1998. Na França, a Copa. Na província, o colegial. Dois mundos ligados pela tecnologia (espaço reservado para uma ode à modernidade que os mais apedeutas gostam de fazer). Era o Brasil que faria a abertura da Copa em Paris contra a Escócia de Sean Connery, que estava no Stade de France para assistir a partida e exibir a tatuagem com a inscrição "Scotland Forever" em seu braço. Eu já era fã de James Bond e bancava o durão, mas estava apaixonado por uma morena de pele bem branca, nariz empinado e pintinhas na face chamada Pâmela. Para mim todas as pessoas belas eram pâmelas, havia pâmelas em todos os lugares, e os olhos escuros e vivos dela ainda merecem lugar cativo na parede da minha memória.
E nada como um Mundial na França para quem está perdidamente apaixonado. Lembro que a escola nos liberou mais cedo, e eu fui batucando Le vie en rose em ritmo de samba até em casa, porque no dia anterior tinha visto um cara fazer igual na TV. Até a esquina fui acompanhado pelo amigo Ednílson Naripeta, o maior nariz que conheci e cujo apelido me gabo de ter fornecido. O Brasil ganhou da Escócia por 2 a 1, com gol estranhíssimo de Cafu. Antes da peleja, os escoceses entraram em campo de kilt para saudar sua torcida. Depois do jogo, o repórter da Globo na porta do estádio fez um link ao vivo e, atrás dele, vários escoceses bêbados fizeram um bundão coletivo.
Um mês depois, a França fazia três no Brasil, que não faria nenhum, enquanto a Pâmela tinha um affair com um jogador de vôlei da minha turma, rival de tamanho e de paixão desse reles escriba. Dizem que Ronaldinho teve uma convulsão antes da final. Eu também acabaria tendo a minha quando me peguei assim, tão desconsoladamente de coração partido.
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2002. Futebol não rima com Coréia nem com Japão. Talvez isso tenha relação com a pior fase da vida de um sujeito recém-chegado à faculdade e à cidade grande. Problemas de saúde e muito mais. A Copa passou em branco na minha cabeça. O melhor retrato daquela fase ocorreu no dia da final, após Cafu levantar a taça em Yokohama depois dos 2 a 0 na Alemanha. Queria comemorar a única coisa comemorável naqueles tempos pessoalmente difíceis. Peguei a bengala e fui devagarinho até a esquina de casa. No terceiro carro que passou buzinando, uma mulher enfiou a cabeça pra fora e gritou, olhos sarcásticos em mim:
- Ô Alemão! Enfia essa bengala no cu!
Voltei para casa em silêncio, divagando sobre os possíveis fatores que então me faziam inviável enquanto ser humano.
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2006. Arena de Munique lotada para ver Alemanha e Costa Rica abrirem a décima oitava Copa do Mundo. Mais ou menos assim:
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Desce o pano.
Foto: Flagrante de França x Brasil, 12 de junho de 1998, em Paris
Um comentário:
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