibrista, metáfora do homem contemporâneo do século XXI, se relaciona oniricamente com os sonhos de uma prostituta. Pelas geometrias da cidade de São Paulo, a grande metrópole terceiromundista, eles caminham e mostram suas relações com a contemporaneidade.

ALÉM DO AZUL SELVAGEM- Werner Herzog (EUA 2005) Um extraterrestre amargurado natural de um planeta submerso na água conta a derrota de seu povo quando veio à Terra muitos anos atrás, na tentativa de conviver com os seres humanos. Nesse meio-tempo, um grupo de cientistas, que havia partido há 15 anos para uma missão, retorna em um túnel do tempo e aterrissa na Terra 820 anos depois. Depara-se com um planeta totalmente deserto, de volta ao seu estado de vegetação natural. Cenas submarinas e várias imagens reais de missões da NASA no ônibus espacial, bem como declarações de verdadeiros cientistas da NASA, provocam no filme uma sensação de vertiginosa imersão filosófica e existencial.

TRANSAMÉRICA - Duncan Tucker (EUA, 2005) Bree, cujo nome de batismo é Christian, é uma transexual de Los Angeles. Ela economiza cada centavo para fazer a última operação que a transformará definitivamente em mulher. Um dia, ela recebe o telefonema de Toby, um rapaz preso em Nova York, que está à procura do pai. Bree acha que ele pode ser fruto de algum relacionamento que teve quando ainda era homem. Ela viaja até Nova York e tira o rapaz da prisão. Toby acredita que ela seja uma missionária cristã interessada em convertê-lo. Bree não desfaz o mal-entendido e o convence a acompanhá-la até Los Angeles.

DO MUNDO NADA SE LEVA - Charly Braun (Brasil, 2005) Um adolescente compra um aparelho de vídeo usado e vê toda a sua vida mudar. Com isso, um futuro sombrio lhe é revelado e ele não tem como impedir as forças do destino.

NAVARASA - Santosh Sivan (Índia, 2004) Swetha é uma garota de 13 anos que descobre que seu tio tem uma vida secreta: toda noite, ele se veste de mulher. Quando a sobrinha o questiona, ele foge e vai para um festival anual numa pequena cidade da Índia.

IMPULSIVIDADE - Mike Mills (EUA, 2005) Justin Cobb aparenta ser um típico adolescente, exceto pelo detalhe de nunca ter conseguido parar de chupar o dedo. Aos 17 anos, após ter tentado de tudo para se livrar do cacoete, ele resolve o problema por meio da hipnose feita pelo seu dentista, que gosta de bancar o psicólogo. Após a sessão, Justin para com o vício mas continua compensando suas frustrações pela boca, consumindo todo e qualquer tipo de droga.

JOHANNA - Kornél Mundruczó (Hungria, 2005) Johanna é uma viciada em drogas que sofre uma overdose após roubar morfina de um hospital público húngaro. À beira da morte, é ressuscitada e mantida no hospital disfarçada de enfermeira, graças ao médico responsável, que se apaixona por ela e não a quer nas ruas de novo. Depois da experiência, Johanna passa a experimentar uma misteriosa e inusitada capacidade de cura: fazer sexo com os doentes, livrando-os magicamente de seus males. Só não faz amor com o médico que a salvou, pois ele não está doente. O médico, indignado com a situação, promove uma guerra contra ela. Mas os pacientes, gratos, juntam forças para protegê-la.

LEMMING - INSTINTO ANIMAL - Dominik Moll (França, 2005) Allain Getty é um engenheiro obcecado por tecnologia e controle que chama seu patrão e esposa para jantarem em casa. No meio do preparo dos pratos, um incidente complica tudo: a pia está entupida por um obstáculo invisível. O pior está por vir. Os convidados chegam atrasadíssimos e provocam um pequeno escândalo. Um suicídio, uma traição e o resgate do obstáculo que entupiu a pia - o "lemming" do título, um raro roedor da Escandinávia que ninguém desconfia como foi parar ali - criam uma atmosfera diabólica, em que tudo pode acontecer.


ALMA MATER - Álvaro Buela (Uruguai 2005) Pamela é uma caixa de supermercado tímida e solitária. Aos 34 anos, suas únicas atividades sociais são visitas diárias à mãe autista no hospital e as idas ao templo evangélico de um pastor brasileiro. Sua vida insignificante muda completamente quando começa a receber estranhos sinais, que acredita serem divinos. Pamela enxerga mensagens de Deus em tudo: nos sonhos, nos códigos de barra, nos clientes e na própria mãe. Virgem, ela passa a crer que tenha sido escolhida para ser a mãe da nova encarnação do Cristo.

DEVAKI - Bappaditya Bandopadhyay (Índia, 2005) Devaki, uma jovem da zona rural da Índia, é obrigada a se casar com um homem de 70 anos de idade. Na noite de núpcias, ela é brutalmente violentada pelo irmão de seu impotente marido, para marcar o domínio físico masculino sobre as mulheres.

DURO DE ENGOLIR -John Baungartner (EUA, 2005) Um depressivo gay, que passou sua vida envolvendo-se em tumultuados casos amorosos, torna-se voluntário num controvertido estudo científico. A intenção é investigar a validade de uma droga que, supostamente, transformaria gays em heterossexuais.

CAFÉ DA MANHÃ EM PLUTÃO - Neil Jordan (Inglaterra e Irlanda, 2005) Patrick "Kitten" Braden nasce numa pequena cidade da Irlanda, filho do relacionamento proibido entre o padre local e sua empregada doméstica. É abandonado ainda recém-nascido pela mãe e adotado por uma alcoólatra chamada Whiskers, que o expulsa de casa ao saber de sua homossexualidade. Sem ter para onde ir, ele se muda para Londres, onde vira cantor de cabaré e se apaixona por um político. Mas sua felicidade dura pouco, já que esse político é morto num atentado do IRA. Patrick então sai em busca da mãe desaparecida, mas acaba acusado injustamente de matar um soldado em uma boate.

ADAM´S APLE - Anders Thomas Jensen (Dinamarca 2005) Adam, um neo-nazista, está prestando serviços à comunidade sob o comando do padre Ivan. Sua obrigação é assar tortas de maçã feitas com as frutas da árvore que fica em frente da igreja. Mas os pássaros e vermes estão atacando a planta. O padre acredita que é o diabo que os está testando. Adams, no entanto, crê que o ataque vem de Deus, porque para ele o mal não existe.

RUPOFOBIA - Telmo de Campos Martins (Portugal, 2005) Empregado de um café, José é obrigado pelo patrão a amarrar um cordão no seu órgão sexual para não precisar tocá-lo quando vai ao banheiro. O patrão é obcecado por lucro e pela boa aparência de seu estabelecimento. Rui é um cliente que tem obsessão por limpeza, ou seja, é rupófobo.

DEUS NO DIVÃ -Ottmar Paraschin (Brasil, 2005) Deus criou a terra e também o homem. Depois o homem desrespeitou a Terra com sua rebeldia. Um filme falado em guarani que faz pensar e refletir sobre o futuro da humanidade.

CAMINHÃO CINZA PINTADO DE VERMELHO - Srdjan Koljevic (Sérvia e Montenegro, Eslovênia e Alemanha, 2004) Junho de 1991, últimos dias de paz na Iugoslávia. Suzana, uma jovem da capital, descobre que está grávida e decide fazer um aborto. Ela pega uma carona com Ratko, um típico bósnio totalmente daltônico que comprou um caminhão para uma viagem de lazer.

ZEROFILIA - Martin Curland (EUA, 2005) Luke é um jovem que descobre sofrer de um raro distúrbio genético chamado zerofilia. Essa inusitada condição permite-lhe trocar de sexo a seu bel-prazer, o que lhe dá muita liberdade mas também tem suas desvantagens. Como quando Luke, que se sente atraído por Michelle, se transforma em Luca, uma garota que passa a desejar o irmão da moça, Max. Em sua extraordinária jornada pelo mundo da zerofilia, Luke conhece um estilo de vida em que todas as regras sobre identidade sexual caem por terra.

TINTA FRESCA - Paula Alzugaray, Ricardo Van Steen (Brasil, 2005) Um olhar sobre as relações e as variações entre as camadas de tinta que cobrem paredes, fachadas e espaços públicos. O figurativo e o abstrato cruzam-se em linhas telefônicas, festas e mesas de bar.

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

VENCE NA VIDA QUE DIZ SIM

- Mas ele vai adorar o novo Tang sabor laranja...

Para tudo na vida há uma primeira vez, reza o lugar-comum. E mais significativo que perder a virgindade certamente foi o dia em que o editor deste hebdomadário virtual experimentou o seu primeiro Halls Preto.

Tinha 14 anos e uma parca penugem na cara que anos depois se transformaria em barba. Mas naquela época era só uma penugem mesmo. O rapazote em questão freqüentava a escola no período vespertino, o que significa que ele dormia em todas as aulas exceto nas de História. Motivo: a lasciva Professora Vera era capaz de transformar uma explicação sobre a morte do Bispo Sardinha em um fenômeno absolutamente sensual. O umbigo dela falava por si.

Mas não era disso que eu queria falar. Um belo dia o rapazote em questão chega na escola e encontra seu amigo Marcel encostado na parede, com um pacotinho preto nos dedos. Não sei se era lançamento do produto, ou se simplesmente ninguém com 14 anos comprava Halls Preto - crianças preferem balas Kids -, mas o fato é que era uma novidade naquele grupo de caras espinhudas. Como ninguém bebia, o Halls Preto era praticamente alucinógeno. Era a coisa mais forte que alguém de 14 anos poderia colocar na boca depois de bife de fígado com gengibre.
- Quer um Halls Preto? É gostoso. Levinho...

O rapaz em questão lembra-se de ter colocado a mercadoria na boca e de quase entrar em combustão espontânea logo a seguir. Seguindo os conselhos do amigo, bebeu água com a finalidade de "acabar com o mal estar" provocado pela bala. O idiota bebeu.

Dez minutos depois, recuperado da convulsão ocasionada pela mistura água/Halls Preto, o rapazote em questão acordou namorando a idéia de sacanear as pessoas utilizando-se de um pacotinho de Halls Preto. Imediatamente seguiu até a padoca e comprou um. Finalidade: encostar na porta de sua classe e oferecer a mercadoria para todo mundo, feito traficante de jardim de infância.

A primeira vítima chamava-se Midori, uma japonesa de aproximadamente 1,23 de altura e uns 12 quilos.

- Oi, Midori. Quer um Halls Preto? Gostoso. Levinho...

A moça mordeu a isca feito um bode comendo orquídeas premiadas. Mas o rapazote em questão era um cavalheiro. Ao ver a moça estrebuchar, like a bridge over troubled water, I´d lay her down:

- Bebe água que passa! Rápido!

Foram tantas as vítimas quanto perdurou o pacotinho do Halls Preto. Não tenho certeza, mas talvez tenha sido a primeira vez que me chamaram de filhodaputa nesta vida.

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

O MUNDO CÃO DE LUÍSA MEL

Ah, essas gengivas...

A minha vida seria menos enigmática se não houvesse uma exclamação ao final da palavra RedeTV!. Percebe? Não é RedeTV. É RedeTV! Coitado de mim que não tenho uma exclamação ao final de meu nome. E digo mais: ai dessa humanidade que se cobre de lamúrias e não de epifanias exclamativas.

Pois bem, sou um homem que vive em busca de constantes exclamações. Para isso, nutro o saudável hábito de assistir TV aos sábados, mais ou menos entre seis e sete da noite. Este horário é diariamente usufruído pelos programas do mundo cão, mas aos sábados, na RedeTV!, assim, com exclamação e tudo, existe um outro tipo de mundo cão: o Late Show, voltado ao mundo animal. Pegou o trocadalho? Late Show. Au. Fracasso de público, claro, pois o único programa que cachorro assiste é o tradicional forno de galetinhos em padoca de português.

A apresentadora é ex-namorada do dono da emissora e, portanto, do cara que botou a partícula exclamativa no nome da empresa. Mas não é disso que eu queria falar. Meu intuito é eternizar, neste hebdomadário virtual, um flagrante, um furo de reportagem que Luísa Mel conseguiu em Late Show. Guiada por uma denúncia anônima, tal qual uma Tim Lopes, a apresentadora subiu um bairro desses afastados de São Paulo - digamos, uma Vila Ré - atrás de uma mulher que guardava meia dúzia de cachorrinhos dentro de uma caixa de papelão, no armário. Luísa Mel e sua coragem de Indiana Jones apontaram a câmera e o dedão na cara da infeliz. O que se sucedeu foi uma verdadeira lição de catequese canina:

- Como a senhora tem coragem de fazer isso?!?!? Não vê que eles são.... são... são seres vivos também!!! (Nota do Editor: queria ela dizer "são seres humanos também"? Note que as exclamações voltaram)

Mas o imbroglio não acabou com o flagrante. Depois do episódio, Luísa Mel voltou com um editorial no último bloco. Sim, um editorial, onde ela aos prantos exclamava dignidade para com os cachorros.

"Vão-se os dedos, ficam as frieiras", já diria o poeta. Digo que aprendi a lição. Desde então abdiquei de todas as certezas de minha vida em nome de uma única e derradeira certeza, que me acompanhará até o ataúde: não terei cachorros. Não legarei a nenhum indivíduo o legado da RedeTV.

terça-feira, 11 de outubro de 2005

ENTRE A RAZÃO E A CIRCUNCISÃO

Peraí... se nós três estar aqui.... quem estar tomando conta do lojinha?"

Hoje é a noite do Roxaxaná. Se você não mora num kibutz ou no Higienópolis, é grande a chance de você não saber o que isso quer dizer, muito menos se levar em conta o jeito que escrevi a palavra (o correto é Rosh Hashaná, mas não fica mais elegante do jeito que coloquei?). Pois bem, doce ignóbil, Roxaxaná é a celebração judaica do nascimento de mais um ano de muito sofrimento e de muita circuncisão para o povo hebreu. Em outras palavras, é o ano novo dos cara. 5766, para ser mais preciso.

Isso pode não parecer muita coisa para você nem para mim, que sou uma autêntico White, Anglo-Saxon and Christian (meu nome verdadeiro é Ferdnand Viveston). Mas algo muito curioso ocorreu na noite deste Roxaxaná: alguns Moshas de toga e rabinho foram ao programa do Gilberto Barros ensinar as boas maneiras à mesa judaica, o que é um assunto pra lá de sugestivo pra esse blog. Gilberto Barros e seu bigodão sentado numa mesa ao lado de um sósia do Henry Sobel foi algo para se contar aos filhos - menos se eles forem judeus, é claro. Tinha umas minas meio peladas dançando do lado também.

Mas não parou por aí: a seguir, um dos Moshas disse ser adepto de um tipo de numerologia bíblica baseada nos dois últimos números do atual ano judaico. Com isso, disse o descendente de Moisés, ele era capaz de achar na Bíblia todos os acontecimentos catastróficos que têm ocorrido nos últimos tempos. Basta vasculhar uma página e, neste ano de 5766, apontar a letra que desponta a cada 66 letras do trecho. Cada letra representa um pensamento ou acontecimento passado dos judeus - ou seja, historinhas de sofrimento e circuncisão - e, juntas, as letrinhas denunciam algo horrendo que está acontecendo atualmente. Por exemplo: sabe o terremoto do Paquistão? O Mãe Dinah do Muro das Lamentações disse que conseguiu enxergar. Sabe o Catarina, aquele tornado que destelhou duas malocas em Criciúma no início do ano? Ele disse que conseguiu achar na Bíblia. Lembra daquela broxada que você deu com a sua namorada no início dos anos 90? Então, tá tudinho lá, dê uma folheada no Pentateuco.

E ainda perguntam porque eu bebo. Feliz Roxaxaná pra você também.

segunda-feira, 10 de outubro de 2005

O MERCADO ESTÁ NERVOSO


Simpatizo com o senador Antônio Carlos Magalhães. Trata-se de um Jesus Cristo regado a azeite de dendê, o que gera uma panacéia intestino-mental cada vez que ele dá de abrir a boca (a referência ao JC aqui é pela fama transcendental que Toninho Malvadeza tem em sua terra natal). Em outras palavras, ACM abre os lábios e expele uma quantidade insofismável de asneiras, o que já faz parte de nossa cultura. Senador/deputado/governador/prefeito bom é aquele que "estupra mas não mata", que tem "o saco roxo", que acha que "cachorro também é gente", que é devoto de São Francisco porque "é dando que se recebe". Enfim, o sujeito só dá certo em Brasília se conseguir também legar umas boas frases de impacto à posteridade.

Em verdade, ACM não cunhou frase alguma que eu me lembre, mas deu de reverberar um clichê dos mais divertidos desde que Adão chegou para Eva e perguntou "Você vem sempre aqui?": "o mercado está nervoso". Não chamamos os assessores de Palocci de Ribeirão Preto para depor porque "o mercado ficará nervoso", eis exatamente o que disse o simpatícissimo supra-citado.
Tratra-se da desculpa perfeita: "o mercado está nervoso". Perceba, serve para absolutamente tudo: "Não convém apurar a corrupção criando CPI´s porque o mercado ficará nervoso", já vi Luís Nassif dizer. Corazza, por que você não põe logo uma peruca? "Não, o mercado ficará nervoso". Daniel Patife, que tal tratar dessa sífilis de uma vez por todas? "Não sei, e se o mercado ficar nervoso?".

O mercado é uma entidade bem bichinha.

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

A IMPORTÂNCIA DE SER SIMPLISTA


Ao ministrar impactante palestra para jornalistas dissidentes da Cásper Líbero que migraram para a FIBO - Faculdades Integradas Ibotirama, na Augusta com a Fernando Albuquerque - disse o editor de SorryPeriferia que Oscar Wilde era uma bichinha.
O epíteto cunhado ao escritor inglês levou à loucura a bancada de Jornalismo Pansexual da casa, liderados pelo Professor Zigbniew Corizza, que organizou um motim como forma de protesto. Cadeiras voaram, bifes de fígado levemente faisandés foram arremessados e três prostitutas que procuravam clientes no balcão suicidaram-se pela comoção de momento.

Em verdade não há nada de errado em ser bichinha, o que também não influi no fato do grande figura humana e literária ser bom ou não. Da mesma forma, Adílson Maguila era um machão inveterado, porém péssimo boxeur.

Porque no fundo é tudo a mesma coisa. Fica aí a simplificação.