
Eu tento, juro que tento entender certos mistérios do homem humano. São as perguntas sobrenaturais que a razão não responde. Há vida após a morte? O Paraíso existiu mesmo ou Adão e Eva eram um casal de australopitecos? Será mesmo que derrubei pinga no meu diploma da Cásper depois de voltar do Ibotirama naquela noite?
Uma das questões que me devoravam é como as pessoas podem ser fãs de Guerra nas Estrelas. Mas eu decifrei-a esta noite. Veja bem, uma coisa é gostar da coisa, outra é ter palpitações pélvicas ao ver uma espada rosa-choque. É desta última categoria que eu quero saber. Para compreender a questão, acabo de desperdiçar duas horas ao telefone entrevistando uma fã incondicional da trilogia, que me contou como o cara da capa preta se transformou no cara da capa preta. Assim, eu poderia saber se de fato o enredo é tão atraente assim.
Incubo-me de resumir o que ouvi.
Existia uma princesa com cabelo preso no formato "chifres de carneiro" que era também senadora. Nunca vi uma princesa senadora, mas tudo bem, qualquer dia a gente leva a Heloísa Helena no Um dia de Princesa do Netinho e estamos aí com a verdade factual. Pois bem, essa princesa senadora tinha um nome estranho que já me esqueci. Batmi. Não, era Padmi. Cádmio, é isso. A Princesa Cádmio era apaixonada por um cocotão eleito pelas mulheres chamado Anaquem? Skywalker (traduzindo: andarilho do céu, ou seja, um Turu com milhagem da Varig).
Ele era treinado por um cara que, desconfio, era chegadão nele, um tal de Empadawan, que parece nome de jogador da Arábia Saudita da Copa de 94. Anaquem? Skywalker briga com esse cara, que fala umas coisas hostis dele pra Princesa Cádmio. Anaquem? então vai ter com ela, mas no caminho mata umas criancinhas, estupra umas velhinhas e come um yaksoba na Paulista.
Tem a cereja do bolo: a Princesa Cádmio está grávida de gêmeos. Então o Anaquem? chega nela cantando Roberto Carlos: "Eu te darei o céu meu bem, e o meu amor também", o que quer dizer que ele convida a dita cuja para conquistar o universo e 24 territórios a sua escolha. Influenciada pelo jogador da Arábia Saudita - o tal de Empadawan que é apaixonado pelo Anaquem? - a Princesa Cádmio se recusa. Não por ele ter matado umas criancinhas ou estuprado umas velhinhas, mas sim por ter comido o yaksoba da Paulista, que, convenhamos, é mesmo um tanto disgusting.
Aí o Empadawan parte pros finalmentes e corta os braços e as pernas do Anaquem? Skywalker (Adendo: se o filme fosse politicamente correto, a partir deste momento o sujeito deixaria de se chamar Skywalker. Fecha adendo). Então enfiam o que restou do pobre coitado e o entalam naquela armadura com a capa preta. A Princesa Cádmio fica tão triste com o desenrolar da trama que acaba morrendo de tristeza. Ou seja, houve aí um plágio do Camilo Castelo Branco.
Pelo que entendi, ela morre sem dar a luz aos gêmeos, o que deve ter sido bom. Se eles nascessem, além de gerar mais uns três filmes insuportáveis, dada a qualidade obtusa do material relatado, provavelmente eles seriam os substitutos dos Gêmeos do H. Como diria o sociólogo Luciano Huck: "Loucura, loucura!".
Conclusão: não vela um piparote. Agora me dê licença que tá começando um filme do Bud Spencer e do Terence Hill.
Nenhum comentário:
Postar um comentário