sexta-feira, 30 de julho de 2004

WHEN YOU GET THE CHANCE, YOU ARE THE DANCING QUEEN

É notório que só é possível elogiar Felipe Corizza em um terreno baldio, na presença única e discretíssima de uma cabra vadia, já diria Nelson Rodrigues. Mas devo-lhe dar meus parabéns por seduzir Boris Casoy e conseguir um emprego na Rede Record. Ambos se conheceram na festa de aniversário da Eliana, trocaram olhares furtuitos e logo estavam dançando Besame Mucho coladinhos. A noite terminou no apê de Boris, com muita champanhe, morangos e, óbvio, carícias. 
Como diria o conluio entre Edson Flosi e o Bispo Macedo: "Bichona pode, mas desde que haja o dízimo". 
Parabéns.

quarta-feira, 28 de julho de 2004

PÂNICO NO METRÔ

Loucura. Insensatez. Estado inevitável. Embalagem de iogurte inviolável. Em uma fria noite de sexta-feira de julho, um personagem em questão desceu a escada rolante do metrô da Sé, que dá acesso à linha Jabaquara-Tucuruvi. Olhar compenetrado, passos rápidos levando sua enorme mala verde nos ombros até a faixa amarela que separa seus pés 46/47 da morte. Metrô é meio, uma aconchegante cama quente em Jundiaí é fim. 
Mas antes de chegar na faixa, sua mala escorrega pelo ombro direito. O personagem em questão então utiliza sua mão esquerda para ajeitá-la. Mas ele não pressente o que estava por vir. Após o ato de ajeitar a mala, sua mão esquerda volta para o lugar de origem. Foi quando ela encontrou pelo caminho uma massa fofa e cabeluda: 

- PLOFT! 

Foi o que os populares costumam chamar de uma autêntica "bolacha". Ao olhar para ver o que sua mão esquerda vitimou, o personagem em questão observa, pasmo, o que parecia ser uma garotinha de seis ou sete anos de idade caída dois metros longe, com as mãos abertas e a cara no chão. No instante imediatamente após o "ploft", as cerca de duzentas pessoas que estavam no fatídico local, incluindo a mãe da garotinha, calaram-se e viraram seus respectivos olhares para a menina no chão, a mão esquerda do personagem em questão e sua cara pasma. Estrondoso silêncio. 

- MANHÊÊÊÊ!!!!! O MOÇO GRANDE BATEU NI MIM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! BUÁÁÁÁÁAÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!! 

Gotas de suor se precipitaram na testa do personagem em questão: 

- Eu!? 

Pânico no metrô. Nosso anti-herói se vê com duzentos olhares carnífices apontados para si. Sim, para ele, o ogro assassino, o yet infanticida, o esbofeteador de bochechas rosadas. Flashes de sua vida começaram a pipocar por sua mente. Imagens dele ainda criancinha, feliz, sorridente, época em que nenhum moço grande esbofeteava suas bochechas. O personagem em questão então se sente como um Hermann Göring no Tribunal de Nüremberg, diante dos olhares de seus algozes e do juiz. Sim, havia um juiz ali no metrô naquele momento. É quando sua vista se desembaralha e ele se pega defronte à mãe da garotinha, na espera da sentença final: 

- Foi nada, menina. É você que não olha por onde anda. Levanta e vamo embora. 

Se todos os anjos do Paraíso tocassem simultaneamente suas trombetas, nem assim o personagem em questão conseguiria demonstrar sua sensação de alívio. Os olhares se dissiparam, e de vilão ele passou a ser novamente um ilustre desconhecido. Sua cama em Jundiaí nunca cumpriria tão bem seu papel como naquela noite. 

Os cães ladram, mas a caravana passa. 

sábado, 24 de julho de 2004

COPIANDO A IDÉIA DO ANGELI

Dois lugares que eu odeio... 

***O BANHEIRO DA CASA DO SABER - Pro sujeito que nunca freqüentou o toilette desta instituição yuppie-cultural, digo que ele é espelhado. Não, não é o compartimento da pia que é espelhado. O banheiro todo é que é. Você entra pela porta e dá de cara com outra, dois metros para a frente, que te leva ao vaso sanitário (estaria eu com vergonha de escrever "privada"?). Abrindo essa nova porta - cujo trinco é tão lustrado que dá dó de colocar a mão - você é recepcionado por um reluzente, esplendoroso e narcisista exemplar de louça sanitária, cercado de espelhos por todos os lados. Imediatamente você se sente na suíte de um daqueles hotelões-cassinos de Las Vegas que você viu em algum filme do Scorcese por aí. O ato? Sublime ato. Você então fica defronte ao vaso e, com sua parafernália genital em mãos, observa por todos os ângulos possíveis a sua expressão de alívio enquanto sua bexiga se esvazia na mesma proporção em que o gargalo da louça se enche. E fica lá imaginando, por um momento, se o decorador que projetou aquilo não pensava ser uma espécie de Midas que urinava ouro diante de dezenas de olhares complacentes de si mesmo. 
O flush? Ah, o flush (descarga seria a palavra exata, mas ela não corresponde ao glamour narcisatamborendesco que tento passar aos leitores, tão sedentos por cultura logístico-sanitária). Imediatamente após acionar o botão do flush, ouve-se um marulhar suave, quase uma salva de palmas para o maestro que executou um último ato. E você sente a necessidade de saudar a todos os lados, agradecendo aquele enorme público de você mesmo que flagrou este momento tão íntimo e, até o acabamento do banheiro da Casa do Saber, tão frívolo. 

***O ESTACIONAMENTO ALOHA PARK - Atire a primeira pedra o sujeito que nunca foi de carro para a Abril e estacionou no Aloha Park. Trata-se, antes de tudo, de um estacionamento temático. E, como o nome já diz para você que assistia filmes de surfista nas tardes do Cinema em Casa, o tema é o Havaí. É. Na entrada, dois sujeitos com o olhar permanentemente vermelho e dilatado fazem as vezes da casa para o ilustre motorista: 
- E aí? 
Você então se pergunta porque resolveu estacionar seu carro no Aloha Park. Mas quando um deles diz "Sete mangos, ok?", você lembra que é o lugar mais barato da região. Você então deixa seu carro e entrega a chave para um deles, resmungando com seu inconsciente por ser pobre e não poder pagar um estacionamento mais caro. Quando aqueles olhos vermelhos e dilatados entram no veículo para colocá-lo na vaga, você se despede, mas vai devagar e finge cair uma moeda no chão, só para poder dar uma espiadinha para trás e ver se o dito cujo não vai deslizar seu carro na parede, como se fosse uma prancha no mar de Honolulu. 
Na volta, você é recepcionado com as duas únicas palavras que parecem compor o dialeto local: 
- E aí? 
Você paga e, de repente, surge a cereja do bolo: um enorme pitbull, também com os olhos vermelhos e dilatados, preguiçosamente funga em seus joelhos. Você então lança aquele seu olhar de súplica de Jesus Cristo na Sexta-Feira da Paixão para a dupla de surfistas, para que alguém tome uma atitude e tire o focinho do animalão de seus joelhos. Mas os olhares de ambos estão dilatados e acabam por nem notar o que se passa. O animalão, então, cansado do cheiro de suor de sua pele - você está suando de medo, é claro - dá as costas e conduz a malemolência de seu corpanzil para o canto em que estava deitado antes da chegada de seu par de joelhos. 

E um que adoro... 

Eu adoro o apê da Laura. 

BACK AGAIN

Tavinho Frias e Tio Civita, sócios do UOL, bem que tentaram, mas não conseguiram me calar. Homens-bomba pularam o muro israelo-palestino e morreram em protesto contra o UOL e seu limite de caracteres. Abraçaram soldados israelenses, gritaram "Pelo fim da ditadura dos 500 toques!" e explodiram. Mas a causa destes homens não foi em vão: graças a Rodrigo Martins, o Joselito, agora tenho um veículo de comunicação à margem do universo online conhecido (trocadilho besta). 
O fato é que ele construiu sozinho isso aqui, escolheu toda a decoração e me entregou a chave nas mãos. Me sinto contemplado pelo carnê do Baú. Dei uns toques finais, e ele arrumou tudo certinho. Até a charge aí do lado ele escolheu. E eu gostei. 
Joselito: eu queria ter uma avó como você. Como diria Millôr Fernandes, você nasceu em São Paulo, mora em São Paulo, mas está muito acima disso.