
Há mais coisas entre uma revista e seu leitor do que sonha o nosso vão Roberto Civita, já diria o jornaleiro ao seu freguês de 14 anos, de mãos peludas e espinhas na cara, que porventura comprasse uma revista de mulher pelada. Pois bem naquele cantinho entre o fígado e a alma me cai a ficha de que quase não existem mais revistas que dão prazer ao leitor pela qualidade do assunto e da escrita. O que vende é o que nas redações convencionou-se chamar de "prestar um serviço ao leitor", que é uma maneira pomposa de rotular a má e velha auto-ajuda.
Mas é claro que é isso, eu já sabia disso, já me diziam na faculdade. Mas só hoje, a andar pela Rua das Palmeiras e dar de cara com um pôster da Mensrelfe, - espécie de Nova Cosmopolitan para homens gordos e tarados - é que tive o insight, que pude enxergar o panorama da tristeza em toda a sua amplitude.
Eu já sabia que a Nova prega existir visando a mulher fatal que gosta do prazer e do seu corpo, mas na verdade é lida somente por balzacas taradas com problemas na balança que tentam agarrar em definitivo o novo namorado - o de número 28 neste semestre - pela putaria desenfreada (abre aspas: se a minha mãe lesse o que acabei de escrever, diria: "Esse mal educado não foi o menino que criei". Fecha aspas). Também sabia que a Playboy é comprada somente por adolescentes que levam a revista ao banheiro com o claro, único e solitário objetivo de descabelar o palhaço. Até aí, sem novidades.
Mas a primeira vez que vi um pôster dessa Mensrelfe, uma espécie de VIP marombada, pensei que ela não duraria dois meses. Só quem comprou o AB Shaper e fãs do Tony Little iriam comprá-la, o que corresponderia a umas cinco ou seis pessoas isoladas em vestiários sujos de academias. Acertei no varejo, errei no atacado: de fato, só marombados estúpidos querem ler a Mensrelfe, mas cerca de 56 mil pessoas o fizeram no último mês. E o número aumenta.
Vai ver quem não deu certo fui eu. Como diria Nietzsche: "a minha parte eu quero em pinga".
Pede perdão
Pela duração
Desta temporada
Mas não diga nada
Que me viu chorando
E pros da pesada
Diz que eu vou levando
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