
Caros,
reza a lenda que momentos antes de morrer, Ludwig Van Beethoven olhou pela última vez para as partituras que forravam seu piano e encheu de lágrimas os próprios olhos. Beethoven pressentia ser aquela a última visão daquilo que mais representava sua vida, e tinha consciência do quão grandiosa ela havia sido. Momentos depois Ludwig deitou tristonho em seu leito e pereceu, com a brisa da manhã a entrar pela janela, ao som do canto triste das cotovias.
Em verdade essa lenda é uma mentira estapafúrdia inventada por mim agora mesmo com o único objetivo de parecer mais culto. Se não me engano, o dito cujo aí em cima morreu doidivanas, com um sério problema de incontinência urinária e intestinal, e me corrijam os que realmente sabem da história. Mas, convenhamos, o meu fim tem mais glamour.
Pois bem. Todo mundo tem um pouco de Beethoven. No meu caso, compartilho com o mestre um pouco da surdez e olhe lá - ah, esses malditos rolhões de cêra de ouvido. Taí uma hipótese: se já existisse naquela época essas pistolinhas d´água que os médicos usam pra limpar nossos ouvidos, talvez a história de Beethoven tivesse sido mais feliz.
Posto o intróito sem sentido, digo que convém uma pausa. Ah se convém uma pausa. Neste blog. Duas semanas, quatro talvez. Ele está cansado. Foi-se a espontaneidade, a risada boba das linhas imprevistas. Há hoje aqui uma fuga do que sempre quis fazer, que pode ser retratado por uma sucessão de posts com textos quadrados, compridos e prolixos.
Tentemos mais tarde, portanto. Voltarei, não há dúvidas, porque escrever é minha terapia automática e intransponível. É o que eu faço quando estou nervoso. É o que eu faço quando estou triste. É o que eu faço quando estou feliz. Aproveitemos o momento de anomia e reflexão pelo qual passa o editor do blog, que sente suas energias esgotadas. Utilizando um linguajar freicanéico: bad vibe.
O editor de SorryPeriferia sempre foi um autista por opção, mas sente que atingiu um extremo nas últimas cinco ou seis semanas. Uma estafa passageira e sem sentido, causada pelo absolutamente nada somado ao excesso diário de internet. Nóia. Como diria o filósofo Wander Wildner, "não consigo ser alegre o tempo inteiro". Logo, ele se recolhe ao seu porto metafísico - o copyright desta expressão não é meu - para voltar muito em breve tinindo as energias, como em tempos recentes. Assim voltará a escrever, porque mais do que nunca ele precisa disso para pagar suas contas. E então voltará, de preferência se referindo a si mesmo na primeira pessoa, porque ele abomina quem escreve sobre si na terceira, como agora está fazendo só por pirraça.
Enfim, deselegante.
Portanto, masoquista leitor, este blog volta em algumas semanas. Com um visual novo, talvez, e com idéias novas, reinventado. Para quem gosta dele, convém aguardar. Para quem não gosta, resta o consolo de poder admirar a foto acima, da insofismável Catherine Zeta-Johnes, eterno colírio que carregarei para o além-vida. Errei: além da parcial surdez, tenho de Beethoven também a minha amada imortal. Ela fica aí em cima enquanto não retorno a escrever, espantando as más energias.
A gente se vê por aí,
Lives.
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