Um dos filmes mais chatos que vi na vida foi Magnólia, aquele um que falava, entre outras coisas, sobre coincidências bizarras. O sujeito que se joga do terraço de um prédio e, ao passar pela janela do apartamento em que vivia, recebe um tiro sem querer da mãe ou do pai, que brigavam (deste ponto em diante o filme só tende a piorar, tal qual uma novela colombiana. Não alugue). A partir disso se constrói toda a filosofia das vidas dos personagens.
Lembrei disso no acidente de Congonhas desta semana. Um avião da TAM passa o limite da pista e se choca contra um prédio que é da própria empresa. A coincidência é bizarra mas não é única. Lembro também de João do Pulo, que sofreu um acidente de carro e perdeu a perna, a ferramenta que usava para trabalhar. Morreu amargurado e com problemas de alcoolismo. O tenor José Carreras sofreu leucemia e teve a voz afetada durante algum tempo - à época diziam que ele jamais voltaria a cantar. A vida às vezes não tem a menor graça.
Mas eis que o aeroporto de Congonhas é reformado e volta às atividades normais. Na segunda, um avião da Pantanal derrapa na pista. E, no dia seguinte, ocorre a explosão da aeronave da TAM.
Primeiro foi o Datena, na TV Bandeirantes, enquanto as chamas corroíam os destroços, a esgoelar que a culpa do acidente era do governo e da Infraero, que não haviam cuidado da pista como deveria. As pessoas mal sabiam o que tinha acontecido, e lá estava ele apontando o indicador.
Depois, todo o resto. A imagens dos parentes das vítimas ao receber a noticia da tragédia era de chorar junto da TV. E estas imagens eram intercaladas por comentários sobre a incompetência do governo e da ausência de Lula para comentar a questão. Todos, a Folha, o Estadão, a TV Cultura, a Miriam Leitão (alcunhada por José Simão de “economista de churrascaria”) no Bom Dia Brasil ao William Waack, que abriu o Jornal da Globo de quarta-feira perguntando o motivo de o governo federal não ter explicado as causas da tragédia passado mais de um dia inteiro.
Na quinta-feira, a própria TAM diz que a pista não teve nada a ver com o sucedido. Dois acidentes na mesma semana no mesmo aeroporto não passaram de coincidência, tanto como o fato deste avião da TAM que deixou o aeroporto e bateu num prédio da própria empresa. O governo não se manifestou porque não sabia o que havia ocasionado o acidente, e não tinha outra alternativa a não ser esperar. O Jornal da Globo deveria ter feito o mesmo. Não fez.
Veja bem, o governo não é tão defensável assim. É possível que a reforma em Congonhas não foi lá essas coisas. Pior: o lobby das empresas aéreas fez com que ela fosse concluída antes do previsto. O governo falha nesta questão e não é pouco, e deve ser cobrado por isso. Mas o acidente não foi culpa de Lula e de seus assessores, como foi amplamente divulgado por 48 horas seguidas pela imprensa.
A mídia se farta de reformas gráficas, de mudanças, de campanhas de publicidade. Porém, no fundo, a essência continua a mesma: jornalismo é como salsicha. Se soubessem como é feito, ninguém comprava mais jornal, nem lia revista, ou site, ou qualquer coisa do gênero.
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